O vice-presidente da República, Michel Temer, enviou um áudio “acidentalmente” para a bancada do PMDB de quase 15 minutos onde ele ensaia um pronunciamento à nação como se o processo de impeachment já tivesse sido aprovado pela Câmara dos Deputados.
Segundo a assessoria de imprensa, o áudio é mesmo de Temer e ele enviou por acidente aos aliados, enquanto ensaiava no celular a carta de apresentação, caso a presidente Dilma Rousseff seja afastada do cargo.
No áudio, ele afirma que se afastou há um mês para que “não aparentasse que ele queria ocupar o lugar da senhora presidente da República”, mas que muitos com aflitos os procuraram por conta da situação que o país vive. Ele também reitera que sabe que será um processo longo, mas vai “aguardar respeitosamente a decisão do Senado Federal”.
Temer afirma que sua grande missão será a “pacificação e reunificação do país”. Segundo ele para que isso aconteça, é preciso que “todos os partidos políticos estejam dispostos a dar a sua colaboração para tirar o país da crise. Para tanto, é preciso diálogo. O fundamental agora é o diálogo. Em segundo lugar, a compreensão. Em terceiro lugar, para não enganar ninguém, a ideia de que nós vamos ter muito sacrifícios pela frente”.
O vice-presidente também fala em investimentos nacionais e internacionais, empregabilidade, continuidade de programas federais como Bolsa Família, Pronatec e Fies, reformas política e tributária, entre outros temas.
Processo de impeachment
Na noite de ontem (11), a Comissão Especial da Câmara aprovou por 38 votos a 27, o parecer favorável do relator Jovair Arantes (PTB-GO), favorável ao impeachment de Dilma. Agora, o processo será votado na Câmara. No dia 15 de abril, será realizada a primeira sessão de análise e no dia 17, a votação, que precisa ter pelo menos dois terços dos votos para seguir ao Senado, equivalente a 342 dos 513 deputados.
Na Suprema Corte, é necessário que 54 dos 81 senadores votem a favor do processo para que a presidente seja cassada e afastada por até 180 dias até a decisão final. A partir daí, quem assume a governança do país é então o vice-presidente da República, Michel Temer (PMDB). Porém, se ela for absolvida, reassume imediatamente o mandato.
Leia na íntegra o áudio de Temer:
Eu quero neste momento me dirigir ao povo brasileiro para dizer algumas das matérias que penso que devam ser por mim agora enfrentadas.
E eu faço, naturalmente, com muita cautela porque, na verdade, sabem todos que há mais de um mês eu me recolhi exata e precisamente para não aparentar que eu estaria cometendo algum ato, praticando algum gesto com vistas a ocupar o lugar da senhora presidente da República.
Recolhi-me o quanto pude, mas, evidentemente, neste período fui procurado por muitos que estão aflitos com a situação do nosso país. Mas agora, quando a Câmara dos Deputados decide por uma votação significativa, declarar a autorização para a instauração de processo de impedimento contra a senhora presidente, muitos me procuraram para que eu desse pelo menos uma palavra preliminar à nação brasileira, o que eu faço, com muita modéstia, com muita cautela, com muita moderação, mas também em face da minha condição de vice-presidente e naturalmente de substituto constitucional da senhora presidente da República.
E desde logo, eu quero afirmar que temos ainda um longo processo pela frente, passando pelo Senado Federal. Então todas as minhas palavras levarão em conta apenas a decisão da Câmara dos Deputados, portanto também as minhas palavras são provisórias já que nós temos que aguardar e respeitar a decisão soberana que o Senado Federal proferirá a respeito deste tema. Seja quanto a admissibilidade da autorização, seja quanto ao final, o julgamento propriamente dito. Portanto eu quero, neste momento prestar uma homegem ao Poder Legislativo, tanto à Câmara dos Deputados que já debateu amplamente este assunto, como ao Senado Federal que irá debater. E desde logo eu quero comunicar aos amigos e colegas, homens públicos, senadores da melhor cepa, da melhor sabedoria, que aguardarei naturalmente a decisão, aguardarei respeitosamente a decisão do Senado Federal. Não quero avançar o sinal. Até imaginaria o que poderia falar depois da decisão do Senado, mas evidentemente sabem todos os que me ouvem, que quando houver a decisão definitiva, a decisão do Senado, eu preciso estar preparado para enfrentar os graves problemas que hoje aflingem o nosso país.
