A Polícia Federal (PF) retirou 42 trabalhadores da condição análoga à escravidão, no Piauí, apenas no mês de agosto de 2023. A ação recebeu o nome de Operação Resgate III e foi a maior obra conjunta de combate ao trabalho escravo e tráfico de pessoas no Brasil, sendo resultado do esforço de seis instituições: Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), Ministério Público do Trabalho (MPT), Ministério Público Federal (MPF), Defensoria Pública da União (DPU), Polícia Federal (PF) e Polícia Rodoviária Federal (PRF).
A ação foi realizada no Brasil inteiro e resgatou, ao todo, 532 trabalhadores de condição análoga à escravidão, em 15 estados: Acre, Bahia, Espírito Santo, Goiás, Maranhão, Minas Gerais, Mato Grosso, Pernambuco, Piauí, Paraná, Rio de Janeiro, Rondônia, Rio Grande do Sul, São Paulo e Tocantins. Desses, os cinco estados com mais pessoas resgatadas foram Minas Gerais, com 204 indivíduos libertos, Goiás, com 104, São Paulo, que teve 54 indivíduos livres, Piauí, que teve 42 e Maranhão, também com 42.
Entre as atividades econômicas com maior número de vítimas na área rural, destaca-se o cultivo de café, o cultivo do alho e o cultivo de batata e de cebola. Já na área urbana, sobressaíram-se os resgates ocorridos em restaurantes, em oficinas de costura, na construção civil e no trabalho doméstico. Nesse cenário, uma idosa de 90 anos submetida ao trabalho doméstico por 16 anos sem carteira assinada foi resgatada no Rio de Janeiro, se tornando a pessoa mais idosa a ser resgatada de trabalho escravo no país.
Equipes que integraram a operação também flagraram 26 crianças e adolescentes em trabalho infantil, desse total, seis eram mantidas sob condições semelhantes à escravidão. Além disso, do número de resgatados, 74 também foram vítimas de tráfico de pessoas. Por fim, os trabalhadores já receberam R$ 3 milhões em verbas rescisórias, além do pagamento de R$ 2 milhões em danos morais coletivos. A expectativa é que esse quantitativo ainda aumente, visto que muitos pagamentos ainda estão em negociação com os empregadores.
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