Demitido do Ministério da Cidadania, o deputado federal Osmar Terra (MDB-RS) pode se tornar solução do governo para melhorar a interlocução com o Congresso. O presidente Jair Bolsonaro entregará a ele a liderança do governo na Câmara. Ele substituirá o deputado Vitor Hugo (PSL-GO), que exerce atualmente exerce a função.
Além de Vitor Hugo, são atualmente escalados para exercer a função os senadores Eduardo Gomes (MDB-TO), líder no Congresso, e Fernando Bezerra (MDB-PE), no Senado. Eles trabalham em contato constante com o ministro da Secretaria de Governo, Luiz Eduardo Ramos, articulador político do Palácio do Planalto.
O líder do governo tem papel fundamental na negociação de projetos de interesse do Executivo no Congresso e, em alguns casos, ganham status semelhantes a de um ministro pela linha direta que possui com o presidente. O ex-senador Romero Jucá (MDB-RR), por exemplo, se tornou célebre ao exercer o cargo nas gestões dos últimos três presidentes - Luiz Inácio Lula da Silva, Dilma Rousseff e Michel Temer – e antecipar medidas e decisões do governo.
A ideia de Bolsonaro em escalar Terra seria dar a ele esse mesmo status, com a vantagem de ter um parlamentar experiente na função – o ex-ministro da Cidadania está em seu quarto mandato na Câmara. Gomes e Vitor Hugo, por sua vez, são iniciantes nos cargos que atualmente exercem.
Vitor Hugo é tido como um nome com pouca interlocução com as lideranças da Casa. De perfil técnico e de primeiro mandato, tem pouco traquejo político, raramente teve voz nas principais decisões do parlamento no ano passado. É, no entanto, um homem de confiança de Bolsonaro e chegou a se fortalecer recentemente ao articular a liderança do PSL para Eduardo Bolsonaro.
Durante a posse do novo ministro da Casa Civil, Walter Braga Netto, nesta terça-feira, 18, Bolsonaro sinalizou confiança em Terra, demitido na semana passada. Em seu discurso, o presidente comparou o governo a um tabuleiro de xadrez e disse que “nenhuma peça será deixada de lado”.
“Quero começar agradecendo trabalho do ministro Osmar Terra, meu velho colega de parlamento brasileiro, uma liderança ímpar, uma competência invejável. Se hoje mexemos no tabuleiro de xadrez, a certeza é que nenhuma peça será deixada de lado”, disse.
Bolsonaro seguiu sua fala dirigindo-se ao presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP). “Davi Alcolumbre, precisamos fortalecer o nosso relacionamento, assim como vocês para conosco. Osmar Terra nos ajudará e muito nessa missão. Ele sai do ministério como um vitorioso”, disse o presidente que ele e Terra continuarão “mais que amigos, unidos pelo destino do nosso Brasil.”
Demitido do governo, Terra esteve presente na cerimônia que deu posse ao ex-chefe da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, como titular do Ministério da Cidadania. A presença dos exonerados não é uma praxe. E o ex-ministro ainda fez um discurso de cerca de dez minutos elogiando o governo Bolsonaro.
Segundo interlocutores, Terra ao ser demitido adotou uma postura resignada, pois tinha objetivo de assumir alguma função do governo no Congresso. Ao ser comunicado do seu desligamento, Bolsonaro ofereceu ao ex-ministro um posto de embaixador, mas a proposta foi rejeitada porque implicaria na perda de mandato.
Na volta à Câmara na segunda-feira, 17, o ex-ministro disse que está à disposição dos colegas para ajudar na interlocução com o governo.
Resistência no Congresso
A estratégia de Bolsonaro em escalar Terra como líder do governo, no entanto, pode não ser a ideal para melhorar a interlocução entre Executivo e Legislativo.
Na avaliação de alguns líderes de bancada, Terra não manteve um bom relacionamento com o Congresso durante sua gestão no Ministério da Cidadania. Parlamentares relataram dificuldade de agenda com o então ministro. Sua postura quando estava no primeiro escalão pode dificultar seu relacionamento agora no chão do parlamento.
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