Desde logo, quero dizer aos que me ouvem que, repetir na verdade, o que tenho empregado ao longo do tempo. Os senhores sabem, os brasileitos sabem, que há mais de oito, dez meses, tenho feito pronunciamentos, referentes à pacificação do país, à unificação do país, porque é chocante, para não dizer tristíssimo, verificar os brasileiros controvertendo-se entre si, disputando ideias, espaços, até aí tudo bem. Mas, quando parte para uma coisa quase física, isso não pode acontecer no nosso país.
Portanto ao dizer agora que a grande missão, a partir deste momento, é a da pacificação do país, da reunificação do país. Eu quero dizer que estou repetindo o que venho empregando há muito tempo como responsável por uma parcela da vida pública nacional. Devo dizer também, e isto fica para aconteça o que acontecer no futuro, que é preciso um governo de salvação nacional e, portanto, de união nacional. É preciso que se reúnam todos os partidos políticos, e todos os partidos políticos estejam dispostos a dar a sua colaboração para tirar o país da crise. Sem essa unidade nacional, penso que será difícil tirar o país da crise em que nos encontramos. Para tanto, é preciso diálogo. O fundamental agora é o diálogo. Em segundo lugar, a compreensão. Em terceiro lugar, para não enganar ninguém, a ideia de que nós vamos ter muito sacrifícios pela frente. Sem sacrifícios, não conseguiremos avançar para retomar o crescimento e o desenvolvimento que pautaram a atividade do nosso país nos últimos tempos antes desta última gestão.
Então, é preciso retomar o crescimento e eu não quero que isto fique em palavras vazias. Tenho muita convicção, como muitos me dizem que a mudança pode gerar esperança e que, gerando esperança, isso pode gerar investimentos, não só investimentos nacionais, mas investimentos estrangeiros. Precisamos fazer reestabelecer a crença no Estado brasileiro, nas potencialidades do Estado Brasileiro. Devo dizer aos que me ouvem que eu fiz muitas viagens internacionais nos primeiro mandato e verifiquei o quanto os outros países, que têm muito dinheiro em suas mãos, querem fazer aplicando no Brasil. Ou seja, querem acreditar no Brasil.
O que aconteceu nos últimos tempos foi um descrédito no nosso país e o descrédito é o que leva à ausência do crescimento, á ausência do desenvolvimento, que faz retomar à inflação. De um lado, portanto, nós temos absoluta convicção de que é preciso prestigiar a iniciativa privada, é preciso que os empresários do setor industrial, do setor de serviços, do setor agrícola, do setor do agronegócio, dos vários setores da nacionalidade, se entusiasmem novamente com estes investimentos.
Ao dizer isso, estou pensando apenas naqueles que possam investir? Não. Diferentemente, estou pensando em manter as conquistas sociais obtidas nos últimos tempos. Por exemplo, o emprego é uma coisa fundamental para todos os brasileiros. Para que haja emprego, é preciso que haja uma conjugação dos empregadores com os trabalhadores. Você só tem emprego se a indústria, o comércio, as atividades de serviço todas estiverem caminhando bem. A partir daí, que você tem emprego e, com isso, você pode retomar o emprego.
De outro lado, devo dizer também que, de fora parte um projeto pela empregabilidade plena, é preciso manter certas matérias sociais porque nós todos sabemos que o Brasil ainda é um país pobre. Portanto, e eu sei que dizem de vez em quando que, se outrem assumir, nós vamos acabar com Bolsa Família, vamos acabar com o Pronatec, vamos acabar com o Fies.
Isto é falso. É mentiroso e é fruto dessa política mais rasteira que tomou conta do país. Portanto, neste particular, quero dizer que nós deveremos manter estes programas e até, se possível, revaloriza-los e ampliá-los até que, isto eu quero deixar claro, o Bolsa Família, por exemplo, há de ser um estágio do Estado brasileiro. Daqui a alguns anos, é possível que a empregabilidade tenha atingido um tal nível que não haja mais necessidade de Bolsa Família. Mas, enquanto persistir a necessidade, nós manteremos assim como Pronatec, Fies, Prouni, todos esses projetos que acabaram dando certo no país.
