O que você faria se tivesse a chance de ajudar mulheres em todo o Brasil que sofrem com violência doméstica? Algumas pessoas que presenciam esse tipo de situação podem fazer esse questionamento, como foi o caso do programador Kaio Souza. Na época que ainda era estudante, ele acabou testemunhando o caso de uma mulher que era vítima de violência doméstica, porém, por morar na zona rural, falta de acesso à internet e precariedade de outros serviços, não tinha como pedir ajuda.

A partir daí, Kaio Souza passou a se debruçar sobre a ideia de que um aplicativo, que funcionasse 100% offline, poderia ajudar essas mulheres, e foi assim que nasceu o “Guardiãs”. Ao GP1 , o programador confessou que a iniciativa é fruto de anos de pesquisa e que possui apenas um objetivo: ajudar as mulheres que sofrem, diariamente, com abusos dentro de casa.

Foto: Reprodução/Instagram
Kayo Souza

“Eu presenciei uma situação de violência doméstica, na qual a vítima morava na zona rural e não tinha acesso à internet. Nessa época, eu já estudava programação e, desde então, comecei a me dedicar sobre o projeto de desenvolver um aplicativo. Na minha pós-graduação eu já iniciei uma pesquisa, entrevistei mais de 100 mulheres que foram vítimas [de violência doméstica], e questionei o que faltou para elas pedirem socorro no momento da agressão. A maioria respondeu que o companheiro pegou o telefone, ou tinha provas no aparelho e ele apagava, em outros casos ele desligava o Wi-fi para elas não mandarem mensagens”, apontou o programador Kaio Souza.

Com a ideia, Kaio reuniu uma equipe formada por sete pessoas, que juntas se dedicaram a colaborar com a iniciativa, que será lançada em janeiro de 2024, e estará disponível de forma gratuita nos aparelhos IOS e Android. Entre as diversas funções do “Guardiãs” está a possibilidade de a vítima armazenar de forma offline vídeos, fotos e áudios, registros que podem contribuir, por exemplo, em um pedido de medida protetiva.

Não obstante, Kaio Souza explicou que o aplicativo também fornece outras ferramentas que têm o objetivo de facilitar o pedido de socorro, assim como funcionalidades precedentes às denúncias. “Foram 2 anos e meio de estudo para desenvolver funções, incluindo a função balance, criada a partir de uma consulta em que uma das vítimas relatou que no momento do pânico não tinha como ligar ou mandar mensagem. Além disso, também há a Inteligência Artificial, que faz o scanner que identifica lesão, pânico, medo e expressão de choro. Há também outros recursos que antecedem esse processo, como chat de apoio, fórum de comunidade e vários conteúdos sobre o assunto”, explicou o programador.

Por fim, visando também garantir a privacidade do usuário, o acesso à plataforma só pode ser desbloqueado através de senha numérica, reconhecimento facial e biometria, além do conteúdo armazenado ser completamente criptografado. Em suma, a proposta, segundo as palavras de Kaio Souza, pretende ser “um terceiro braço, ou seja, um aliado no combate à violência doméstica”.