Além do presidente Jair Bolsonaro, outros 36 servidores estão afastados das funções do Palácio do Planalto por estarem contaminados com a covid-19. Os dados mais recentes da Secretaria-Geral da Presidência, do dia 10 de julho, indicam 128 casos na sede do governo, onde trabalham 3.400 pessoas. No balanço anterior, com informações do dia 3 de julho, eram 108 infectados. Ou seja, no intervalo de uma semana foram confirmados mais 20 casos da doença, uma média de quase três novos por dia.
O primeiro caso de covid no Planalto foi confirmado no dia 12 de março, quando o chefe da Secretaria Especial de Comunicação (Secom), Fábio Wajngarten, testou positivo após voltar de viagem aos Estados Unidos com a comitiva presidencial. Até o dia 20 de maio, o total de contaminados era de 35, conforme informações obtidas pelo Estadão por meio de Lei de Acesso à Informação. Portanto, a propagação do vírus se deu após essa data, quando houve mais 93 contaminações, ou seja, 72% do total das infecções num intervalo de 50 dias.
Bolsonaro foi diagnosticado com a covid-19 no dia 7 de julho. Na quarta-feira, 15, o presidente confirmou que realizou um novo exame que apontou que ele seguia infectado pelo coronavírus. “Então a gente espera que nos próximos dias faça um novo exame e, se Deus quiser, dê tudo certo para a gente voltar logo à atividade”, afirmou.
Após o resultado positivo de Bolsonaro, o Planalto não recomendou quarentena de pessoas que tiveram “simples contato” com o presidente, contrariando o que defendem infectologistas. “A orientação que damos aos servidores é procurar assistência médica quando apresentarem sintomas relacionados à covid-19, para avaliar necessidade de testagem. Nos casos considerados suspeitos, os servidores são orientados a ficar em casa até o resultado do exame”, afirmou o Planalto na ocasião.
O presidente segue despachando do Palácio da Alvorada e fazendo reuniões por videoconferência. Na residência oficial, Bolsonaro tem sido acompanhado diretamente por auxiliares que já foram contaminados pela doença, como é o caso do ajudante de ordens, major Mauro César Barbosa Cid. Durante o dia, o chefe do Executivo também costuma sair para tomar sol na área externa do palácio e tem acompanhamento diário do médico da Presidência, o cardiologista Ricardo Camarinha.
Bolsonaro atribuiu sua melhora ao uso da hidroxicloroquina desde os primeiros sintomas. O medicamento não tem eficácia comprovada e os riscos de efeitos colaterais ainda são desconhecidos. O presidente também afirmou que não está recomendando o uso do medicamento e pediu para que pacientes sigam as orientações de seus médicos. “Então, eu não recomendo nada. Eu recomendo que você procure o seu médico e converse com ele. O meu, no caso, médico militar, foi recomendado a hidroxicloroquina e funcionou. Tô bem, graças a Deus.” O Estadão revelou, na semana passada, quem são os empresários que lucram com a cloroquina, que teve alta de 358% no consumo após o início da pandemia.
O aumento de casos no Planalto segue a tendência de ascensão da doença no Distrito Federal que já registra 77.620 contaminações, segundo dados de 16 de julho. As restrições impostas pelo governador Ibaneis Rocha (MDB) para incentivar o isolamento social passaram a ser flexibilizadas desde o mês passado e nesta semana bares e restaurantes voltaram a funcionar.
De acordo com dados compilados pela Secretaria de Gestão e Desempenho de Pessoal do Ministério da Economia, já testaram 1.811 servidores federais testaram positivo para covid-19. A pesquisa, no entanto, foi respondida por menos da metade (48,71%) das unidades administrativas federais de gestão de pessoas. Com isso, a informações fornecidas se referem a 162.202 servidores ativos, o equivalente 58,52%. Esses dados, até o dia 10 de julho, também não incluem os servidores das instituições federais de ensino.
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