Lanço uma mensagem àqueles que têm capital e lanço àqueles que querem uma mensagem do trabalho e lanço uma mensagem para aqueles que sequer trabalho ainda conseguiram. É claro que vamos incentivar enormemente as parcerias público-privadas à medida, na medida que isso pode trazer emprego ao país. Nós temos absoluta convicção de que hoje, mais do que nunca, o Estado não pode tudo fazer. O Estado depende da atuação dos setores produtivos do país. Empregadores de um lago, trabalhadores de outro lado. Estes setores produtivos é que, aliançados, vão fazer a prosperidade do Estado brasileiro. Estado brasileiro tem que cuidar, da segurança, da saúde, da educação, enfim, de alguns temas fundamentais que não podem sair da órbita pública. Mas, no mais, tem que ser entregue à iniciativa privada. Iniciativa privada no sentido da conjugação da ação entre empregadores e trabalhadores. E neste particular, nós pretendemos fazer várias reformas que incentivem a essa harmonia entre esses dois setores da produção brasileira.
Tudo isso que estou a dizer significará, devo registrar, sacrifícios iniciais para o povo brasileiro, em primeiro lugar. Em segundo lugar, não quero gerar nenhuma expectativa falsa. Não pensemos que, se houver uma mudança no governo, em três, quatro meses estará tudo resolvido. Em três, quatro meses, pode começar a ser encaminhado para resolvermos a matéria ao longo do tempo. Se houver este governo de transição, ou, se não houver, fica essa sugestão que estou fazendo para o governo que vier a manter-se, ficam essas sugestões que, reitero, não são sugestões por mim formuladas ou formatadas neste momento, mas que foram feitas ao longo do tempo.
Há reformas que são fundamentais para o país. Nós todos sabemos. Agora, toda e qualquer reforma não alterará os direitos já formatados, já adquiridos pelos cidadãos. Mas nós temos que preparar o país do futuro, Muitas matérias até estão em tramitação no Congresso Nacional e nós queremos ter uma base parlamentar muito sólida que nos permita conversar com a classe política, mas conversar também com a sociedade. Os senhores sabem, os que assistiram às minhas palestras nos últimos tempos, que eu faço uma distinção e uma conjugação entre governo, governança e governabilidade para dizer que o governo são os órgãos constituídos, não tem a menor dúvida, Executivo, Legislativo, Judiciário. A governança vem exatamente pelo apoio político que o governo consegue dos partidos políticos e do Congresso Nacional. Mas é preciso mais do que isso. É preciso a governabilidade. A governabilidade exige que haja uma aprovação popular do próprio governo. Portanto, a classe política unida com o povo levará ao crescimento do país e, portanto, ao apoio ao governo. É com esses três fatores que nós vamos lidar.
É claro que não vou falar aqui sobre reformas que são fundamentais porque isso será fruto de um desdobramento ao longo do tempo. Mas como não pensar numa reforma política? Como não pensar numa reforma tributária? E, evidentemente, que a reforma tributária envolve um outro tema, que é a revisão do pacto federativo. Porque toda vez que você pensa numa reforma tributária, você está pensando na distribuição de competências e de recursos para as entidades federativas.
É preciso, mais do que nunca,, que as entidades federativas tenham uma autonomia verdadeira. Ou seja, que nós tenhamos uma Federação real e não uma Federação artificial como tem acontecido nos últimos tempos. Sei, por exemplo, no tópico da Federação, da grande dificuldade dos Estados e municípios nos dias atuais. Há estudos referentes à eventual anistia ou perdão de uma parte das dívidas e até uma revisão dos juros que são pagos pelas unidades federadas. Nós vamos levar isso adiante. Vamos estudar isso com muita detença e vamos levar isso adiante porque a força da União também deriva também da força dos Estados e da força dos municípios. A força dessas entidades federativas depende da boa vontade e do apoio da classe política e do povo brasileiro.
Há matérias controvertidas como aquela referente à legislação trabalhista e à legislação previdenciária que nós vamos fazer com um grande diálogo nacional onde nenhum setor será esquecido, nem dos trabalhadores, nem dos empresários, nem do povo brasileiro. Mas toda e qualquer modificação que vier a ser feita será para garantir o futuro mesmo daqueles que já recebem salário, daqueles que recebem aposentadoria. É neste termos que nós vamos trabalhar. Ou seja, o diálogo de um lado e a conjugação de esforços do outro lado serão os alicerces, digamos assim, do nosso trabalho. É esta a manifestação que eu queria deixar ao povo brasileiro.
