O presidente Jair Bolsonaro afirmou nesta quinta-feira, 30, que desistiu de divulgar gravação de uma reunião com ministros em que o então titular da Justiça, Sérgio Moro, participou, no dia 14. Na ocasião, Bolsonaro cobrou do ex-juiz da Lava Jato que se posicionasse sobre prisões, consideradas por ele “ilegais”, de pessoas que furaram a quarentena imposta por prefeitos e governadores para evitar a propagação do novo coronavírus. O clima foi tenso.
Apesar de ter dito ontem que divulgaria para todos saberem como trata seus ministros, hoje o presidente afirmou ter sido a aconselhado em não tornar a conversa pública. "Último conselho que tive é não divulgar para não criar turbulência. Uma reunião reservada, então é essa a ideia. Talvez saia, mas por enquanto não", disse Bolsonaro pela manhã, em frente ao Palácio da Alvorada, antes de embarcar para Porto Alegre, onde participa de solenidade do Exército.
O presidente havia dito que sua intenção era mostrar que cobrava Moro a se posicionar sobre as detenções de cidadãos que quebravam as orientações de isolamento. "Não tem nada demais a maneira como me conduzi, como me referi ao ministro da Justiça tratando da questão de mulheres e senhores sendo algemados sem uma participação dele."
Bolsonaro também se defendeu mais uma vez das acusações sobre tentativas de interferência na Polícia Federal feitas por Moro na sexta-feira, 24, quando pediu demissão.
"A questão de interferência, para deixar bem claro ao senhor Sérgio Moro, o ônus da prova cabe a quem acusa. Ônus da prova cabe a quem acusa", disse. "Nenhum superintendente foi trocado, eu sugeri duas superintendências. Ele não concordou passou a ser dono de tudo e não aceitava qualquer sugestão, o ego falou mais alto a vida toda dele", afirmou.
O presidente destacou ainda que o ex-ministro "deixou a desejar" em sua atuação no governo. Ele indicou que Moro teria favorecido conhecidos de Curitiba para montar sua equipe no ministério. Como mostrou o Estado ontem, o recém-empossado ministro da Justiça, André Mendonça, deve fazer uma "limpa" na pasta e demitir a maioria dos integrantes da chamada "República de Curitiba".
"Ninguém nega o trabalho de Sérgio Moro na Lava Jato lá atrás. Um excelente juiz. Mas como ministro lamentavelmente deixou a desejar. Até priorizando, privilegiando, o pessoal que estava no Paraná, sem querer desmerecê-los", afirmou.
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