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Flávio Bolsonaro ataca juiz que autorizou operações contra Queiroz

Em vídeo divulgado nas redes sociais, senador insinua que filha do magistrado seria funcionária fantasma do governador.

O senador Flávio Bolsonaro acusou a filha do juiz Flavio Itabaiana de Oliveira Nicolau, da 27° Vara Criminal de ser funcionária fantasma do governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel (PSC). O magistrado foi responsável por autorização operação de buscas e apreensões que mirou endereços ligados ao parlamentar e seus ex-assessores na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj), incluindo Fabrício Queiroz.

“Sabe aonde a filha desse juiz, a Natália Nicolau, trabalha? Trabalha com o governador Wilson Witzel. É uma boquinha que parece ser boa, vocês podem investigar, pois eu ouço falar, não sei se é verdade, que ela não aparece muito por lá não”, insinua o senador. “Seria bom vocês investigarem se não tem uma funcionária fantasma no gabinete do governador que é filha desse juiz”.


Em nota, o governo do Rio afirmou que ‘o governador Wilson Witzel respeita as instituições, não interfere no trabalho de investigação policial, nem sobre o Ministério Público’. O Palácio das Laranjeiras esclareceu que Natália Nicolau trabalha na Casa Civil do Estado como Secretária II e que foi nomeada 15 dias antes da distribuição eletrônica do processo do senador ser distribuído ao pai da servidora, o juiz Flávio Nicolau.

Em vídeo divulgado nas redes sociais para ‘esclarecer’ as acusações do Ministério Público no caso das ‘rachadinhas’, Flávio afirma que o juiz Itabaiana Nicolau ‘virou motivo de chacota no judiciário do Rio’ por ter autorizado, em abril, a quebra de sigilo fiscal e bancário de mais de 90 pessoas. Segundo o parlamentar, Nicolau autorizou a ação ‘sem nenhuma fundamentação’.

“Esse mesmo juiz autoriza tudo que o ministério público pede sem sequer ter a preocupação e cuidado necessário para avaliar o que foi pedido”, afirmou Flávio. “Tenha cuidado para avaliar as coisas”.

Queiroz. Flávio Bolsonaro afirmou que não tem relação com os repasses de R$ 2 milhões identificados pelo Ministério Público nas contas de Queiroz. O valor é a soma de 483 depósitos feitos por servidores que trabalhavam em seu gabinete na Assembleia e, segundo o MP, seriam repasses de salário dos assessores no suposto esquema de ‘rachadinha’.

“O que eu tenho a ver com o que as pessoas fazem com o salário? Não importa, eu não tenho nada a ver com isso”, afirmou Flávio. O senador diz que Queiroz já declarou que parte dos recursos são dos familiares e que ele geria as contas da família. “Ele mesmo já falou isso”.

Bolsotini. Em relação à acusação de que sua loja de chocolates na Barra da Tijuca, a Bolsotini, seria usada para lavar dinheiro, o senador declarou não ter visto nenhuma irregularidade na aquisição e operação do estabelecimento. A promotoria acusa Flávio e sua esposa, Fernanda, de não terem ‘lastro financeiro’ para bancar o negócio, que teria custado R$ 1 milhão.

Segundo Flávio, toda a documentação e comprovantes foram informados na Declaração de Imposto de Renda e na Junta Comercia. “Não tem nenhum problema dela pagar uma parte dessa loja que a gente comprou, da mesma forma o meu sócio Alexandre, ele tem os comprovantes que fez os pagamentos direitinhos para a compra da loja”.

Flávio também afirma ser ‘natural’ o fato de receber a maior parcela de lucros da loja. Investigação do MP mostrou que, apesar de ter metade da cota da Bolsotini, dividindo a empresa com o empresário Alexandre Santini, Flávio recebia a maior parte dos lucros da franquia. Santini é acusado pelo MP de ser suposto laranja do casal Bolsonaro.

“Alguém tem alguma dúvida que eu levo mais clientes para a loja do que ele? Não é obviamente natural que na hora de distribuição dos lucros eu tenha uma parte maior? Qual o problema nisso”, afirma. “Estão me acusando de lavar dinheiro na loja. Isso é um absurdo, uma leviandade”.

Parentes e amigos. O senador também rebateu acusações de que seu amigo, o policial militar Diego Sodré de Castro Ambrósio, teria quitado aluguel de Flávio como parte do esquema de lavagem de dinheiro das rachadinhas.

“Pedi para ele pagar uma conta pra mim, um boleto, ele pagou e depois eu reembolsei”, alega Flávio, que também comentou a acusação contra servidores ligados à Ana Cristina do Valle, ex-mulher do presidente Jair Bolsonaro, que atuavam em Resende. “Os assessores nem sempre ficam fisicamente dentro do gabinete. Eles podem trabalhar em outras cidades, em bases eleitorais que nós temos. E eles trabalhavam!”

COM A PALAVRA, O GOVERNO DO RIO DE JANEIRO

– O governador Wilson Witzel respeita as instituições, não interfere no trabalho de investigação policial, nem sobre o Ministério Público.

– A advogada Natália Menescal Braga Itabaiana Nicolau trabalha hoje na Casa Civil do Estado como Secretária II.

– No cargo, é responsável pelo fichamento de processos, elaboração de ofícios, atendimento, organização da agenda e arquivos, entre outros serviços relevantes.

– A profissional é pós-graduada em processo Civil e Direito Civil e trabalhou em escritórios de advocacia, tendo, portanto, vasta experiência na área cível e de direito público.

– A nomeação de Natália na Casa Civil aconteceu no dia 1° de abril e foi publicada com erro no nome da profissional no dia 15 de abril. A ratificação foi publicada no dia 12 de agosto.

– Vale ressaltar que a nomeação da advogada ocorreu 15 dias antes da distribuição eletrônica do processo de Flávio Bolsonaro ao Juízo de Direito da 27° Vara Criminal, onde atua o pai da servidora.

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