O ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, disse que negocia uma "permuta" de doses de vacinas para covid-19 com os Estados Unidos para conseguir antecipar a chegada de lotes ao Brasil. Em audiência pública no Senado, o cardiologista também citou negociação com a Pfizer por mais doses.
Queiroga não detalhou como seria essa permuta. Ele afirmou que ainda está em negociações com o governo de Joe Biden."Amanhã vou receber o embaixador dos Estados Unidos. Estamos muito empenhados em conseguir uma antecipação, uma troca. Os americanos não vão liberar vacinas antes de que tenham vacinado toda a sua população, mas eles aceitam fazer uma permuta", disse o ministro na sua primeira reunião no Congresso Nacional.
Em seguida, Queiroga disse que pode adquirir mais doses da Pfizer e sugeriu que a negociação com os EUA envolve lotes da farmacêutica. "Como já adquirimos da Pfizer, e hoje fiz uma reunião com a Pfizer e vamos adquirir mais, então vamos fazer uma permuta. Ver se conseguimos umas 20 milhões de doses, para ver se fortalecemos nosso programa de imunização", disse ele.
O ministério assinou contrato de 100 milhões de doses da Pfizer, que devem começar a chegar ao Brasil no próximo mês. A Saúde informou, mais cedo, que Queiroga pede a antecipação de cerca de 50 milhões de doses.
Aos senadores, o ministro disse que as negociações com a indústria são "duras". Ele cobrou engajamento das empresas farmacêuticas na crise sanitária e afirmou que esse tipo de ajuda será uma contrapartida para a incorporação de novas tecnologias, como medicamentos, ao SUS. "Quer ter acesso ao SUS, vai ter de nos atender agora nessa dificuldade sanitária."
Feriado preocupa
Queiroga afirmou ter preocupação sobre a queda de isolamento da população durante o feriado de Páscoa. "Temos de comunicar a sociedade de maneira clara, que eles têm de colaborar com autoridades sanitárias para que consigamos reduzir essa contaminação", disse.
O ministro voltou a defender o uso de máscaras e o distanciamento social. Ele disse que o ministério fará uma campanha "forte" de conscientização. "Se todos os brasileiros usassem máscaras, teríamos efeito quase igual ao da vacinação. Usar máscara é uma obrigação de todos os brasileiros", disse.
Medicamentos e oxigênio
Queiroga também afirmou que espera em 15 dias receber da Organização Pan-Americana de Saúde (Opas) medicamentos usados para intubar pacientes, que poderiam criar um "estoque regulador". Ele também disse que a Saúde fará uma "campanha" sobre o uso racional de oxigênio medicinal.
O ministro disse que medidas mais "severas", como um lockdown, devem ser localizadas, e não generalizadas O cardiologista disse que é preciso "intensificar" orientação sobre uso de máscara e defendeu que o ministério lidere essas ações. "Temos que fazer uma campanha não para prender a população que não está usando máscara, mas para convencê-los que o uso da máscara é fundamental", disse o ministro.
Ele também afirmou que é preciso saber se pacientes com planos de saúde estão internados em leitos do SUS, para que sejam transferidos a unidades privadas.
Senadores aprovam
Diferentemente de seu antecessor, o general Pazuello, que recebeu críticas de senadores durante uma audiência, em fevereiro, Queiroga foi elogiado pelos parlamentares. O senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) disse ter ficado satisfeito com a fala do ministro, que defendeu uso de máscara e distanciamento social. "Estou com o senhor", afirmou Rodrigues. Queiroga também foi elogiado pela senadora Katia Abreu (PP-TO), uma peça-chave na crise que levou Ernesto Araújo a entregar o cargo de ministro das Relações Exteriores.
O ministro repetiu que a previsão é receber 535 milhões de doses da vacina até o fim do ano. Ele disse que a meta é disponibilizar a maior parte dos imunizantes nos próximos três meses.
Vacina no setor privado
Queiroga disse que não vê "óbice" para a compra de vacinas contra a covid-19 pela rede privada. O cardiologista afirmou que a Saúde está com "portas abertas" para tratar destas compras, mas alertou que é preciso observar regras da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), além de legislação que determina a doação de até todo o volume ao SUS.
"Há barreiras legais, aspectos regulatórias no âmbito da Anvisa que devem ser observados, sob pena de se fragilizar o processo regulatório brasileiro, abrindo a porta para outras tipos de ações que podem vulnerabilizar o nosso Sistema Único de Saúde", afirmou Queiroga durante sua primeira fala no Congresso após ser nomeado.
O cardiologista defendeu que a vacina para a covid-19 seja inserida no rol de cobertura dos planos de saúde, mas ponderou que a decisão será da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS).
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