Falta menos de um dia para a Universidade Federal do Piauí (UFPI) eleger quem estará à frente da reitoria da instituição pelos próximos quatro anos. Entretanto, apenas uma coisa é certa, essa pessoa será uma mulher, visto que as três chapas que concorrem ao pleito são encabeçadas por mulheres, marcando um momento histórico para a instituição.
Com o intuito de apresentar as propostas das candidatas, o GP1 conversou com cada uma delas sobre o que pode ser desempenhado em uma provável gestão. Após ouvir Nadir Nogueira, da Chapa 02, e Flávia Lorenne, da Chapa 03, a professora Lívia Nery, da chapa 01, comentou seus projetos para a instituição. Ela está encabeçando a Chapa 01: Renovação com Autonomia e Humanidade, ao lado do professor Welter Cantanhêde, candidato a vice-reitor.
Lívia Nery possui graduação em Licenciatura Plena em Língua Inglesa pela Universidade Estadual do Piauí. Também é mestra em Educação pela Universidade Federal do Piauí (UFPI) e doutora em Ciências da Comunicação pela Universidade do Vale do Rio dos Sinos (UniSinos). Atualmente, é diretora do Centro de Educação à Distância (CEAD) da UFPI.
GP1: Primeiramente, como surgiu a ideia de se tornar candidata. Quais critérios e pilares a chapa formada pela senhora e o professor Welter Cantanhêde priorizaram nessa caminhada à reitoria da UFPI?
Lívia Nery: Em relação a me tornar candidata, na verdade, a ideia vem de um coletivo de docentes e discentes e técnicos administrativos que ponderou que o meu nome e o nome do professor Welter Cantanhêde seriam representativos desse grupo. Os critérios e os pilares da nossa chapa, eles aparecem com a proposta de gestão democrática e participativa, com respeito à pluralidade de ideias, o nosso compromisso com a multicampia, uma gestão para o bem viver das pessoas, bem como a valorização das pessoas.
GP1: Diante de alguns problemas noticiados nos últimos dias na Universidade Federal do Piauí, apagão, site hackeado, etc. Quais setores da instituição a senhora vê que urge essa renovação?
A renovação, ela urge em todos os espaços quando você pensa a flexibilização de vários processos de contratação, de serviços e também dos processos que envolvem a tecnologia da informação e da comunicação. Então precisam ser reativadas as contratações com instituições que faziam essa parte em relação aos nossos sistemas de gestão e acadêmicos da universidade. E também precisamos fortalecer essa capacidade de geração de energia com sistemas de energia limpa, fotovoltaica principalmente, e no âmbito do pensamento das pessoas que estão fazendo a gestão, fazendo a universidade, colocando finalmente a universidade nesse patamar de grandeza do século XXI.
GP1: As universidades federais como um todo enfrentam um sucateamento por conta do orçamento reduzido. Além disso, a greve dos servidores e a eminente paralisação dos professores ressaltam esse aspecto na UFPI. Qual a sua posição sobre a resolução dessas demandas, e que postura irá tomar caso seja eleita reitora.
Lívia Nery: Os dois principais desafios enfrentados pela gestão da Universidade Federal do Piauí para o quadriênio 2024-2028 envolvem, primeiro, os recursos orçamentários que vêm sendo reduzidos ao longo do tempo sem nenhuma correção e isso torna muito complexa a gestão da UFPI em relação à aquisição de custeios e também equipamentos ou obras e nesse sentido é necessário que a gestora tenha capacidade de captação de recursos, tenha também capacidade de articulação com diversos segmentos da sociedade, entendendo que devemos ter parcerias junto a nossas bancadas parlamentares e também junto à sociedade civil de modo geral.
Lívia Nery: A universidade é um local que produz conhecimento, cultura, ciência, arte, lazer e tudo isso precisa ser devidamente apoiado e devolvido da sociedade. O outro segundo grande desafio é a própria gestão das pessoas no sentido das mediações de conflito, da nossa estrutura, que é uma estrutura muito plural, muito diversa, essa necessidade de convívio harmonioso entre os vários segmentos e as várias identidades que a própria universidade tem. E nesse sentido nós acreditamos que precisamos trabalhar para a formação das pessoas para garantirmos aí a tolerância, o respeito à diferença e as diversidades.
Lívia Nery: No que se refere a atender todas as demandas, nós precisamos organizar de modo geral um plano gestor, um plano diretor, para irmos fazendo ordenamento das ações e também de forma que isso fique transparente para a comunidade acadêmica, para que eles compreendam exatamente qual é o lugar nesse planejamento que eles terão o atendimento das suas demandas. De forma que nos colocamos de modo proativo, dinâmico, para conseguirmos colocar a UFPI no lugar da grandeza que ela tem, no lugar do reconhecimento que a sociedade piauiense também precisa perceber na nossa universidade.
GP1: Sobre a questão da segurança, a senhora vê uma solução para esse problema que se arrasta há anos na universidade?
Lívia Nery: Em relação à questão de segurança, nós entendemos a segurança em duas dimensões. A segurança contra agentes externos, aí a comunidade, que envolve basicamente o controle de acesso de veículos, com aumento de monitoramento, de vigilância, parcerias interinstitucionais, melhoria das condições de iluminação. Mas também entendemos que a segurança também precisa existir no âmbito das nossas relações nos espaços de convivência da Universidade. Então teremos a criação de uma coordenadoria vinculada à reitoria de direitos humanos, diversidade e inclusão, que vai pautar cursos de formação para as nossas relações entre pessoas, relações de gênero, relações das nossas divergências, das nossas diferenças, para que nós saibamos conviver com a cultura de paz no âmbito da Universidade Federal do Piauí. E trabalharemos fortemente nessas duas dimensões.
GP1: Dentro do plano de gestão que a senhora elaborou. Caso eleita, qual a senhora acha que irá nortear o seu mandato no quadriênio 2024-2028 na reitoria da UFPI?
Lívia Nery: Eu entendo que o maior norte que precisamos ter na gestão é a gestão participativa, ouvindo os segmentos da comunidade em momentos de fóruns, de assembleias gerais, e que nós possamos organizar o projeto de universidade coletivamente, essa universidade que deve avançar fortemente em excelência no âmbito do nosso estado, para que, com essa participação, todos se sintam não apenas responsáveis, mas também agentes importantes na construção da Universidade Federal do Piauí.
GP1: Em relação a sua formação, experiência em gestão, quais aspectos a senhora acredita que irá contribuir para a renovação da UFPI?
Lívia Nery: A minha vivência na gestão vem muito da prática que eu tenho desenvolvido nos últimos anos e eu destaco então a capacidade de gestão de pessoas, capacidade de captação de recursos, capacidade de gerenciamento de conflitos e que tudo isso é muito importante para uma gestora no século XXI.
GP1: Em conversas com as outras candidatas, ambas mencionaram a necessidade de uma melhor política de assistência estudantil na universidade, especialmente no que tange aos Restaurantes Universitários (Rus) e a construção da unidade 4 no campus de Teresina. A senhora também tem essa visão?
Lívia Nery: No critério da assistência estudantil, para garantir a permanência e as melhores condições em relação ao restaurante universitário, nós pensamos em modernizar a própria aquisição das fichas via aplicativo e PIX. Além disso, concluir a obra que está sendo feita no RU3 e iniciarmos o RU4 para que no período de duração desse quadriênio possamos ter mais um restaurante universitário. E isso vai ajudar a divisão dos alunos dos espaços desses restaurantes para podermos ter esse momento da alimentação com muita tranquilidade, com menos filas e também que os alunos não tenham um grande deslocamento.
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