O delegado Ferdinando Martins, presidente do inquérito da Operação Dom Casmurro, disse em entrevista ao GP1, nessa quinta-feira (17), que o grupo criminoso formado para fraudar licitações e concursos públicos agia deliberadamente em benefícios de apadrinhados políticos, através do Instituto Machado de Assis e a Crescer Consultorias.
De acordo com o titular da Delegacia de Combate a Corrupção e a Lavagem de Dinheiro (DECCOR), durante as duas primeiras fases da operação, que tiveram o apoio do Ministério Público, os investigadores conseguiram identificar, dentre várias irregularidades, que alguns candidatos eram beneficiados nos certames organizados pelas duas empresas de modo que, em alguns casos, o candidato já sabia até mesmo em qual posição seria aprovado, mesmo sem preencher gabarito da prova.
- Foto: Brunno Suênio/GP1Delegado Ferdinando Martins
“Os indícios apontam nos autos que era uma ação deliberada para beneficiar apadrinhados políticos e pessoas próximas da gestão. Algumas provas que a gente pôde usar deram para vislumbrar essa situação, eram empresas que agiam há mais de 10 anos no Piauí, certamente, frustrando sonhos, criando expectativas em pessoas e estudantes”, frisou.
O delegado pontuou ainda que embora a Polícia Civil continue fazendo seu papel de investigar, é necessário que a própria sociedade também colabore, denunciando casos de irregularidades. “Esperamos que a sociedade tenha mais diligência e os órgãos de controle também assumam certa posição ativa e a sociedade denuncie”, acrescentou.
Entenda o caso
Um servidor da Assembleia Legislativa do Piauí, identificado como Raimundo Wernes Fernandes Torres Filho, a empresária Elmira Paulo Dias, além da professora do Instituto Federal do Piauí (IFPI), Rosimeyre Vieira da Silva, foram presos nas primeiras horas da manhã dessa quinta-feira (17) durante a segunda fase da Operação Dom Casmurro.
A ação foi deflagrada pela Polícia Civil do Piauí, por meio da Delegacia de Combate à Corrupção (DECCOR), em conjunto com o Ministério Público do Piauí, através do GAECO e a Promotoria de Justiça de Cocal, com o apoio da Diretoria de Inteligência e Laboratório de Lavagem de Dinheiro da Polícia Civil do Piauí.
- Foto: Divulgação/PC-PICumprimento de mandados na segunda fase da Dom Casmurro
O servidor da Alepi e a empresária foram presos em Teresina e são considerados os líderes do esquema criminoso. Já a professora foi presa em Simões. Os três citados se juntam a outras cinco pessoas que também foram presas e fazem parte de um grupo voltado para fraudar procedimentos licitatórios e concursos públicos, onde figuram como beneficiadas as empresas Instituto Machado de Assis e Crescer Consultorias.
De acordo com a Polícia Civil e o Ministério Público, a ação dessa quinta teve como objetivo o cumprimento de mandados de prisão preventiva expedidos contra empresários, servidores públicos e demais integrantes do grupo criminoso que dirigia as empresas Instituto Machado de Assis e Crescer Consultorias, acusados de crimes de lavagem de dinheiro, organização criminosa e fraude em licitações.
Foram presos: Raimundo Wernes Fernandes Torres Filho, servidor da Alepi; Elmira Paulo Dias (empresária); Elza de Paula Dias Rodrigues; Heldiane de Paula Dias; Ailton Medeiros Rodrigues (todos pertencem ao quadro do Instituto Machado de Assis); Ayrton Medeiros Rodrigues, sócio da Crescer Consultorias; Marlen Oliveira Lopes Lemos; Rosimeyre Vieira da Silva, professora do IFPI;
Uma nona pessoa, identificada como Carlos Henrique Pereira Barbosa, também possui mandado de prisão preventiva e encontra-se foragida.
Ao final do inquérito produzido pela Polícia Civil, o Ministério Público do Piauí ofereceu denúncia à Justiça contra 13 investigados na Operação Dom Casmurro. Dentre eles, os nove alvos já citados no rol de investigados alvos de mandados de prisão preventiva e outras quatro pessoas: Andreia Virginia da Rocha Val; Regis Vieira de Brito; Kylvia Maria Sousa Herculano; Genário Benedito dos Reis.
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