Imagem: Celso Junior/AEEx-deputado diz que Lula deu aval para criação do petrolão
Durante quase quatro décadas o médico Pedro Corrêa se destacou como um dos parlamentares mais influentes em negociações de bastidores. Expoente de uma família tradicional do nordeste, Corrêa foi presidente do PP e garantiu a adesão do partido ao governo Lula, recebendo assim o direito de indicar nome de apadrinhados para cargos.
A forte relação entre o ex-presidente e o ex-deputado é notória e rendeu a Corrêa uma condenação à prisão no processo do mensalão, o primeiro esquema de compra de apoio parlamentar engendrado pela gestão petista.
Mesmo após a prisão, o ex-deputado se manteve firme e não revelou o que viu e ouviu quando tinha acesso ao gabinete do então presidente Luis Inácio Lula da Silva. Sempre discreto, ele se manteve leal a quem lhe garantiu acesso a toda sorte de benesse.
Corrêa foi preso pela Operação Lava-Jato e desde abril está encarcerado. Há dois meses o ex-deputado negocia com o Ministério Público um acordo de colaboração que, caso seja confirmado, fará dele o primeiro político a aderir à delação premiada.
Com propriedade, ele disse aos procuradores da Lava-Jato que o ex-presidente Lula e a presidente Dilma não apenas sabiam da existência do petrolão como também agiram pessoalmente para mantê-lo em funcionamento.
Nas conversas preliminares o ex-deputado contou que o petrolão nasceu em uma reunião realizada no Planalto, com participação de Lula e de integrantes da cúpula do PP e dos petistas José Dirceu e Eduardo Dutra. Em pauta, a nomeação de Roberto Costa para a diretoria de Abastecimento da Petrobras.
Pedro Corrêa, José Janene e o Pedro Henry, então líder do PP, defendiam a nomeação. Eduardo Dutra, pressionado pelo PT, que também queria o cargo, resistiu sob a alegação de que não era tradição na Petrobras substituir um diretor com tão pouco tempo de casa.
De acordo com Corrêa, Lula interveio em nome do indicado, que logo após seria tratado como amigo “Paulinho”. “Dutra, tradição por tradição, nem você poderia ser presidente da Petrobras, nem eu deveria ser presidente da República. É para nomear o Paulo Roberto. Tá decidido”, disse Lula, de acordo com relatos do ex-deputado.
Caso a ordem não fosse cumprida, Lula demitiria toda a diretoria da Petrobras. Corrêa ressaltou que o ex-presidente tinha plena consciência de que o objetivo dos aliados era instalar operadores na estatal para arrecadar dinheiro e fazer caixa de campanha.
Isso significa que Paulinho não era só uma invenção da cúpula do PP e sim uma criação coletiva tirada do papel com grande apoio do presidente da época. Resultou em um desfalque de pelo menos 19 bilhões de reais dos cofres da Petrobras. Ainda segundo o ex-presidente do PP, Dilma Rousseff em seu mandato, aceitou tudo.
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