A eleição para a reitoria da Universidade Federal do Piauí (UFPI) está cada vez mais próxima, e apenas uma coisa é certa, este lugar será ocupado por uma mulher. Isso representa um momento histórico na instituição, que conta com três chapas inscritas para o pleito, ambas encabeçadas pelo sexo feminino. São elas: Lívia Nery, da Chapa 01; Nadir Nogueira, Chapa 02; e Flávia Lorenne, da Chapa 03.
O GP1 dá continuidade à apresentação de propostas das candidatas, ocasião em que elas têm a oportunidade de contar um pouco sobre a caminhada à reitoria da universidade. Dessa vez, conversamos com a professora Flávia Lorenne, que junto ao professor Viriato Campelo, integram a Chapa 03: Juntos pela UFPI.
Flávia Lorenne Sampaio Barbosa é formada em Administração pela Universidade Federal do Piauí, possui especialização em Gestão Empresarial pela Universidade Estadual do Piauí (Uespi) e mestrado e doutorado no segmento da Administração de Empresas pela Universidade de Fortaleza (Unifor). Inicialmente, atuou como docente no campus Amílcar Ferreira Sobral (CAFS) em Floriano, espaço em que também lecionou na Pós-Graduação em Gestão Pública e Administração Pública. Foi diretora pró-tempore do mesmo campus. Também é professora e orientadora do curso de bacharelado em Administração no Centro de Ensino à Distância (CEAD/UFPI), e atualmente chefia a Superintendência de Recursos Humanos da UFPI.
GP1: Qual o ideal principal da Chapa 03, como foi levantada essa proposta de se candidatar à reitoria da UFPI?
Flávia Lorenne: Quando a gente montou a nossa chapa 03: Juntos pela UFPI, a gente costuma conversar muito e dizer que nessa caminhada a gente poderia encontrar pessoas que a gente não iria concordar com as mesmas ideias, que a gente não iria concordar com os mesmos caminhos, que a gente não iria concordar com as mesmas soluções, mas a gente deveria ao menos concordar em se juntar pela Universidade Federal do Piauí, porque nosso elo maior é a nossa universidade.
Flávia Lorenne: Com esse ideal de ir juntos, estaremos unidos pela Universidade Federal do Piauí, porque o que une todo mundo nesse ambiente universitário, seja docente, técnico, administrativo e discente, é a educação pública brasileira. A gente vai conseguir planejar, tornar uma gestão extremamente eficiente, transparente e justa e valorar a educação brasileira e principalmente a nossa educação do nosso estado do Piauí, porque a gente entende que todo conhecimento científico que é produzido aqui repercute favoravelmente tanto a âmbito estadual, nacional quanto internacional. Então eu acredito que a gente tenha esse perfil, e que a gente com certeza tem um diferencial e vai fazer muito mais pela UFPI.
GP1: A senhora é formada em Administração, já possui experiência em gestão, especialmente como diretora de um dos campi da UFPI. Partindo desse olhar da vivência no campus fora de sede, qual os meios para garantir a inclusão desses centros?
Flávia Lorenne: Eu fui gestora por três anos do campo de Floriano com muito orgulho, eu acho que foi a maior prática de gestão que eu tive no âmbito da Organização Pública Federal, e o que eu posso te garantir é que a universidade, ela é uma só. Qualquer gestão que esteja à frente da Universidade Federal do Piauí, ela tem que ter o olhar para os quatro campi, de Teresina, Picos, Bom Jesus e Floriano. Então, as estratégias, plano de ação, descentralização do orçamento, desburocratização de processo, ela deve acontecer em todos os espaços da Universidade Federal do Piauí, porque assim a gente tende a não só Teresina conseguir maior recurso, mas, de certa maneira, viabilizar bolsas de estudo, equipamentos, manutenção, infraestrutura, em Teresina e nos campi fora de sede, isso tudo é necessário. Então, a nossa gestão, ela vai ter muito esse olhar de integrar a Universidade Federal do Piauí, de entender cada realidade de cada campus e buscar estratégias que realmente possam operacionalizar de forma distinta, porque o olhar tem que ser distinto, porque as realidades são distintas, porque a comunidade dissente, ela é distinta. Com certeza, esse vai ser o nosso maior desafio, fazer uma gestão extremamente participativa, dialogada, que integre a Universidade Federal do Piauí, que a gente possa buscar a descentralização de recursos, a descentralização de processos para os campos fora de sede, para dar maior autonomia, para que eles possam, de fato, funcionar, sem essa dependência tão constante com o campus de Teresina.
GP1: A UFPI hoje opera com poucos recursos, especialmente para manutenção de setores, e iniciativas que garantam a permanência do estudante. Como a senhora pretende atuar nessa situação?
Flávia Lorenne: Se a gente for analisar, as universidades brasileiras, públicas brasileiras, elas realmente estão passando por vários desafios. E a UFPI não deixou de ter o maior desafio dela, que é a questão do orçamento, que é a questão da ampliação de novos códigos de vaga, seja para docente como para servidor técnico administrativo. Isso é a realidade nacional, que a gente já acompanha já de muito tempo, das gestões de outros governos. O que a gente espera é que o governo possa ter uma sensibilidade maior e mais do que isso, decidir em prol das universidades federais, em prol da educação do Brasil.
