O aumento no número de acidentes envolvendo motociclistas virou caso de saúde pública e o fato ganhou a atenção da Seid (Secretaria Estadual para Inclusão da Pessoa com Deficiência), que aderiu à segunda etapa do Projeto Fique Vivo, desenvolvido pelo Detran-PI (Departamento Estadual de Trânsito), que é uma campanha voltada para a conscientização dos motociclistas e dos motoristas em geral e de toda a sociedade. O lançamento ocorreu neste sábado, às 8 horas, no Detran.
“Uma das atividades da Seid é a prevenção das deficiências. Os acidentes de trânsito, principalmente os de moto, aparecem como causas de deficiências temporárias ou permanentes. Além disso, estamos falando de vidas humanas, e todos nós temos a missão de preservá-las”, ressalta a secretária da Seid, Rejane Dias.
Além da Seid e do Detran, o projeto conta com outros parceiros, como a Secretaria Estadual de Saúde e entidades da sociedade civil como Clube de Motoqueiros, Sindicato dos Mototaxistas e as associações de motociclistas, além de concessionárias que vendem motos em todo o Estado.
O diretor geral do Detran, Jesus Rodrigues, explica que a ideia é conscientizar a partir do condutor da moto e toda a sociedade sobre os cuidados que se deve ter quando se pilota uma moto. “O número de motociclistas é muito grande em todo o Piauí, principalmente no interior do Estado”, disse.
Para Rejane Dias, toda a sociedade precisa acordar para a grande quantidade de acidentes envolvendo motociclistas e trabalhar a prevenção. Essa preocupação parte de uma dura constatação: quando a pessoa sobrevive a um acidente com moto pode ficar com sequelas para o resto da vida.
De acordo com o Detran-PI, em 2008, foram registrados 2.565 mil acidentes com motos em todo o Estado. Desse total, 1.482 pessoas ficaram com algum tipo de ferimento ou sequela e 179 pessoas perderam vida. São cerca de 7 acidentes todos os dias e uma morte a cada dois dias.
Outro ponto que preocupa o Detran-PI é a frota de motocicletas: são 196.706 motos em todo o Piauí, sendo 127.969 no interior e 68.740 na capital. Isso representa 41% da frota de veículos do Estado.
Conscientização é a palavra-chave
A segunda etapa do Programa Fique Vivo será lançada no final do mês de abril com uma série de atividades envolvendo quem usa a moto seja no lazer, para trabalho ou simplesmente para o transporte cotidiano. Como sensibilização e conscientização são as palavras-chave deste segundo momento, as revendas de motos de Teresina, sindicato, associações e clubes de motoqueiros também estarão envolvidas no processo e farão panfletagens nos principais pontos de trânsito.
O programa será permanente e acontecerá durante todo o ano, onde serão realizados eventos, palestras e encontros, em Teresina e no interior do Estado, para buscar reverter o grave quadro criado pelos acidentes de trânsito envolvendo motocicletas.
Dados do Ministério da Saúde apontam que o número de mortes em acidentes com motocicletas subiu mais de dois mil por cento em 16 anos, saltando de 299, em 1990, para 6.734, em 2006. Um dado ainda mais preocupante: o maior índice de aumento no número de mortes se deu exatamente nas cidades de menor porte populacional, com até 20 mil habitantes.
O acidente com motocicleta é sempre muito grave. Nos veículos de passeio normal existe o pára-choque e toda a lataria funciona também como proteção. Na motocicleta, o piloto está posicionado para receber o primeiro impacto, ele é o próprio pára-choque. Em um acidente de motocicleta, a probabilidade de fraturas e lesões nos membros inferiores é praticamente certa.
As sequelas dos acidentes vão além dos movimentos de braços e pernas. Podem afetar, além do controle motor, o controle da bexiga e dos intestinos. A consequência disso são altos custos para a sociedade, impactos sociais e psicológicos para suas vítimas e familiares.
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