A juíza Júnia Maria Feitosa Bezerra Fialho, da 4ª Vara Criminal da Comarca de Teresina, deferiu pedido e revogou a medida cautelar do uso de tornozeleira eletrônica do empresário Ilgner de Oliveira Bueno Lima, alvo da Operação Prodígio, acusado de integrar organização criminosa que aplicou golpe de R$ 5 milhões ao Banco Santander somente no Piauí.
Na decisão de 4 de setembro deste ano, a magistrada revogou ainda a medida de recolhimento domiciliar noturno, substituindo as demais por: comparecimento bimestral em juízo, para informar e justificar suas atividades; proibição de ausentar-se da Comarca onde reside, sem autorização da Justiça, durante a instrução do processo; comunicar ao juízo qualquer mudança de endereço, sob pena de revogação do benefício concedido; comparecer sempre que intimado; e não se envolver em outros crimes.
O empresário foi advertido que no caso de descumprimento injustificado das restrições impostas, poderá ser decretada a sua prisão preventiva.
Ratificação do recebimento da denúncia
A juíza ainda manteve o recebimento da denúncia quanto aos crimes de estelionato e lavagem de dinheiro e rejeitou em relação ao crime de organização criminosa.
No total, 31 pessoas são rés no processo: Anderson Ranchel Dias de Sousa, Ângela Marques de Almeida Terto, Ariosvan Lopes Pereira, Diana Mayara da Costa Reis, Dimona Cibele de Andrade Miranda, Eristay Cantuario Oliveira, Erisvelton Felipe Oliveira Santos, Handson Ferreira Barbosa, Ilgner de Oliveira Bueno Lima, João Gabriel Vieira Leal dos Santos, José Iann da Penha Passos, Juliana Maciel Aires, Kamila Thayline de Oliveira Gomes, Liedson Ribeiro da Costa, Louise Raquel Cardoso de Sousa, Marcelo Cristian Gomes Silva, Marcelo de Sousa Almeida, Maria Aparecida da Costa Morais, Rafael Soares de Oliveira, Raimundo Isaias Lima, Ramon Vitor Lopes Gomes, Rennan Erick de Oliveira Sousa, Sávio Máximo de Sousa Andrade, Simplício da Silva Santos, Tairo Nunes da Silva, Taise Nunes da Silva, Tiago de Carvalho Santos, Vinícius de Morais Sousa, Vitoria Ferreira do Nascimento, Wanderson Santos Queiroz e Washington Silva de Santana.
Operação Prodígio
A Superintendência de Operações Integradas - SOI, em conjunto com as Diretorias de Inteligência da Secretaria de Segurança Pública e a Polícia Civil do Piauí, deflagrou no dia 5 de setembro deste ano a “Operação Prodígio” para dar cumprimento a 25 mandados de busca e apreensão e 30 mandados de prisão temporária nas cidades de Teresina, Floriano, Amarante e Nazaré do Piauí, contra um grupo acusado de atuar em um esquema de fraude bancária que causou prejuízo de R$ 19 milhões a uma instituição financeira.
Conforme as investigações, desse valor, R$ 5 milhões são relacionados a fraudes praticadas em contas bancárias de agências localizadas no Piauí. A fraude consistia na cooptação de pessoas para abrir contas bancárias com dados falsos que levassem o banco a aumentar o limite de crédito desse cliente. Uma vez aberta a conta, a associação criminosa simulava uma série de transações bancárias para “esquentar” a conta, de forma que o banco entendesse que aquela renda declarada era legítima.
Como funcionava o esquema
De acordo com o delegado Anchieta Nery, entre os “clientes” estavam pessoas jovens que faziam cadastro dizendo ser médicas, mesmo com pouca idade. “Meninas de 19 anos faziam cadastro dizendo que eram médicas obstetras, por isso o nome da operação é prodígio. Apresentavam renda mensal de R$ 30 mil, aí faziam movimentação nessas contas para o motor de crédito do banco acreditar que recebiam R$ 30 mil, e essa pessoa, por exemplo, adquiria crédito, pedia crédito pessoal de R$ 60 mil e pagava, então, o limite subia para R$ 90 mil, até que a organização criminosa acreditava que tinha chegado no máximo de score que o banco podia dar e fazia o chamado tombamento, pegava o máximo de crédito, tirava da conta usando empresas fantasmas que foram abertas com essa finalidade e, por fim, não pagava mais", explicou.
"A organização então movimentava o dinheiro pelas empresas fantasmas que na frente saia rateado, parte para os líderes, parte, talvez, para alguém da instituição financeira com envolvimento e parte para os clientes que quiseram participar do esquema", afirmou Anchieta Nery.
Criação de empresas fantasmas
O delegado Anchieta Nery revelou que o empresário Ilgner Bueno e o pai dele, Raimundo Isaías Lima, criaram empresas fantasmas para movimentar o dinheiro oriundo das fraudes cometidas pela organização criminosa. “Ele criou empresas fantasmas, algumas no nome do pai para movimentar o dinheiro dessa organização criminosa, desse esquema, inclusive, uma dessas empresas chegou a receber até meio milhão de reais no período da investigação”, pontuou o delegado Anchieta Nery.
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