Flávia Lorenne: Hoje eu consigo identificar como gestora de formação, pelo meu viés também dentro da gestão, que não é somente a falta de orçamento, a falta de código de vaga para os servidores. A falta de gestão de um planejamento da universidade num cenário de crise também é um grande problema. E qual é a nossa grande diferença? É planejar essa universidade num cenário de crise, dar prioridade para as decisões que realmente sejam importantes e, principalmente, focar na permanência do aluno nesse espaço. Eu acho que é o grande desafio que a gente se propõe com esse olhar de um planejamento muito mais humanizado, de uma gestão que busque eficiência e transparência, para que as ações possam ser priorizadas na garantia desse aluno nesse espaço.
Flávia Lorenne: Mas atrelado a isso, e acrescentando também, a gente também tem que buscar outras formas de recurso, captação de recurso, seja através de amigos parlamentares. Seja através de concorrentes editais de fomento, que as agências de fomento acabam divulgando editais de cunho nacional e internacional também. Que a universidade pode estar à frente desses grandes editais para que a captação de recurso venha. Lógico que não vai salvar tudo que a universidade hoje precisa, mas em alguns casos pontuais, por exemplo, falta de insumos para determinados laboratórios ou equipamentos, através desses editais, com certeza, a universidade tem condições de captar esse recurso e poder sanar alguns problemas. Mas eu acho que é uma tarefa muito forte, muito consolidada, que toda gestão que assumir a universidade vai ter que ter, no sentido de enfrentamento de todos esses desafios e frente também à inovação, que ela é tão necessária no dia de hoje.
GP1: Um assunto que ainda repercute entre a comunidade universitária é a sensação de insegurança, alguns registros de arrastões, principalmente em salas de aula. Para a senhora, existe alguma forma de remediar esse problema?
Flávia Lorenne: Eu falo com os alunos, docentes, técnicos administrativos, terceirizados. E a gente focar no plano de segurança, possivelmente por centro, e não só falando aqui em Teresina, mas falando também que a realidade dos campi fora de sede, essa necessidade também de segurança. Acaba sendo que um plano, nesse primeiro momento, para uma política de segurança, ela é extremamente importante para a gente pensar nessa segurança como um todo. Lógico que aí a gente pode implementar ações de sinalização, de iluminação, também de arborização dos espaços, para que eles possam ficar mais claros e visíveis, para que a gente possa andar de forma muito mais segura e mais tranquila, porque a gente ainda tem muito ambientes escuros na Universidade.
Flávia Lorenne: Só que assim, isso ainda não resolve, porque a UFP aqui em Teresina, ela é em um local urbano, ela tem vias públicas, que a gente vai precisar com certeza da parceria aí do Estado e do Município, para que realmente aconteça um fortalecimento da segurança e aí do policiamento ostensivo e da patrulha preventiva dentro do espaço da Universidade. Mas é algo que a gente entende como necessário. E assim, também qualquer investimento no sentido de instalação de câmera ou de mais segurança nesse espaço, a gente vai precisar do orçamento. É uma demanda urgente, uma demanda necessária, é uma demanda realmente histórica, porque eu também fui aluna da universidade e essas questões sempre foram pontuadas e a gente acredita que pode sim fazer um bom trabalho, com bom planejamento no sentido da segurança e integrar toda a comunidade em uma solução que realmente possa nos atender.
GP1: Sobre a assistência estudantil, no seu ponto de vista, as políticas que existem hoje na UFPI funcionam ou há a necessidade de implementar novas alternativas para garantir o bem-estar do aluno e a permanência no ambiente universitário?
Flávia Lorenne: A gente já entende a necessidade de termos mais um ou outro RU. No entanto, a gente precisa manter os RUs que estão. Por exemplo, você tem uma cozinha que hoje já não mais suporta em termos de equipamento, em termos de segurança. Qual é a nossa estratégia? Primeiro, bolar um plano de ação para a gente poder modernizar as estruturas que a gente tem, porque elas já são bem antigas e elas estão exigindo novas reformas até para o atendimento de hoje. O planejamento bem adequado, a gente vai conseguir fazer ampliações para que as filas diminuam, porque eu sei que isso é recorrente. Mas agora é um processo que a gente vai construir junto com a comunidade discente, para que ela acompanhe realmente as decisões, e definir a ação que seja prioridade para a permanência dele aqui.
Flávia Lorenne: A gente entende também que melhores espaços de acolhimento na hora que o aluno está na hora do descanso, e muitas vezes ele não tem. Eu acho que pensar em lugares muito mais arborísticos, que ele possa ter um espaço de acolhimento na hora do almoço, na hora do jantar, na hora do descanso. Eu acho que são formas que a gente tende a cuidar desse aluno nesse espaço, bem como dos servidores. Porque em alguns centros a gente quer também desenvolver salas de convivência para que os servidores também possam ter esse espaço melhor de acolhimento na hora dos intervalos de descanso. Eu acho que tudo isso vai muito com a questão do bem-estar dos servidores e dos alunos nesse espaço.
