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Política

Wellington diz que impeachment ameaça democracia no Brasil

O governador reconheceu os problemas do governo e a crise econômica que o país enfrenta, mas afirmou que não há crime que justifique o afastamento da presidente.

Na manhã desta terça-feira (18), o governador Wellington Dias falou sobre o processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff. Ele reconheceu os problemas do Governo e a crise econômica que o país enfrenta, mas afirmou que não há crime que justifique o afastamento da presidente.

Wellington disse que a consolidação do impeachment representará uma ameaça à democracia brasileira. “Qualquer um que acompanha esse processo sabe que é uma presidenta honesta, é uma presidenta que não cometeu crimes de responsabilidade e a constituição por isso tem que ser respeitada, ou seja, não é razoável que se aceite como natural a cassação de uma presidenta da república porque a sua popularidade está baixa, se a gente cria esse precedente eu acho que nós vamos ter um problema grave, uma ameaça para a democracia no Brasil”, avaliou.

O governador explicou que a regularidade encontrada nas contas de Dilma dizem respeito a verbas utilizadas no pagamento do Bolsa Família, Financiamento Estudantil (Fies), Brasil sem Fronteiras, Prouni e que estas foram reembolsadas à Caixa Econômica Federal.
Imagem: Lucas Dias/GP1 Wellington Dias(Imagem:Lucas Dias/GP1) Wellington Dias
O petista afirmou que vai conversar com os senadores da bancada piauiense, Regina Sousa (PT), Elmano Férrer (PTB) e Ciro Nogueira (PP), para que estes votem contra o seguimento do impeachment. “O que eu quero estar tratando é sobre, de um lado a gestão do Piauí, do outro lado para que a gente possa fazer com que a bancada do Piauí, no caso agora no Senado, possa contribuir para que o Brasil não passe por um golpe institucional. A própria imprensa internacional, dirigentes do mundo inteiro estão preocupados, porque o Brasil era um país que vivia de golpe em golpe, viveu um momento razoável de democracia.  E eu avalio que vale a pena lutar por democracia e acho que a democracia vai vencer. Além do Senado tem o Supremo, tem outras alternativas para solução”, disse

Em relação a algum tipo de punição contra os parlamentares que fazem parte da base do Governo e votaram pelo seguimento do impeachment, Wellington afirmou que este não é o momento para tomar alguma atitude, e sim de trabalhar por temas importantes para o Estado.

O governador informou que esteve no Senado nesta segunda-feira, onde conversou com o senador João Capiberibe (PSB-AP) e outros líderes e foi informado que será apresentada uma proposta para que seja realizada uma eleição direta antes de 2018. “Eu disse que se tiver um entendimento, inclusive com concordância por parte da presidência, é importante dizer isso, essa poderá ser uma saída pela democracia. O que não pode é ser através de um colégio eleitoral, nós somos um regime presidencialista, não um regime parlamentarista”, disse.

Wellington questionou quantos votos teria uma chapa que apresentasse Michel Temer (PMDB-SP) para presidente e Eduardo Cunha (PMDB-RJ) como vice. “É disso que nós estamos falando, então nós vamos tirar alguém que teve 54 milhões de votos para colocar alguém que não foi testado nas urnas para presidente?”, interrogou.

Caso o impeachment seja aprovado, Michel Temer, enquanto vice-presidente do Brasil, assumirá o comando do Palácio do Planalto e Cunha, presidente da Câmara dos Deputados, será o vice.

Votação do impeachment na Câmara


O governador informou que esteve com Dilma durante a votação do impeachment. “Ela é uma mulher muito forte, porque o que ela está passando... Primeiro pela sua história ela não merece e certamente eu acho que a história vai dizer que nós estamos falando de uma presidente honesta e que só quis na sua vida o bem e principalmente dos que mais precisam”, disse o governador, que também afirmou que Dilma foi traída por antigos aliados: “muita decepção, ela viu ali um sentimento de um lado de vingança, pessoas que estiveram com ela, no Ministério dela, na equipe dela, trabalhando com ela. É claro que, na política o que eu sempre digo o pior sentimento é o de traição”.

Impeachment de Collor


Questionado sobre o a validade do impeachment de Fernando Collor, Wellington afirmou que prefere não fazer nenhum tipo de julgamento, mas que o afastamento do ex-presidente foi classificado pelo Supremo Tribunal Federal anos depois como desnecessário. “A única diferença é que ali quando teve o processo do ex-presidente Collor havia uma comprovação, embora que pequena, era o caso de uma elba, mas havia uma comprovação de um crime que se demonstrava como se tivesse sido praticado por ele. Eu não quero julgar, eu não participei do julgamento, mas havia uma denúncia que foi considerada como válida, e eu quero dizer, depois de muito tempo o próprio Supremo terminou reconhecendo que não era uma razão para cassação. Se o Supremo lá na frente fez um reconhecimento, o que aconteceu ali foi algo que tornou-se um precedente perigoso. É isso que temos que evitar”, alertou.

Votos dos deputados piauienses

Durante a entrevista o governador afirmou que prefere não entrar no mérito do voto individual dos parlamentares. “Posso dizer que agradeço a coragem e a determinação do Marcelo Castro (PMDB), do Paes Landim (PTB), do Fábio Abreu (PTB), da Rejane Dias (PT) e do Assis Carvalho (PT) que sustentaram uma tese coerente com aquilo que é uma realidade, que é não há crime de responsabilidade praticado pela presidente

Com informações da repórter Rayane Trajano
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