Mesa Diretora da Câmara
Provavelmente por pressão do Palácio Coelho Rodrigues – sede do governo municipal, o vereador Hugo Victor Saunders Martins (PMDB) recuou das denúncias feitas contra o colega e ex-secretário municipal da Educação, Manoel Vieira de Barros Lima, abortando o pedido de abertura de um processo administrativo para apurar possíveis irregularidades cometidas pelo mesmo, como acúmulo de salário e desobediência ao artigo 66 da Mesa Diretora da Casa.
O vereador Hugo Victor, que havia garantido em plenário que iria até o final na apuração das denúncias contra Manoel Vieira, se reuniu durante toda a quarta-feira desta semana, 21 de outubro, com a coordenadora política do Palácio Coelho Rodrigues, Tazmânia Gomes de Medeiros Oliveira, a Belê, e, depois disso mudou o discurso, passando a pregar o entendimento.
A postura adotada pelo vereador Hugo Victor permitiu o retorno triunfal de Manoel Vieira ao seu mandato na Câmara, dois dias depois de ele ter sido exonerado, a pedido, da secretaria municipal da Educação e gestor do Fundeb.
A volta de Manoel Vieira à Câmara Municipal de Picos aconteceu na sessão da última sexta-feira, 23 de outubro, e para celebrar a data, os prestadores de serviços da secretaria municipal da Educação foram dispensados do trabalho à tarde, e, boa parte deles lotou o plenário “Vereador Pedro Barbosa da Silva” para aplaudir com entusiasmo o ex-chefe.
Em seu discurso, interrompido varias vezes pelos aplausos dos ex-subordinados convocados a se fazerem presentes à sessão, Manoel Vieira admitiu que, por conta de um acordo celebrado entre o Legislativo e o Executivo picoenses, recebia o salário de secretário municipal e um complemento de vereador.
“Não importa a fonte dos recursos, mas o que deixou bem claro é que não estou acumulando salário conforme ficou patente na denúncia do vereador Hugo Victor, que, inclusive, já teve a humildade de admitir o erro e pediu desculpas, que eu aceito’, enfatizou Manoel Vieira, cobrando em seguida a mesma postura do presidente da Câmara, Francisco Gonçalves Filho, o Chico de Chicá (PMDB), que declarou que havia suspendido esse complemento por conta da crise que estava passando o legislativo picoense no momento.
“A Câmara realmente me pagava por conta de um acordo entre os chefes do Executivo e do Legislativo, que eu não participei, mas fui avisado pelo telefone no dia do pagamento no final de março deste ano. Quero que fique claro, porém, que eu não acumulava salário de secretário e vereador. Gostaria, inclusive, que o presidente se manifestasse sobre o assunto, porque as explicações que ele deu não foram suficientes para esclarecer à população sobre o assunto”, cobrou.
Explicações
Questionado pela Reportagem do Portal FCS, o vereador Hugo Victor disse que não houve recuo em relação às denúncias. "Apenas o colega Manoel Vieira retornou à Casa e se comprometeu em mandar as folhas de pagamento. Ele pediu esse prazo e vamos aguardar essa documentação chegar para que possamos fiscalizar os atos dele na pasta da Educação”, argumentou.
O parlamentar ressaltou ainda que não houve nenhuma pressão por parte do Palácio Coelho Rodrigues para que recuasse nas denúncias contra o colega de partido. “Houve apenas um entendimento na base aliada do prefeito, mas sou independente, o mandato que tenho foi dado pelo povo e vou continuar exercendo o meu papel como sempre fiz aqui nesta Casa”, garantiu.
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