Nesta terça-feira (19), a presidente Dilma Rousseff concedeu entrevista a veículos internacionais e relacionou o apoio do vice-presidente Michel Temer ao processo de impeachment à impossibilidade do PMDB ser eleito em uma eleição direta.
Dilma disse ainda que Temer conspirou “de forma direta” contra ela e que os políticos que defendem o impeachment “estão vendendo terreno na Lua”, referindo-se às articulações entre PMDB e PSDB para compor o governo caso o impedimento da presidente seja aprovado.
“A conspiração se dá pelo fato que a única forma de chegar ao poder no Brasil é utilizando de métodos, transformando e ocultado o fato que esse processo de impeachment é uma tentativa de eleição indireta, de um grupo que de outra forma não teria acesso pelo único meio justificável, que é o voto direto”, criticou a presidente.
A petista disse que vai resistir até o fim do processo com “honra” e “dignidade” e criticou o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), que de acordo com ela, acolheu o pedido de impeachment como “vingança”.
Dilma ainda ressaltou que o processo de impeachment “não vai trazer estabilidade política ao país”, tendo em vista que rompe “a base da democracia”. “Eu acredito que sem democracia o Brasil não se transforma, não recupera sua capacidade de crescimento”, disse.
Preconceito
Dilma vê também um preconceito por ser mulher e acredita que seria tratada de outra forma se fosse do sexo masculino. “Há misturado nisso tudo um grau de grande preconceito contra a mulher. Há atitudes comigo que não seriam feitas com um presidente homem”, afirmou.
A presidente criticou o deputado Jair Bolsonaro (PSC-RJ), que ao proferir seu voto no último domingo (17), homenageou o coronel Brilhante Ustra, ex-chefe do DOI-CODI em São Paulo. Ustra foi o único considerado torturador pela Justiça brasileira.
“É terrível ver no julgamento alguém votando em homenagem ao maior torturador que este país conheceu. Eu fui presa nos anos 1970 e de fato conheci bem esse senhor a que ele se refere. Ele era um dos maiores torturadores do Brasil e sobre ele recai acusações de tortura e morte”, criticou.
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