A Delegacia de Repressão aos Crimes de Informática (DRCI), com o apoio da Polícia Civil do Mato Grosso, deflagrou uma operação na manhã desta quarta-feira (19) e prendeu quatro mulheres que integravam um grupo acusado de aplicar golpes em pacientes do Hospital São Marcos, em Teresina.
Ao todo, foram cumpridos quatro mandados de prisão e sete mandados de busca e apreensão expedidos pelo juiz da Central de Inquéritos, Valdemir Ferreira Santos, no bojo da investigação que apura a prática do crime de estelionato.

De acordo com a Polícia Civil, o grupo possuía acesso privilegiado a informações de pacientes internados no hospital de referência no tratamento de câncer na cidade de Teresina e, com esses dados, as criminosas entravam em contato com os familiares dos pacientes, solicitando valores que, supostamente, deveriam ser pagos para custear o tratamento. Os familiares, após o contato, realizavam transferências para contas indicadas pelas criminosas.

As investigações, que contaram com o apoio da 3ª Delegacia Seccional - Divisão 2 de Teresina-PI, identificaram mais de cinco vítimas do golpe entre os anos de 2024 e 2025.
Entenda o caso
Em 05 de dezembro de 2023, o GP1 publicou a primeira reportagem denunciando o caso. Familiares procuraram a equipe de jornalismo, narrando a situação e em 14 de junho de 2024, a Polícia Civil do Piauí instaurou um inquérito para investigar um grupo criminoso de mulheres do estado do Mato Grosso, acusadas de usar o nome do Hospital São Marcos para aplicar golpes em familiares de pacientes.
De acordo com as investigações, o grupo aplicou golpe em familiares de três pacientes internados no Hospital São Marcos, entre os meses de abril e maio de 2024. Orientado pelas investigadas, homens ligavam para os familiares se passando por médicos, pedindo dinheiro para realização de exames emergenciais. Com esses golpes, as acusadas obtiveram, ilicitamente, aproximadamente R$ 12 mil.
Em todas as situações, os acusados se passavam por um médico chamado Marcos Perillo e apresentavam informações detalhadas dos prontuários dos pacientes, aos quais, via de regra, somente os funcionários do hospital teriam acesso.
Primeiro golpe
O primeiro caso foi registrado no dia 29 de abril, quando um homem ligou para a sogra de um paciente, afirmando que o internado apresentava um sangramento no fígado e se não fosse contornado haveria falência múltipla dos órgãos e o consequente óbito. O suposto médico disse que o paciente precisava fazer duas tomografias no valor de R$ 3.700,00 e que estes novos procedimentos não eram liberados de forma imediata pelo seu plano de saúde, razão pela qual a família fez a transferência.
Segundo golpe
O outro episódio aconteceu na mesma data, quando o golpista informou ao filho de um paciente que havia sido identificado um sangramento na região da aorta abdominal e que a situação poderia agravar o quadro clínico. Alegando a necessidade de uma medicação, que o plano de saúde não cobriria, foi pedida transferência bancária e o filho do paciente transferiu R$ 4.550,00.
Terceiro golpe
Já o terceiro caso registrado ocorreu em 18 de maio, quando o golpista afirmou para a filha de um paciente que ele havia apresentado indicativo de sangramento no coração e que seria necessário realizar dois exames, pedindo a transferência de R$ 3.700,00, o que foi feito pela família.
O que disse o Hospital São Marcos
Na época da investigação, o gerente de Tecnologia da Informação do Hospital São Marcos foi intimado e disse acreditar ser impossível que alguém de outro estado conseguisse acessar o sistema sem as devidas credenciais. Ele afirmou que após o ocorrido o hospital buscou maneiras de aprimorar a segurança do sistema e restringir ainda mais os acessos.
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