Adalberto Nascimento, 22 anos, há pouco mais de um ano, trabalhava com a produção de uva em Petrolina, no Estado de Pernambuco. Certo dia recebeu um convite para trabalhar no mesmo ramo, em São João do Piauí, no Assentamento Marrecas. Nem Adalberto, nem os amigos acreditaram na proposta. “O pessoal chegou a falar que no Estado não tinha nem água para beber, imagine só para irrigar uva”, comentou, acrescentando que “foi uma surpresa ver a boa e grande produção de uva em terra piauiense”.
Ele é um dos agricultores que trabalha na primeira Unidade Demonstrativa de Videira do Piauí, localizado no Povoado Marrecas, em São João do Piauí. O projeto de irrigação possui uma área de quatro hectares de plantação de uva dos tipos Brasil e Itália Melhorada. “Quanto mais quente a região e com maior profundidade de solo, melhor será a produção de uva. E essas características o Piauí possui, principalmente o Sul do Estado”, explica o assistente técnico do projeto, Antônio Alves do Santos. O que Adalberto, nem os colegas pernambucanos poderiam supor é que o Semi-árido piauiense fosse tão favorável ao cultivo de videiras.
Desde o ano passado, cerca de 25 mil toneladas de uvas foram colhidas. Atualmente, 10 famílias do Assentamento Marrecas e localidades vizinhas estão envolvidas no projeto, que é uma parceria do Governo do Estado através da Secretaria de Desenvolvimento Rural (SDR), Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf), Instituto de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater) e Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra).
I Festival da Uva - Comunidade tem boas expectativas para o evento. Para alavancar o turismo na região e possibilitar bons negócios, colocando em evidência o arranjo produtivo da Comunidade Marrecas, de São João do Piauí, será realizado o I Festival da Uva.
Representantes da Secretaria de Turismo, Secretaria Estadual para Inclusão da Pessoa com Deficiência (Seid), Sebrae, Coordenadoria de Comunicação Social (CCom), Codevasf, Emgerpi e Prefeitura de São João do Piauí já estiveram reunidos para debater os detalhes do evento, que deve acontecer entre os dias 29 de janeiro e 1º de fevereiro.
A Emgerpi ficará responsável pela recuperação e urbanização da Barragem Janipapo, localizada na cidade. A idéia é que o local seja mais um atrativo durante o evento. Maria Viviane da Conceição, 24 anos, trabalha na Unidade Demonstrativa de Videiras há 6 meses. De lá, tira maior parte do sustento de casa. Ela está ansiosa para que aconteça o festival, já que este poderá trazer mais investimentos para a região. “Sem dúvida vai chamar a atenção de muita gente que pode apostar ainda mais neste local e na produção de uva”, conta.
O agricultor Erasmo José Ribeiro, 37 anos, também tem boas expectativas para o Festival. “Desde que seja para engrandecer nosso trabalho e o desenvolvimento de nossa comunidade, de nossa cidade, acho que pode ser muito bom”, diz.
O Festival vai além das uvas - Em Marrecas, a economia ainda gira em torno do artesanato. Confecção de bijuteria e produção de remédio caseiro são alguns exemplos. Para esta parcela da comunidade, a expectativa também é grande. “Acredito que o evento vem valorizar nossa região e trazer mais desenvolvimento”, aspira Maria Cícera da Silva, 26 anos. Ela coordena o Grupo Bioartes do Assentamento Marrecas. “Vai ser gratificante mostrar nossa cara, através dos produtos artesanais, para pessoas de diferentes localidades. Vamos fazer o melhor possível”, acrescenta.
Trabalhando com a produção de remédio caseiro há mais de vinte anos, dona Antônia Maria da Conceição Silva é uma senhora simpática e tem orgulho do que faz. "Tem para todo tipo de doença, só não tem cura para dor de amor", brinca, dizendo que “vai ser bom demais ver o Assentamento Marrecas mostrando que tem muito a oferecer num evento tão grandioso”.
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