Durante pronunciamento no Senado Federal, na madrugada desta quarta-feira (31), o senador piauiense Elmano Férrer (PTB) comentou o julgamento do impeachment de Dilma Rousseff e afirmou que não podia votar favoravelmente ao afastamento definitivo da petista.
Elmano iniciou seu discurso dizendo que ocupava a tribuna do Senado com tristeza. “Com grande pesar ocupo essa tribuna nesta sessão histórica. Pesar pelo momento delicado que nossa jovem democracia vive. Pesar por constatar o que, na minha opinião, é o âmago de todos os problemas políticos e administrativos que vivemos, que é a profunda crise do Estado Brasileiro em que estamos mergulhados”, avaliou.
O senador afirmou que, desde o início do processo de impeachment, procurou ouvir todos os lados e manter uma posição de equilíbrio. “Desde o início deste processo minha posição tem sido de equilíbrio e cautela, procurei ouvir mais do que falar. Assistimos nos últimos meses um desenrolar de um repetitivo embate de causas e opiniões jurídicas, técnicas e outras tantas de natureza política, ouvimos representantes de renomadas instituições da nossa sociedade. Assistimos a um duro confronto de ideias conflitantes, mas acredito, defendidas por pessoas sérias e qualificadas que lutam pelo que acreditam ser melhor para o Brasil, conforme seus pontos de vista. Acredito que estamos vivendo uma batalha democrática, de acordo com todas as regras constitucionais”, disse.
Para Elmano, a condenação de Dilma passa pelo ‘conjunto da obra’, um dos argumentos mais utilizados pela acusação, mas isto não é um item previsto na constituição. “Sobretudo em momentos de crise a sensatez deve falar mais alto que a emoção, a condenação da presidente Dilma passa fundamentalmente pelo conjunto da obra, mas o ordenamento jurídico não prevê esse instituto”, chamou atenção.
- Foto: Lucas Dias/GP1Elmano Férrer
O petebista afirmou que não pôde votar contra Dilma por não vislumbrar nenhum crime de responsabilidade cometido por ela. “Na condição de um dos 81 juízes desse processo não consegui enxergar o crime de responsabilidade da presidente na denúncia apresentada. Minha consciência não me permite votar no seu afastamento definitivo, em meio a essa tempestade política, confio plenamente que este tribunal colegiado é qualificado para julgá-la e o resultado final deverá ser respeitado. O que mais espero e tenho certeza e que expresso aqui a genuína vontade do povo, é que viremos essa página”, disse.
Elmano ainda declarou que espera que as feridas causadas pelo impeachment sarem o mais rápido possível. “Vivemos hoje um momento triste da nossa história. Espero que as feridas desse processo cicatrizem o mais rápido possível e que as duras lições sejam aprendias por todos nós, agentes públicos”, finalizou.
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