Nesta segunda-feira (26) o diretor da Maternidade Dona Evangelina Rosa, Francisco Macêdo, convocou uma coletiva de imprensa para tratar da interdição parcial da unidade. Na última semana o Conselho Regional de Medicina (CRM) interditou a maternidade por superlotação, falta de insumos, antibióticos e outros materiais. Francisco Macêdo cobrou das autoridades que fosse feito uma reforma na estrutura do prédio.
O gestor pontuou que o alto índice de mortalidade na unidade se dá pelo “não funcionamento adequado da rede”. Segundo Macêdo, as gestantes que não tratam de problemas simples no início da gravidez, podem ter o problema evoluído na hora do parto. O diretor explicou ainda que “bebê prematuro é difícil de tratamento”.
“Se você tem uma paciente no pré-natal lá no postinho do município dela e é detectado uma hipertensão arterial ou uma infecção urinária e ela não é tratada, essa gravidez vai evoluir com problemas e o bebê vai nascer prematuro e bebê prematuro é difícil de tratamento. Com essa prematuridade todo bebê abaixo de 500 gramas vai a óbito, ele é inviável”, explicou.
- Foto: Hélio Alef/GP1Francisco Macêdo
“Os bebês ficam internados na maternidade por dois meses, três meses, até ele ir para casa. Então isso é caro, isso leva um certo tempo, da problema, bebê pega infecção, vai a óbito. Então o funcionamento adequado da rede, se tratando a gestante desde o início da gravidez dificilmente ela irá a alto risco”, continuou Macêdo.
Superlotação
Questionado se a superlotação na unidade aumenta a quantidade óbitos na maternidade, Macêdo explicou que muitas vezes a unidade está lotada com pacientes de baixa complexidade e não possui vagas para receber gestantes que realmente precisam de um cuidado maior.
“Quando um paciente de alto risco chega na maternidade e ela está superlotada com o médio e baixo risco, que poderia estar sendo tratado na base, nos hospitais do município, claro que ela iria chegar na maternidade em alto risco e ia ter uma vaga assegurada para ela e isso agora, com a normatização, é claro que isso irá melhorar bastante e reduzir mais ainda a taxa de mortalidade neonatal no estado”, explicou.
O médico falou ainda sobre a queda do número de óbitos de nascituros, que foi em torno de 34% quando comparado ao mesmo período do ano passado. Em 2017 a maternidade registrou 298 óbitos quando em 2018, no mesmo período foram registrados 197 óbitos.
“E mesmo a maternidade tendo sido alvo do alto risco, mesmo ela estando superlotada com médio e alto risco, nós tivemos uma redução significativa do número de óbitos do ano de 2017 para 2018, que é em torno de 34%”, afirmou.
“Hospital de guerra”
Quando questionado sobre a estrutura da maternidade, o gestor deu a entender que o prédio, que ele chamou de “hospital de guerra”, já deu o que tinha que dar. O gestor afirmou que faz reparos internos, mas que a estrutura precisa de reformas maiores.
“A maternidade Dona Evangelina Rosa é um hospital de guerra, que era para durar dez anos, doze anos e está com quarenta e dois. E mesmo nós mantemos aqui dentro uma equipe trabalhando diuturnamente, fazendo reparos pequenos, mas todo mundo sabe que uma casa longeva dessas, que é um hospital de campanha, precisa de reformas maiores”, afirmou.
Macêdo falou ainda da burocracia para realizar uma obra dessa magnitude. “Quando se vai buscar reforma maior, caímos no contrato, licitação, demora a locação de recursos e o estado está providenciando reforma maiores. É uma determinação do governador que o sistema de engenharia do estado, da Secretaria de Saúde, detecte esses problemas para que a gente possa encontrar uma solução”, concluiu.
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