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Política

Na eleição na Câmara, Arthur Lira e Baleia Rossi buscam apoios no ‘varejo’

Líder do Centrão tem 176 votos declarados e emedebista, 112, mostra placar do ‘Estadão’ .

Com 176 votos declarados na disputa na Câmara, segundo o placar do Estadão, o candidato do Progressistas, deputado Arthur Lira (AL), disse neste sábado, 16, que está “focado” em ouvir todos os parlamentares para que a Casa “volte a ser sinônimo do ‘nós’, e não do ‘eu’, como é hoje”. “Continuarei trabalhando, ouvindo meus colegas e minhas colegas. O placar que importa é o do dia da eleição”, afirmou o líder do Centrão. A estratégia de buscar votos no “varejo” é a mesma de seu principal adversário, Baleia Rossi (MDB-SP), que tem 112 votos declarados. “Vamos construir maioria, deputado por deputado, deputada por deputada”, disse ele, minimizando sua desvantagem no placar.

Dos 513 deputados consultados pela reportagem, 182 não quiseram declarar apoio a nenhum candidato e 21 parlamentares não foram localizados. Além de Lira e Baleia, outros seis nomes se lançaram na eleição da Câmara e, juntos, somam 22 apoios.


Desde a publicação do placar, há dois dias, a campanha de Lira tem se mobilizado para que mais deputados manifestem voto no candidato. Muitos parlamentares, especialmente do PL, do Republicanos e do próprio Progressistas, passaram a dizer publicamente que apoiam Lira. Nesta sexta, 15, o líder do Centrão, que é o candidato do presidente Jair Bolsonaro, tinha 145 apoios declarados; no sábado, esse número foi para 176.

Há ainda um esforço para conquistar votos de PSB e PDT, além de obter o apoio formal do PTB, um dos dois partidos que ainda não se posicionaram na disputa – o outro é o Podemos. Neste sábado, a deputada Luísa Canziani (PTB-PR) declarou apoio a Lira no placar. O deputado do Podemos Igor Timo (MG) afirmou que seu partido está “analisando e discutindo um alinhamento para a melhor escolha”.

"Lira tem conseguido falar para o mercado e para o Parlamento. Ele assume compromisso, de fato, com a Agenda Brasil, com as reformas tributária e administrativa e com o pacto federativo. Eleição tende a ser muito mais dos parlamentares do que dos partidos", disse o deputado Silvio Costa Filho (Republicanos-PE).

‘Tranquilidade’. Ao comentar o placar, Baleia afirmou que vê o levantamento com “muita tranquilidade”. “Tenho conversado com cada um dos parlamentares, falando da importância de a Câmara ser independente, para que o parlamentar possa exercer o seu mandato na plenitude. Não é bom uma Câmara submissa, uma Câmara cartorial, que só carimbe o que vier do Executivo”, declarou o emedebista na sexta-feira, 15, após participar de almoço no Palácio dos Bandeirantes com o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e cerca de outros 20 deputados.

Baleia, que tem apoio de Maia, alegou que lançou sua campanha há pouco tempo. “Conseguimos o apoio de um bloco com 281 parlamentares. Portanto, temos uma construção partidária majoritária e vamos construir a maioria, com humildade, mas mostrando que, na política, nós podemos e vamos vencer esta eleição.”

Lira e Baleia têm histórico de votos alinhados ao governo ao longo da atual legislatura, como informou o Estadão. O compromisso de barrar a chamada pauta de costumes e de não descartar previamente a abertura de um processo de impeachment de Bolsonaro aproximaram o candidato do MDB de siglas da oposição a ponto de obter, mesmo sem unanimidade, o apoio da bancada do PT, que reúne 52 deputados.

A eleição na Câmara dos Deputados está marcada para o início de fevereiro – para vencer, o candidato precisa de pelo menos 257 votos.

Também disputam a sucessão de Maia, em candidaturas avulsas, os deputados Luiza Erundina (PSOL-SP), com 9 votos declarados; Marcel Van Hattem (Novo-RS), que tem 8 votos; Fábio Ramalho (MDB-MG), 2 votos; Alexandre Frota (PSDB-SP), 1 voto; André Janones (Avante-MG), 1 voto; e Capitão Augusto (PL-SP), 1 voto.

Cobrança. A interferência de Bolsonaro na eleição para o comando da Câmara e do Senado transformou a disputa em um “referendo” sobre o governo. Em campanha para angariar votos para Lira, o presidente recebeu na semana passada sete deputados em seu gabinete, no Palácio do Planalto.

O resultado da queda de braço no Congresso antecipa a correlação de forças para a disputa de 2022, quando o presidente pretende concorrer a novo mandato. Bolsonaro quer eleger Lira para ter o controle da Câmara, aprovar sua agenda e evitar eventual processo de impeachment. Na outra ponta, Rodrigo Maia pede votos para Baleia, em um bloco que quer derrotar Bolsonaro e impedir sua reeleição.

Nos últimos dias, Bolsonaro também cobrou de integrantes da bancada ruralista o respaldo a Lira, sob o argumento de que é preciso manter os bons resultados econômicos do agronegócio. O presidente entrou no jogo de forma mais agressiva depois que o presidente da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA), deputado Alceu Moreira (MDB-RS), declarou apoio à candidatura de Baleia.

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