Segundo a assessoria de imprensa, o áudio é mesmo de Temer e ele enviou por acidente aos aliados, enquanto ensaiava no celular a carta de apresentação, caso a presidente Dilma Rousseff seja afastada do cargo.
Imagem: Tribuna hojeVice-presidente do Brasil, Michel Temer
No áudio, ele afirma que se afastou há um mês para que “não aparentasse que ele queria ocupar o lugar da senhora presidente da República”, mas que muitos com aflitos os procuraram por conta da situação que o país vive. Ele também reitera que sabe que será um processo longo, mas vai “aguardar respeitosamente a decisão do Senado Federal”.
Temer afirma que sua grande missão será a “pacificação e reunificação do país”. Segundo ele para que isso aconteça, é preciso que “todos os partidos políticos estejam dispostos a dar a sua colaboração para tirar o país da crise. Para tanto, é preciso diálogo. O fundamental agora é o diálogo. Em segundo lugar, a compreensão. Em terceiro lugar, para não enganar ninguém, a ideia de que nós vamos ter muito sacrifícios pela frente”.
O vice-presidente também fala em investimentos nacionais e internacionais, empregabilidade, continuidade de programas federais como Bolsa Família, Pronatec e Fies, reformas política e tributária, entre outros temas.
Processo de impeachment
Na noite de ontem (11), a Comissão Especial da Câmara aprovou por 38 votos a 27, o parecer favorável do relator Jovair Arantes (PTB-GO), favorável ao impeachment de Dilma. Agora, o processo será votado na Câmara. No dia 15 de abril, será realizada a primeira sessão de análise e no dia 17, a votação, que precisa ter pelo menos dois terços dos votos para seguir ao Senado, equivalente a 342 dos 513 deputados.
Na Suprema Corte, é necessário que 54 dos 81 senadores votem a favor do processo para que a presidente seja cassada e afastada por até 180 dias até a decisão final. A partir daí, quem assume a governança do país é então o vice-presidente da República, Michel Temer (PMDB). Porém, se ela for absolvida, reassume imediatamente o mandato.
Leia na íntegra o áudio de Temer:
Eu quero neste momento me dirigir ao povo brasileiro para dizer algumas das matérias que penso que devam ser por mim agora enfrentadas.
E eu faço, naturalmente, com muita cautela porque, na verdade, sabem todos que há mais de um mês eu me recolhi exata e precisamente para não aparentar que eu estaria cometendo algum ato, praticando algum gesto com vistas a ocupar o lugar da senhora presidente da República.
Recolhi-me o quanto pude, mas, evidentemente, neste período fui procurado por muitos que estão aflitos com a situação do nosso país. Mas agora, quando a Câmara dos Deputados decide por uma votação significativa, declarar a autorização para a instauração de processo de impedimento contra a senhora presidente, muitos me procuraram para que eu desse pelo menos uma palavra preliminar à nação brasileira, o que eu faço, com muita modéstia, com muita cautela, com muita moderação, mas também em face da minha condição de vice-presidente e naturalmente de substituto constitucional da senhora presidente da República.
E desde logo, eu quero afirmar que temos ainda um longo processo pela frente, passando pelo Senado Federal. Então todas as minhas palavras levarão em conta apenas a decisão da Câmara dos Deputados, portanto também as minhas palavras são provisórias já que nós temos que aguardar e respeitar a decisão soberana que o Senado Federal proferirá a respeito deste tema. Seja quanto a admissibilidade da autorização, seja quanto ao final, o julgamento propriamente dito. Portanto eu quero, neste momento prestar uma homegem ao Poder Legislativo, tanto à Câmara dos Deputados que já debateu amplamente este assunto, como ao Senado Federal que irá debater. E desde logo eu quero comunicar aos amigos e colegas, homens públicos, senadores da melhor cepa, da melhor sabedoria, que aguardarei naturalmente a decisão, aguardarei respeitosamente a decisão do Senado Federal. Não quero avançar o sinal. Até imaginaria o que poderia falar depois da decisão do Senado, mas evidentemente sabem todos os que me ouvem, que quando houver a decisão definitiva, a decisão do Senado, eu preciso estar preparado para enfrentar os graves problemas que hoje aflingem o nosso país.