Flávia Lorenne: Quando você fala do auxílio creche, eu acho importante, porque uma das pautas que a gente tem levantado é a questão da mulher estudante, da mulher servidora nesse espaço. E no caso da mulher estudante, a gente vai sim. Inclusive agora, na atual gestão, a gente está esperando o fim da greve dos técnicos para que mais de 100 bolsas, mais de 100 auxílios creche sejam disponibilizados para todo o Universidade Federal do Piauí. Então a nossa tendência é garantir essas bolsas de auxílio creche, é garantir que essas mães tenham condições realmente de estudar ou de trabalhar, no caso das servidoras, e que, na verdade, essa distância do filho não possa ser um empecilho para que elas possam estar nesse ambiente da universidade. Bem como a gente tende a incentivar os projetos de extensão, que muitas vezes vinculam o cuidar dessa criança dentro desse espaço, o brincar, e que muitas vezes ficam com essas crianças no horário, quando a mãe está na sala de aula. A gente quer implementar as nossas brinquedotecas, as nossas creches, as nossas escolas de aplicação, que são espaços que vão consolidar ainda mais essa possibilidade do acolhimento da criança enquanto a mãe estuda ou trabalha.
GP1: A UFPI tem um grande potencial no desenvolvimento de soluções, ferramentas e pesquisas que geram impacto na sociedade. Como candidata a reitora, a senhora vê nesses projetos uma possibilidade para levar a universidade a obter investimentos através dessas novas descobertas?
Flávia Lorenne: Foi uma iniciativa da gestão atual, fazer uma resolução, uma minuta de resolução dessa prestação de serviço. Eu acredito que até novembro, até o fim da gestão atual, essa resolução deva ser entregue a toda a comunidade e vai possibilitar, sim, a prestação de serviço e possivelmente a venda de determinados produtos que são feitos em laboratórios e de alguma forma que esse produto seja vendido e retorne para a Universidade Federal do Piauí para investimento em insumos, em melhorias desses laboratórios. O que a gente pretende é intensificar ainda mais a inovação dentro da universidade, as incubadoras, os empreendimentos inovadores. E essa perspectiva da inovação é extremamente importante.
Flávia Lorenne: Agora mesmo nessa nossa caminhada, quantas startups se desenvolveram aqui na e não foram registradas e que não tiveram amparo da Universidade Federal do Piauí? Aí está aí uma outra forma de captação de recursos que poderia já ter sido feita, mas agora eu acredito que com o que a universidade hoje já está se propondo a gente tende a intensificar ainda mais essa forma de inovar.
GP1: Recentemente o site da UFPI sofreu um ataque hacker, você pensa que essa situação de vulnerabilidade apresentada nesse meio tecnológico foi influenciada por quais aspectos dentro da administração da universidade?
Flávia Lorenne: Toda gestão que entrar na Universidade ela vai ter um grande desafio que é fazer essa estruturação na Superintendência de Tecnologia da Informação (STI). Eu acredito que existem problemas que são históricos na Universidade e que não foram resolvidos. Se toda gestão tivesse investido um pouco na STI, hoje talvez a gente não tivesse com um problema tão grande como a gente está hoje. Então, existe a questão nossa da Chapa 03, no sentido da gente, de acordo com o orçamento, projetos que a gente submeter, as emendas parlamentares que a gente conseguir, destinar recursos para o investimento nessa área, porque é importante.
Flávia Lorenne: Então, existem demandas que são extremamente importantes da própria equipe, que na nossa gestão, com certeza, vão ser analisadas, vão ser validadas, a gente vai buscar o melhor meio de atender frente ao orçamento que acaba sendo limitador para qualquer investimento que tenha nessa área. Mas para além desse orçamento pouco, a gente tem que buscar outras alternativas viáveis e é o que a gente se propõe, seja através de inclusão de projetos, em editais, seja através de emendas parlamentares, mas a gente tem que dar sim esse suporte, até porque todos os dados da universidade estão na STI
GP1: Para encerrar nossa entrevista, quais critérios os professores, servidores e alunos devem considerar ao escolher a próxima reitora?
Flávia Lorenne: É importante que dia 15 de maio todo mundo exerça a cidadania, o voto é livre, o voto é secreto, o voto tem que ser democrático, eu acho que nesse primeiro momento todo mundo deve pensar o perfil da candidata, a carta-programa da candidata e eu acho que isso vai fazer toda a diferença. São três candidatas que estão à frente dessa caminhada, mas eu acho que o perfil, a carta-programa, vai fazer muita diferença. E lembrando, a gente vai votar para a gestão da nossa Universidade e por ter administradora de formação, por ter expertise na área de gestão, por publicar dentro da gestão pública universitária, eu acredito que a gente tem esse perfil muito mais alinhado, ao que a universidade hoje precisa.
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