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Saúde

Covid: suspensão da vacinação de adolescentes divide Estados

Ministério da Saúde orientou que sejam vacinados aqueles com comorbidades ou privados de liberdade.

A decisão do Ministério da Saúde de tirar adolescentes de 12 a 17 anos sem comorbidades da lista de grupos para os quais a vacinação contra a covid-19 é recomendada foi recebida de diferentes formas. Enquanto Estados como Mato Grosso do Sul e Santa Catarina, além de cidades como São Paulo e Vitória, pretendem manter o cronograma de imunização de menores de 18 anos, parte dos governos estaduais e prefeituras irá seguir a nova determinação do ministério. Há ainda os que aguardam maiores definições.

Por meio de nota informativa divulgada na noite desta quarta-feira, 15, o Ministério da Saúde orientou que sejam vacinados só os adolescentes com comorbidades ou privados de liberdade. O uso da vacina da Pfizer nesta faixa etária foi autorizado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e já estava sendo praticado em alguns Estados. Segundo coletiva de imprensa realizada pelo ministério, um dos motivos da suspensão seria a investigação do óbito de um adolescente, mas não há correlação comprovada com a vacina.


O secretário de Saúde do Espírito Santo, Nésio Fernandes, criticou a determinação do ministério. Após classificar a nota do ministério como “vaga”, ele disse que a vacinação de menores de 18 anos está mantida no Espírito Santo até nova posição da “Anvisa”. Em nota, a capital do Estado, Vitória, informou que prossegue a vacinação de adolescentes de 12 a 17 anos sem comorbidades.

A mesma posição foi tomada pelo Mato Grosso do Sul, Estado cuja vacinação completa é a mais avançada do País: mais de 50% dos moradores do MS já receberam duas doses ou dose única de vacinas anticovid. Em nota, o governo estadual informou que a vacinação de adolescentes de 12 a 17 anos está mantida e destacou, além da “grande adesão dos adolescentes na campanha de imunização”, que não foi registrado efeito adverso grave em menores de idade que foram vacinados no Estado.

Líder na vacinação com primeira dose, com mais de 77% da população parcialmente imunizada, o governo de São Paulo disse que a vacinação de menores de 18 anos prossegue no Estado. “Nós não faremos esse equívoco em São Paulo. Aqui nós vamos continuar a vacinação”, disse o governador João Doria em vídeo publicado nas redes sociais. Em nota, a Prefeitura da capital paulista reforçou que a vacinação contra covid-19 para adolescentes de 12 a 17 anos que ainda não tenham recebido a primeira dose segue acontecendo normalmente nesta sexta-feira, 17.

Secretário municipal de Saúde de Florianópolis, Carlos Alberto Justo da Silva relatou ao Estadão que, após reunião realizada na tarde desta quinta-feira, 16, Santa Catarina decidiu pela manutenção do parecer anterior, que previa antecipar o espaçamento entre doses Pfizer para oito semanas e também vacinar adolescentes sem comorbidades. Segundo o secretário, o Estado ainda enviaria uma nota ao Ministério da Saúde, solicitando revisão da nota informativa divulgada na quinta.

“O mundo inteiro está vendo a importância da vacinação dos jovens de 12 a 18 anos por eles serem elementos importantes no processo de disseminação”, destacou o secretário. “O que nós precisamos é ter o mais rápido possível 90% da população protegida. E a vacina da Pfizer se mostrou altamente aconselhada”, complementou, dizendo que não “há nenhum motivo técnico plausível para não haver a continuidade da vacinação dos adolescentes”.

O governo de Pernambuco informou que o secretário de Saúde do Estado, André Longo, lamentou a decisão do Ministério da Saúde, que, segundo ele, destoa da realidade da campanha de imunização do País. Por ora, o Estado informou que não pretende suspender a aplicação da Pfizer em adolescentes acima dos 12 anos. A prefeitura do Recife disse que aguardaria a decisão do Comitê Técnico Estadual sobre a vacinação de adolescentes. “Até essa definição, não haverá a suspensão de nenhum agendamento para esse grupo”, apontou.

