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Política

Ex-governador Sérgio Cabral vira réu pela décima vez na Lava Jato

A denúncia foi recebida pelo juiz federal Marcelo Bretas, da 7ª Vara Federal Criminal, responsável pelos processos da Operação Lava Jato no Rio. 

A Justiça Federal no Rio de Janeiro aceitou, nesta sexta-feira (02), nova denúncia do Ministério Público Federal contra Sérgio Cabral, e o ex-governador se tornou réu pela décima vez. A denúncia foi recebida pelo juiz federal Marcelo Bretas, da 7ª Vara Federal Criminal, responsável pelos processos da Operação Lava Jato no Rio.

Cabral e outras cinco pessoas, incluindo o irmão e a ex-mulher do peemedebista, são acusados de crimes de lavagem de dinheiro em pagamentos de propina de 1,7 milhão de reais pela construtora FW Engenharia. O dinheiro sujo teria sido retirado de contratos com o governo do Rio durante a gestão do ex-governador, entre 2007 e 2014.


Os investigadores afirmam que a FW, do empresário Flávio Werneck, usou a empresa de fachada Survey Mar & Serviços Ltda para fazer pagamentos fracionados de propina às empresas Estalo Comunicação, de Maurício Cabral, irmão de Sérgio Cabral, Araras Empreendimentos, de Susana Neves, ex-mulher do peemedebista, e LRG Agropecuária, de Carlos Miranda, apontado como um dos operadores financeiros do esquema de corrupção liderado pelo ex-governador.

Os pagamentos aos prepostos de Sérgio Cabral, justificados pela emissão de notas frias, teriam sido operacionalizados pelo contador da construtora, Alberto Conde, que administrava a Survey, uma empresa supostamente dedicada a reparos e manutenção de computadores e registrada em nome da filha de Conde e de um ex-funcionário dele.

De acordo com a denúncia, a empresa de Maurício Cabral, uma agência de publicidade, recebeu da Survey, um cheque de 240.000 reais em 2011.

  • Foto: Fábio Motta/Estadão ConteúdoSérgio CabralSérgio Cabral

A empresa Araras Empreendimentos, de Susana Neves, foi beneficiária de 31 depósitos bancários pela empresa, que totalizam R$ 1,2 milhão, entre outubro de 2011 e dezembro de 2013. As transferências à empresa da ex-mulher de Cabral, que é mãe do deputado federal Marco Antonio Cabral (PMDB-RJ) e prima do senador afastado Aécio Neves (PSDB-MG), foram fracionadas em valores que variaram entre R$ 6 mil reais e R$ 56.310,00. Segundo os procuradores, a prática pretendia não chamar atenção de órgãos de controle, como o Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf).

Já a conta da empresa de consultoria de Carlos Miranda, LRG Agropecuária, recebeu R$ 193.850,00 da Survey por meio de quatro cheques depositados entre dezembro de 2011 e abril de 2012. Usada por Miranda para lavar dinheiro do esquema de corrupção no governo Cabral, a LRG chegou a faturar R$ 2,3 milhões em 2007, quando o peemedebista chegou ao Palácio Guanabara, valor reduzido a R$ 7 mil em 2015, quando Sérgio Cabral já não era mais governador.

Ainda conforme as investigações, tanto a Survey quanto as empresas de Maurício Cabral, Susana e Bezerra são registradas em endereços residenciais, têm poucos funcionários ou nenhum e apresentam movimentações financeiras incompatíveis com as receitas declaradas à Receita Federal, características típicas de empresas de fachada.

Na denúncia do Ministério Público Federal, são atribuídos a Sérgio Cabral, Flávio Werneck e Alberto Conde 36 crimes de lavagem de dinheiro. Susana Neves é acusada do mesmo crime 31 vezes, Carlos Bezerra, quatro vezes, e Maurício Cabral, uma vez.

Além de responder a esta acusação na Justiça Federal do Rio de Janeiro, o ex-governador será julgado por Bretas em outros oito processos, acusado dos crimes de corrupção passiva, lavagem de dinheiro, evasão fraudulenta de divisas e formação de quadrilha. Sérgio Cabral também é réu em uma ação penal que corre na 13ª Vara Federal Criminal de Curitiba, sob responsabilidade do juiz federal Sergio Moro.

Clique aqui e confira o recebimento da denúncia na íntegra

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