O tratamento precoce com plasma sanguíneo de pacientes já recuperados da covid-19 reduz o risco de casos graves da doença em idosos, mostrou um estudo de cientistas argentinos publicado nesta quarta-feira, 6, no periódico científico New England Journal of Medicine, um dos mais importantes do mundo.
A terapia com plasma convalescente é estudada há anos para várias doenças e é tema de estudos clínicos contra a covid desde os primeiros meses da pandemia. A hipótese é que o composto ajuda na recuperação dos doentes por já conter anticorpos desenvolvidos por outros pacientes.
No estudo argentino, conduzido por pesquisadores da Fundación Infant, a terapia se mostrou benéfica quando administrada nos primeiros dias de sintomas e quando o plasma usado tinha alta concentração de anticorpos.
Participaram dos testes clínicos 160 pacientes maiores de 65 anos. Metade deles recebeu o tratamento e a outra metade, o placebo. A terapia foi administrada em até 72 horas após o início dos sintomas. O estudo foi randomizado e duplo-cego, ou seja, os participantes de cada grupo foram escolhidos por sorteio e nem eles nem os investigadores sabiam qual doente fazia parte de cada braço da pesquisa. O método é considerado padrão ouro da pesquisa clínica porque evita possíveis distorções nos resultados.
No grupo que recebeu o plasma, 13 dos 80 (16%) participantes desenvolveram um quadro severo de covid-19. Já no grupo que recebeu o placebo, o número de pessoas que tiveram o agravamento do quadro foi quase o dobro: 25 de 80 (31%), o que, de acordo com o estudo, indica que o tratamento reduz em 48% o risco de complicações.
"A Fundación Infant identificou dois fatores essenciais para que o plasma convalescente seja eficaz: deve ser administrado dentro de 72 horas após o início dos sintomas e o plasma deve ter uma alta concentração de anticorpos. Se essas condições forem cumpridas, o tratamento pode diminuir a necessidade de oxigênio pela metade. Os resultados são especialmente relevantes considerando que o ensaio envolveu 160 pacientes com 65 anos ou mais, incluindo aqueles com comorbidades que os colocam no grupo de risco para covid-19", destacou a instituição, em nota sobre o estudo.
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