O governo do Rio Grande do Sul, por sua vez, informou que já havia distribuído aos municípios do Estado doses da Pfizer para vacinar adolescentes sem comorbidades com 17 anos. Desse modo, irá prosseguir a imunização desse grupo. Por conta da nota do ministério, o Estado informou que, para as faixas etárias mais jovens, ainda fará “nova avaliação”. O governo do Pará informou que uma comissão técnica da Secretaria de Saúde do Estado ainda avalia o caso.

Enquanto espera posicionamento oficial da Anvisa, o governo do Maranhão disse que irá manter a vacinação do público adolescente com e sem comorbidade. O Rio de Janeiro, por sua vez, afirmou que aguardaria posicionamento do Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass) e também a resposta do governo federal para se posicionar sobre a continuidade da vacinação em adolescentes sem comorbidades. A pasta enfatizou a importância de avançar com a vacinação para proteger não só as pessoas com maior risco de agravamento da covid-19, como também reduzir a circulação do vírus.

O governo de Minas Gerais destacou, em nota, que segue as recomendações do Programa Nacional de Imunizações (PNI). “Neste momento, a orientação é que a vacinação contra a covid-19 dos adolescentes de 12 a 17 anos seja para os com deficiência permanente, com comorbidades, os privados de liberdade, bem como as gestantes, as puérperas e as lactantes, com ou sem comorbidade”, reforçou a pasta. A capital do Estado, Belo Horizonte, disse que irá seguir a determinação do Ministério da Saúde.

Em publicação nas redes sociais, o governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha, informou que, “por precaução”, decidiu seguir a recomendação do Ministério da Saúde e suspender a vacinação para adolescentes. “Vamos aguardar as novas orientações do Ministério da Saúde, que nos informará, ainda nesta sexta-feira, como prosseguir”, escreveu. Pelo Twitter, o governador do Alagoas, Renan Filho, divulgou que a vacinação de adolescentes sem comorbidade está suspensa no Estado.

A prefeitura de Curitiba destacou que segue o plano de vacinação criado pelo Ministério da Saúde e “executa conforme a destinação e a quantidade de doses enviadas pelo governo federal”. Não especificou, contudo, quais serão os impactos que a nota informativa irá acarretar no plano de vacinação da cidade. Já as cidades de Salvador e Natal já mandaram parar a vacinação de menores de 18 anos sem comorbidades. A reportagem ainda segue buscando retorno de outros Estados e capitais.

Por meio de ofício, o Conass e o Conasems (Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde) solicitaram “imediato posicionamento da Anvisa sobre a autorização para uso da vacina em adolescentes de 12 a 17 anos”. Os conselhos esclareceram que “existe o entendimento de que a vacinação de adolescentes cumpre importante papel na estratégia de controle da pandemia no Brasil”.

A Anvisa informou na noite desta quinta investigar uma suspeita de reação adversa de uma adolescente, que morreu após tomar a vacina da Pfizer. Destacou, porém, não haver elementos suficientes para estabelecer a conexão entre o óbito e o uso do imunizante. Apesar de o Ministério da Saúde ter recomendado a suspensão da aplicação da vacina em adolescentes sem comorbidades, o órgão regulador manteve a liberação do produto para essa faixa etária.

A Pfizer apontou, em nota, que “está ciente de relatos raros de miocardite e pericardite, além de outros possíveis eventos adversos”, após a aplicação da vacina contra a covid-19. Segundo a empresa, o acompanhamento e monitoramento desses casos é levado “muito a sério”, de modo a garantir a segurança do imunizante. A organização mencionou ainda estar acompanhando um caso de óbito registrado em São Bernardo do Campo, região metropolitana de São Paulo. Porém, segundo a empresa, não foi estabelecida qualquer relação causal com a vacina.

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