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Candidata revela como obteve gabarito do concurso do TJ do Piauí

O GP1 teve acesso ao depoimento de Bárbara Brenaelle Teles de Oliveira que foi presa e explicou detalhes de como funcionava o esquema.

O GP1 conseguiu com exclusividade o depoimento de mais um dos candidatos presos, no domingo (20), acusados de fraudar o concurso do Tribunal de Justiça do Piauí. Bárbara Brenaelle Teles de Oliveira revelou à polícia detalhes de como o esquema funcionava.

Em seu depoimento, Bárbara afirmou que é amiga e vizinha de Francisco Ivanderson, um dos presos na fraude, e que ele, como técnico de informática, já prestou vários serviços de conserto de computadores em sua residência. Certa vez, não sabendo precisar quando, Ivanderson teria oferecido facilidades para aprovação em concurso público afirmando que conhecia uma pessoa que possuía um esquema para aprovação em concursos públicos realizados no Estado e que como não tinha estabilidade financeira, Bárbara afirmou ter se interessado pela proposta e pediu para ser apresentada à pessoa encarregada pelo esquema.

Diante disso, na companhia de Francisco Ivanderson e do irmão dele, foi até a casa do agente da Strans conhecido como Josué. No encontro, Josué afirmou que conhecia várias pessoas que faziam provas de concurso, cada um em determinada área. Josué explicou ainda que essas pessoas que faziam as provas se reuniam para elaborar um único gabarito que seria enviado por mensagem de texto para o celular dos candidatos, mediante pagamento, e que esse envio ocorreria em média três horas após o início das provas.

Bárbara disse que Josué ofereceu gabarito da prova de analista judiciário, especialidade administrativa, do Tribunal de Justiça. Na ocasião, ela disse para Josué que não tinha dinheiro para pagar, mas Josué afirmou que ela poderia pagar depois, mas que não teria ficado estipulado um valor.

Já sobre o dia da prova, Bárbara Teles informou que fez o concurso na Universidade Estadual do Piauí (Uespi). Ela explicou que uma candidata percebeu que ela estava com um celular no bolso e comunicou o fato à fiscal de sala que então, chamou a coordenadora que solicitou os celulares que estavam em sua posse.

Bárbara relatou ainda que entregou o celular smarthphone que estava lacrado na sacola que recebeu da Fundação Getúlio Vargas e outro celular Multilaser que estava no seu bolso. Ela alegou que as mensagens com o gabarito chegaram ao celular Multilaser por volta das 12h30, ocasião em que já teria se retirado da sala pela coordenação.

Bárbara afirma que foi conduzida para a coordenação da Uespi, permanecendo lá por alguns minutos, até que foi encaminhada para a Central de Flagrantes de Teresina. Ela ainda relatou que não possui renda fixa, que trabalha em uma loja de bijuterias, com renda mensal de R$ 1.200 mil, e que se arrepende de tentar fraudar o concurso.

Depoimento da Coordenadora

A Coordenadora do Concurso da Fundação Getúlio Vargas, Fabiana Silva, em seu depoimento, explicou quais os procedimentos foram tomados após Bárbara Teles ter sido flagrada com celular na sala de aula.

Fabiana afirmou que por volta das 10h, estava na sala de coordenação quando foi avisada pela fiscal de nome Magdalena que uma candidata denunciou que outra concorrente, identificada como Bárbara, estava fazendo uso de celular dentro da sala de aula. Ela então solicitou que todos os candidatos apresentassem o malote plástico com celular dentro.

Declarou também que a candidata Bárbara estava bastante tensa e que solicitou que ela se levantasse da cadeira, quando observou que a jovem deixou de lacrar um aparelho celular que estava no bolso de trás da calça. Ela então fez a apreensão do celular, juntamente com o caderno de prova e conduziu a candidata para a coordenação.

Ela questionou a candidata o porquê de não ter lacrado aquele celular e Bárbara afirmou que precisava receber uma ligação da mãe que tinha problemas de saúde. Após reter o celular e permitir que a candidata voltasse para a sala, pois a mesma não tinha iniciado a prova, após vinte minutos, Bárbara retornou para a coordenação afirmando que havia terminado a prova e queria ir embora.

Após algum tempo começaram a chegar mensagens de texto com gabarito da prova tipo B. Diante das evidências, Bárbara confessou que fazia parte de um esquema para aprovação em concursos e que teria tido conhecimento dele através de Francisco Ivanderson. Fabiana então acionou a Polícia Militar, que conduziu Bárbara para a Central de Flagrantes.

Outros depoimentos

Na terça-feira (22), o GP1 mostrou com exclusividade os depoimentos de Francisco Ivanderson Alves da Silva, Evelyn Mariane Oliveira Ferreira e Wallace Araújo Reis, presos acusados de fraudar o concurso do Tribunal de Justiça.

O depoimento do técnico de informática Francisco Ivanderson foi o mais revelador. Ele explicou como funcionava o esquema. Ivanderson foi preso com celular que constava o gabarito da prova.

Áudio mostra venda do gabarito do concurso do Tribunal de Justiça


Áudio que circula nas redes sociais revela que o concurso público do Tribunal de Justiça do Piauí pode ter sido fraudado. A Polícia Civil já está investigando o caso. Na gravação, o negociador explica a uma candidata que a quantia cobrada pelo gabarito do concurso é de R$ 40 mil, mas que em outros estados o valor é de R$ 50 mil.

Prisões

Quatro candidatos do concurso do Tribunal de Justiça do Piauí foram presos, no domingo (20), durante a realização do certame em Teresina. Eles foram encontrados utilizando celulares no momento da realização da prova. Um menor de 17 anos também foi apreendido.

Os presos foram identificados como:
Evelyn Mariane Oliveira Ferreira, Francisco Ivanderson Alves da Silva, Wallace Araújo Reis e Bárbara Brenalle Teles de Oliveira.

O presidente do Tribunal de Justiça, desembargador Raimundo Eufrásio, informou que se for comprovados o envolvimento de mais pessoas o concurso será anulado: “Até o momento temos esses cinco flagrantes e vamos buscar mais pessoas envolvidas e se houver vai ensejar a anulação do concurso. Vamos aguardar as apurações da polícia e do próprio Tribunal", declarou.

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