Depois de quatro décadas de pesquisas arqueológicas na região do Parque Nacional Serra da Capivara, no Estado do Piauí, o patrimônio científico, cultural, ambiental, paisagístico e humano do sertão nordestino ganha agora um importante destaque na Europa com uma exposição fotográfica e debates científicos sobre a ocupação do continente americano há milhares de anos.
O trabalho da arqueóloga paulista Niéde Guidon, que tem especialização nas melhores universidades da França e que dedicou grande parte de sua vida às pesquisas no Piauí, causou uma grande discussão na comunidade científica mundial por sugerir novas hipóteses para à ocupação pré-histórica das Américas.
No ano passado, através da articulação do historiador alemão naturalizado brasileiro Uwe Weibrecht da ONG ProBrasil, uma equipe da maior rede pública de televisão da Europa, a alemã ZDF (Zweites Deutsches Fernsehen) esteve no Piauí para gravar um grande documentário da série (Terra X), onde mostrava as mais recentes descobertas da Serra da Capivara e trazia um importante questionamento: “Seriam os piauienses milenares os povos mais antigos do continente?”
A veiculação do filme em diferentes países da Europa ampliou o debate e levou a DFG (Deutsche Forschungsgemeinschaft), um órgão de incentivo à pesquisa na Alemanha, uma espécie de CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico), em parceria com a ProBrasil, a propor a Embaixada do Brasil em Berlim e a viabilizar um debate sobre o assunto organizando uma grande exposição fotográfica na Alemanha.
Logo o Instituto de Arqueologia da Alemanha conhecido como DAI (Deutsches Archäologisches Institut), que já realiza pesquisas no Piauí desde 2014 e que também enviou cientistas para participar das gravações do documentário da ZDF na Serra da Capivara, se tornou parceiro do projeto e junto ao Governo do Piauí faz parte da organização do evento que agora destaca o Brasil na Europa focado nas descobertas realizadas no nordeste brasileiro.
Em função da importância do evento, o governador do Piauí, Wellington Dias (PT), já confirmou presença na abertura da exposição em Berlim. Na semana passada a Assembleia Legislativa do estado deu autorização para que ele possa se ausentar do Piauí e realizar a viagem para Europa onde também tratará de outros temas que envolvem o desenvolvimento do Piauí, em especial, às políticas de produção de energias renováveis.
VICE-GOVERNADORA TEVE PAPEL DECISIVO
A vice-governadora do Piauí, Margarete Coelho (PP), teve papel decisivo para que o projeto se concretizasse. No ano passado ela esteve na Alemanha para viabilizar a viagem da equipe da ZDF para gravação do documentário na Serra da Capivara e nesse ano ela voltou à Europa para reuniões em Berlim, tratando da organização do evento na Embaixada do Brasil.
A mostra fotográfica que será aberta na próxima terça-feira, dia 16 de maio, tem 51 imagens que destacam às pesquisas científicas, a vegetação da Caatinga com suas paisagens, plantas e bichos e também mostram a beleza do homem que habita essa parte do sertão nordestino e as dificuldades de sobrevivência em ambiente semiárido.
As fotografias foram escolhidas do acervo da Agência Raízes do Piauí que desde 1993 mantém escritório na cidade de São Raimundo Nonato e realiza expedições fotográficas no sertão. (AP).
FOTOS DO PIAUÍ FICAM EM DESTAQUE NA EUROPA ATÉ 2018
A exposição que abre no próximo dia 16 na Embaixada do Brasil, em Berlim, fica até o dia 31 de junho na capital da Alemanha. Em seguida ela vai para o escritório da DFG na mesma cidade onde fica aberta ao público de 11 de julho à 15 de janeiro de 2018. Depois a mostra segue para a sede da DFG na cidade de Bonn onde fica de 25 de janeiro à 8 de abril.
O objetivo em seguida é que a exposição venha para o Brasil. Já existem tratativas com o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), para que ela seja apresentada no Paço Imperial no Rio de Janeiro e também em Teresina, Brasília e São Paulo.
As imagens que serão apresentadas ao público da Europa e depois no Brasil são extremamente coloridas destacando aspectos que grande parte da população desconhece nesse ambiente. São bichos ameaçados de extinção, flores que só abrem na madrugada, paisagens ainda exclusivas e descobertas arqueológicas que até então apenas os cientistas tinham acesso. (AP).
PROJETO AMBIENTAL NO PIAUÍ SERÁ APRESENTADO NA ALEMANHA
Durante o evento realizado na Embaixada do Brasil em Berlim e depois na sede da DFG na capital e na cidade de Bonn o projeto do Viveiro Mata Branca do Instituto Ecológico Caatinga (IEC), ONG da cidade de São Raimundo Nonato e que trabalha na produção e distribuição gratuita de mudas de espécies nativas da Caatinga será destacado como uma importante iniciativa ambiental para conservação da biodiversidade do Piauí.
Com apoio da iniciativa privada através da empresa Suzano Papel e Celulose o viveiro Mata Branca já fez a produção e distribuição de milhares de mudas de árvores importantes do semiárido como a Aroeira, Angico, Gonçalo-Alves, Mulungu, Ipê, Tamboril entre muitas outras. O objetivo do projeto é contribuir com a recomposição florestal devolvendo para natureza uma parte dos produtos florestais que a Caatinga vem fornecendo ao homem durante décadas de ocupação do Nordeste.
Com slogans como ‘Uma Chance para a Caatinga’ e ‘Piauí Sempre Verde’ o projeto pretende agora em parceria com a ONG ProBrasil ampliar os trabalhos no semiárido e viabilizar campanhas educativas e sociais para envolver a comunidade da zona de entorno do Parque Nacional Serra da Capivara na cultura da reposição florestal, trabalhando para que às nascentes, rios e açudes voltem a ter coberturas vegetais que possam contribuir para manutenção de seus mananciais. (AP).
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