Desde logo, quero dizer aos que me ouvem que, repetir na verdade, o que tenho empregado ao longo do tempo. Os senhores sabem, os brasileitos sabem, que há mais de oito, dez meses, tenho feito pronunciamentos, referentes à pacificação do país, à unificação do país, porque é chocante, para não dizer tristíssimo, verificar os brasileiros controvertendo-se entre si, disputando ideias, espaços, até aí tudo bem. Mas, quando parte para uma coisa quase física, isso não pode acontecer no nosso país.
Portanto ao dizer agora que a grande missão, a partir deste momento, é a da pacificação do país, da reunificação do país. Eu quero dizer que estou repetindo o que venho empregando há muito tempo como responsável por uma parcela da vida pública nacional. Devo dizer também, e isto fica para aconteça o que acontecer no futuro, que é preciso um governo de salvação nacional e, portanto, de união nacional. É preciso que se reúnam todos os partidos políticos, e todos os partidos políticos estejam dispostos a dar a sua colaboração para tirar o país da crise. Sem essa unidade nacional, penso que será difícil tirar o país da crise em que nos encontramos. Para tanto, é preciso diálogo. O fundamental agora é o diálogo. Em segundo lugar, a compreensão. Em terceiro lugar, para não enganar ninguém, a ideia de que nós vamos ter muito sacrifícios pela frente. Sem sacrifícios, não conseguiremos avançar para retomar o crescimento e o desenvolvimento que pautaram a atividade do nosso país nos últimos tempos antes desta última gestão.
Então, é preciso retomar o crescimento e eu não quero que isto fique em palavras vazias. Tenho muita convicção, como muitos me dizem que a mudança pode gerar esperança e que, gerando esperança, isso pode gerar investimentos, não só investimentos nacionais, mas investimentos estrangeiros. Precisamos fazer reestabelecer a crença no Estado brasileiro, nas potencialidades do Estado Brasileiro. Devo dizer aos que me ouvem que eu fiz muitas viagens internacionais nos primeiro mandato e verifiquei o quanto os outros países, que têm muito dinheiro em suas mãos, querem fazer aplicando no Brasil. Ou seja, querem acreditar no Brasil.
O que aconteceu nos últimos tempos foi um descrédito no nosso país e o descrédito é o que leva à ausência do crescimento, á ausência do desenvolvimento, que faz retomar à inflação. De um lado, portanto, nós temos absoluta convicção de que é preciso prestigiar a iniciativa privada, é preciso que os empresários do setor industrial, do setor de serviços, do setor agrícola, do setor do agronegócio, dos vários setores da nacionalidade, se entusiasmem novamente com estes investimentos.
Ao dizer isso, estou pensando apenas naqueles que possam investir? Não. Diferentemente, estou pensando em manter as conquistas sociais obtidas nos últimos tempos. Por exemplo, o emprego é uma coisa fundamental para todos os brasileiros. Para que haja emprego, é preciso que haja uma conjugação dos empregadores com os trabalhadores. Você só tem emprego se a indústria, o comércio, as atividades de serviço todas estiverem caminhando bem. A partir daí, que você tem emprego e, com isso, você pode retomar o emprego.
De outro lado, devo dizer também que, de fora parte um projeto pela empregabilidade plena, é preciso manter certas matérias sociais porque nós todos sabemos que o Brasil ainda é um país pobre. Portanto, e eu sei que dizem de vez em quando que, se outrem assumir, nós vamos acabar com Bolsa Família, vamos acabar com o Pronatec, vamos acabar com o Fies.
Isto é falso. É mentiroso e é fruto dessa política mais rasteira que tomou conta do país. Portanto, neste particular, quero dizer que nós deveremos manter estes programas e até, se possível, revaloriza-los e ampliá-los até que, isto eu quero deixar claro, o Bolsa Família, por exemplo, há de ser um estágio do Estado brasileiro. Daqui a alguns anos, é possível que a empregabilidade tenha atingido um tal nível que não haja mais necessidade de Bolsa Família. Mas, enquanto persistir a necessidade, nós manteremos assim como Pronatec, Fies, Prouni, todos esses projetos que acabaram dando certo no país.
