O Ministério da Saúde estuda mudar a recomendação para que máscaras sejam usadas também por pessoas que não tenham os sintomas da covid-19. Por enquanto, a pasta segue a orientação da Organização Mundial da Saúde (OMS), que indica o uso de máscaras faciais descartáveis apenas para profissionais da saúde, cuidadores de idosos, mães em fase de amamentação e pessoas diagnosticadas com o coronavírus.
Na noite desta terça-feira, 31, o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, disse que o ministério prepara um protocolo para produção de máscaras de TNT (Tecido Não Tecido) e seu uso por pessoas que não atuem na área da saúde e que não apresentem os sintomas da doença.
O uso de máscaras pela população para reduzir o contágio do novo coronavírus ganha força entre países da Europa e nos Estados Unidos e pode ter feito a diferença no ritmo mais lento no espalhamento da doença, apesar de não existirem estudos científicos que comprovem essa correlação.
Artigos recentes de especialistas publicados nos jornais The New York Times e Washington Post afirmam que, apesar de a OMS não recomendar o uso universal de máscaras, países que adotaram essa conduta por conta própria tiveram redução da disseminação da doença.
Uma das evidências apontadas nesses artigos é que Hong Kong, Mongólia, Coreia do Sul e Taiwan, onde a população já tem o costume de usar máscara nas ruas, estão com o surto sob controle, mesmo estando muito próximos da China, o epicentro da pandemia. Em Praga, na República Tcheca, o governo exigiu o uso de máscaras para retardar o espalhamento do vírus.
Controvérsia
Apesar das indicações nesse sentido, o tema é controverso até mesmo entre os profissionais da saúde. “Não tenho opinião nenhuma sobre o uso da máscara pela população em geral e a diminuição da disseminação da doença, e eu só falo sobre coisas que há dados científicos”, afirma Fernando Reinach, biólogo e professor aposentado da Faculdade de Bioquímica da Universidade de São Paulo e colunista do Estado. Ele aponta que um dos problemas de recomendar o uso universal de máscaras seria a falta do equipamento para as pessoas que realmente precisam dele, que são os profissionais da saúde.
A alternativa, neste caso, como já ocorre em outros países, é produção de máscaras caseiras, usando camisetas e outros tecidos e até filtros de coador de papel.
No vídeo abaixo, o professor da USP Henrique Eisi Toma sugere a produção de uma máscara possível de ser feita em casa.
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