O promotor de Justiça Francisco de Jesus, que denunciou o Ministério Público de Santa Catarina (MPSC) por preconceito racial após ser barrado em um evento do órgão, conversou com o GP1 na manhã dessa quarta-feira (27) sobre o posicionamento do MPSC, que alegou não ter ocorrido discriminação contra ele.
- Foto: Marcelo Cardoso/GP1Promotor Francisco de Jesus
Francisco de Jesus reafirmou que foi vítima de racismo e lamentou a postura do Ministério Público. “Acho que o Ministério Público de Santa Catarina deveria ter mais humildade e reconhecer que agiu de forma discriminatória. Ao invés de estar atacando a vítima para revitimizá-la deveriam estabelecer políticas de segurança sérias que pudessem proporcionar o livre acesso de pessoas [ao órgão], garantido a cidadania”, declarou o promotor, que foi abordado duas vezes por policiais em dias diferentes.
“Você vê no vídeo que o policial [no segundo dia] começa a dar justificativas, de que a equipe era outra. Se a equipe era outra no dia anterior e eu fui abordado nos dois dias, é porque a orientação era abordar negros. Não partiu de um policial do dia, partiu de uma orientação, de onde veio essa orientação é que nós vamos tentar comprovar”, afirmou.
O promotor reforçou que está tomando providências legais e que colegas promotores vão depor em seu favor. “Quero dizer que vou continuar firme. Promotores da Bahia, do Maranhão, de Goiás, Minas Gerais e Rio Grande do Norte vão comprovar isso oportunamente. A peça que não foi dada entrada ainda, porque meu advogado ainda está analisando, é a indenização por danos morais, talvez ele ingresse essa semana. Vou utilizar todos os meios que estiverem em meu alcance, porque essa questão não é mais do promotor Francisco de Jesus, a agressão não foi a mim, a agressão foi a toda a sociedade brasileira que não admite mais comportamentos dessa natureza, especialmente vindo de uma instituição que deve zelar pelo direito à cidadania”, colocou.
Por fim, Francisco de Jesus apontou a existência de um racismo velado na sociedade. “Vou reagir em meu nome e em nome da sociedade, porque atingiu principalmente os negros do meu país, que não admitem mais esse racismo velado, onde você trata e ainda destrata, dizendo que não houve. Eu fantasiei? Eu criei duas vezes? Não há como”, finalizou.
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