Instalada nesta terça-feira, 27, a CPI da Covid do Senado Federal já definiu o primeiro nome que irá ouvir: o ex-ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta. O presidente do colegiado, Omar Aziz (PSD-AM), anunciou um acordo para que o depoimento ocorra na próxima terça, dia 4. Os integrantes do colegiado devem oficializar o plano de trabalho e votar o cronograma em uma nova sessão nesta quinta-feira, 29.
Dessa forma, Mandetta deve ser a primeira autoridade a ser chamada para prestar depoimento na CPI. Senadores querem ouvi-lo sobre possíveis atos do presidente Jair Bolsonaro nos primeiros meses da pandemia do novo coronavírus. O ex-ministro foi demitido em abril do ano passado após discordar do presidente.
Renan propôs que o atual ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, e os demais ex-ministros da pasta, Nelson Teich e Eduardo Pazuello, também sejam convocados. O relator também quer ouvir o presidente da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), Antonio Barra Torres, sobre a atuação da agência na crise. Essas convocações, porém, ainda precisam ser aprovadas pela maioria da CPI.
O plano de trabalho apresentado por Renan, que ainda receberá sugestões até amanhã, prevê ainda uma série de requerimentos de informações que colocam o governo Bolsonaro no alvo. O senador do MDB quer pedir informações ao governo federal sobre o processo de compra de vacinas, as medidas de isolamento social e a distribuição de medicamentos sem eficácia comprovada, além do repasse de verbas federais. Inicialmente, a intenção é monitorar os repasses de recursos financeiros para os governos estaduais e as prefeituras de capitais.
O relator da CPI também propôs solicitar informações sobre o inquérito das fake news ao Supremo Tribunal Federal (STF) e as apurações feitas até o momento pela CPMI das Fake News no Congresso, que está suspensa durante o funcionamento remoto do Legislativo. Em seu discurso durante a instalação, Renan afirmou que intimidações não "deterão" os integrantes da CPI. Pedidos para autoridades do Amazonas sobre o envio de recursos e suplementos de socorro a paciente também devem ser solicitados, conforme proposta de Renan.
O emedebista também rebateu os argumentos de governistas de que a investigação se transformará em um palco político contra Bolsonaro. "Esse discurso que a CPI vai politizar é um discurso para inglês ver. Quem tem politizado é o governo", disse Renan, citando a decisão da Justiça Federal do Distrito Federal que barrou a escolha dele como relator. A ação foi apresentada pela deputada Carla Zambelli (PSL-SP), aliada de Bolsonaro, e foi derrubada nesta manhã, após recursos do Senado e do MDB.
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