Lanço uma mensagem àqueles que têm capital e lanço àqueles que querem uma mensagem do trabalho e lanço uma mensagem para aqueles que sequer trabalho ainda conseguiram. É claro que vamos incentivar enormemente as parcerias público-privadas à medida, na medida que isso pode trazer emprego ao país. Nós temos absoluta convicção de que hoje, mais do que nunca, o Estado não pode tudo fazer. O Estado depende da atuação dos setores produtivos do país. Empregadores de um lago, trabalhadores de outro lado. Estes setores produtivos é que, aliançados, vão fazer a prosperidade do Estado brasileiro. Estado brasileiro tem que cuidar, da segurança, da saúde, da educação, enfim, de alguns temas fundamentais que não podem sair da órbita pública. Mas, no mais, tem que ser entregue à iniciativa privada. Iniciativa privada no sentido da conjugação da ação entre empregadores e trabalhadores. E neste particular, nós pretendemos fazer várias reformas que incentivem a essa harmonia entre esses dois setores da produção brasileira.
Tudo isso que estou a dizer significará, devo registrar, sacrifícios iniciais para o povo brasileiro, em primeiro lugar. Em segundo lugar, não quero gerar nenhuma expectativa falsa. Não pensemos que, se houver uma mudança no governo, em três, quatro meses estará tudo resolvido. Em três, quatro meses, pode começar a ser encaminhado para resolvermos a matéria ao longo do tempo. Se houver este governo de transição, ou, se não houver, fica essa sugestão que estou fazendo para o governo que vier a manter-se, ficam essas sugestões que, reitero, não são sugestões por mim formuladas ou formatadas neste momento, mas que foram feitas ao longo do tempo.
Há reformas que são fundamentais para o país. Nós todos sabemos. Agora, toda e qualquer reforma não alterará os direitos já formatados, já adquiridos pelos cidadãos. Mas nós temos que preparar o país do futuro, Muitas matérias até estão em tramitação no Congresso Nacional e nós queremos ter uma base parlamentar muito sólida que nos permita conversar com a classe política, mas conversar também com a sociedade. Os senhores sabem, os que assistiram às minhas palestras nos últimos tempos, que eu faço uma distinção e uma conjugação entre governo, governança e governabilidade para dizer que o governo são os órgãos constituídos, não tem a menor dúvida, Executivo, Legislativo, Judiciário. A governança vem exatamente pelo apoio político que o governo consegue dos partidos políticos e do Congresso Nacional. Mas é preciso mais do que isso. É preciso a governabilidade. A governabilidade exige que haja uma aprovação popular do próprio governo. Portanto, a classe política unida com o povo levará ao crescimento do país e, portanto, ao apoio ao governo. É com esses três fatores que nós vamos lidar.
É claro que não vou falar aqui sobre reformas que são fundamentais porque isso será fruto de um desdobramento ao longo do tempo. Mas como não pensar numa reforma política? Como não pensar numa reforma tributária? E, evidentemente, que a reforma tributária envolve um outro tema, que é a revisão do pacto federativo. Porque toda vez que você pensa numa reforma tributária, você está pensando na distribuição de competências e de recursos para as entidades federativas.
É preciso, mais do que nunca,, que as entidades federativas tenham uma autonomia verdadeira. Ou seja, que nós tenhamos uma Federação real e não uma Federação artificial como tem acontecido nos últimos tempos. Sei, por exemplo, no tópico da Federação, da grande dificuldade dos Estados e municípios nos dias atuais. Há estudos referentes à eventual anistia ou perdão de uma parte das dívidas e até uma revisão dos juros que são pagos pelas unidades federadas. Nós vamos levar isso adiante. Vamos estudar isso com muita detença e vamos levar isso adiante porque a força da União também deriva também da força dos Estados e da força dos municípios. A força dessas entidades federativas depende da boa vontade e do apoio da classe política e do povo brasileiro.
Há matérias controvertidas como aquela referente à legislação trabalhista e à legislação previdenciária que nós vamos fazer com um grande diálogo nacional onde nenhum setor será esquecido, nem dos trabalhadores, nem dos empresários, nem do povo brasileiro. Mas toda e qualquer modificação que vier a ser feita será para garantir o futuro mesmo daqueles que já recebem salário, daqueles que recebem aposentadoria. É neste termos que nós vamos trabalhar. Ou seja, o diálogo de um lado e a conjugação de esforços do outro lado serão os alicerces, digamos assim, do nosso trabalho. É esta a manifestação que eu queria deixar ao povo brasileiro.
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