A Polícia Civil do Piauí investiga um grupo criminoso acusado de aplicar uma sequência de golpes no Armazém Paraíba, que causou um prejuízo de mais de R$ 3 milhões a empresa. O GP1 obteve, com exclusividade, os nomes dos investigados, que foram presos no último dia 15, no âmbito da Operação Parasitas.
Estão sendo alvos do inquérito policial, além de 19 empresas, 23 pessoas, entre funcionários, ex-funcionários e empresários: André Victor Pereira da Silva, Ivan Borges da Silva Júnior, Arlindo Adson de Sousa Silva, Osael Batista de Sousa Júnior, Luís Gustavo de Carvalho Silva, Alex Fabrício de Brito Silva, Raimundo Nonato Silva da Cruz, Claiton Araújo Lima Dourado, Cecílio da Penha Rosa Júnior, Ayonan Jhonata Silva Santos, Francisco Leonardo Barros de Sousa, Igo Campelo Cabral, Hellen Thainar Silva Alencar Mota, Joelison de Sousa Mota, Luís Henrique Alves da Silva, Luís Reginaldo Pires de Oliveira, Geovane Cabral da Silva, Rones David Ribeiro Pereira, Raimunda Nonata Teixeira, Ricardo Baresi da Silva Ribeiro, Luís Carlos Pereira Cunha, Bruno Eduardo Gonçalves do Vale e Francisco Alves de Lima. Destes, sete continuam presos temporariamente.
A investigação teve início após o Armazém Paraíba informar que, após auditoria interna, foi constatada a existência de uma associação criminosa que atuava na emissão de notas “frias”, notas superfaturadas e desvio de peças de veículos do setor de oficina da empresa. Os elementos até então colhidos apontam que os crimes eram praticados por funcionários e ex-funcionários do setor de frotas e oficina do Armazém Paraíba, em conluio com fornecedores de peças e serviços automotivos.
A direção executiva do Armazém Paraíba, ao apresentar o resultado da auditoria interna, informou que a empresa sofreu prejuízo no valor de R$ 3.150.867,09 (três milhões, cento e cinquenta mil, oitocentos e sessenta e sete reais e nove centavos).
Como funcionava o esquema
Segundo as investigações, o grupo atuava da seguinte forma: comprando peças com valores superfaturados, dividindo o valor excedente; emitindo notas fiscais “frias”, referentes a peças e/ou serviços automotivos, cujos valores, após compensados pelo setor responsável, eram divididos entre os membros do esquema; e criando uma demanda de peça que estava em preço de acordo com o de mercado, a nota estava em conformidade com a legislação fiscal; mas, ao chegar na oficina, era desviada e vendida no mercado paralelo.
Foi identificada a participação de quatro funcionários que à época da instauração do inquérito possuíam vínculo trabalhista ativo com o Paraíba: Lucas Miguel da Costa Feitosa, Marcos David Vilarinho Araújo, Joacy Silva Júnior e Carlos Ricardo Viana Pinheiro. Entretanto, todos os investigados afirmaram, em depoimento, que o esquema era liderado por André Victor Pereira da Silva e Ivan Borges da Silva Júnior, ex-funcionários da empresa do Grupo Claudino.
Empresas de fachada
Os investigadores concluíram que a rede de fraudes era extensa e bem organizada, envolvendo várias camadas de operações ilegais destinadas a enriquecer os líderes da organização e seus cúmplices. Entre as principais conclusões, foi verificada a existência de empresas de fachadas, criadas unicamente para a prática delitiva, bem como a existência de indivíduos que eram encarregados de fazer o levantamento de valores junto ao caixa do Armazém Paraíba para mais de uma empresa, o que comprova o vínculo associativo entre os investigados.
Prisão dos investigados
Diante da representação policial, no dia 13 de maio o juiz Valdemir Ferreira Santos decretou a prisão preventiva dos 23 investigados, determinando também a suspensão das atividades econômicas das empresas suspeitas de envolvimento nos crimes: APS Motos, Multcar APS, Car Diesel, Multcar Diesel, L. G. de Carvalho Silva Ltda, Alex Fabrício de Brito Silva, RN Mangueiras e Parafusos, CM Tratores Comércio de Peças, Eletro Truck, Carneiros Auto Peças, Francisco Leonardo Barros de Sousa, Centro Diesel, Cabral Auto Center, Atacadão das Mangueiras e Parafusos, JR Truck, LH Representações, LP Auto Peças e Atacadão dos Parafusos.
Os investigados foram presos no dia 15, no âmbito da Operação Parasitas, deflagrada pela Superintendência de Operações Especiais da Secretaria de Segurança Pública do Piauí. Os mandados foram cumpridos nos estados do Piauí e Maranhão.
Dos 23 alvos da polícia, sete permanecem presos, após terem a prisão temporária prorrogada por determinação judicial. São eles: André Victor Pereira da Silva, Ivan Borges da Silva Júnior, Arlindo Adson de Sousa Silva, Raimundo Nonato Silva da Cruz, Alex Fabrício de Brito Silva, Claiton Araújo Lima Dourado e Igo Campelo Cabral.
Sequestro dos bens
Na mesma decisão em que determinou a prisão dos acusados, o juiz Valdemir Ferreira Santos determinou o sequestro, via Sisbajud, das contas bancária das pessoas físicas e jurídicas investigadas até o limite do valor total do prejuízo sofrido pelo Armazém Paraíba, no caso, o valor de R$ 3.150.867,09 (três milhões, cento e cinquenta mil, oitocentos e sessenta e sete reais e nove centavos).
Habeas corpus
A defesa de Arlindo Adson de Sousa ingressou com habeas corpus pedindo sua soltura, alegando a inexistência dos requisitos/fundamentos autorizadores da prisão temporária e que seriam cabíveis medidas cautelares diversas da prisão.
O pedido foi negado pelo desembargador Erivan Lopes, que considerou a necessidade de prorrogação da prisão temporária para as investigações, a complexidade do caso e a gravidade da conduta imputada ao acusado.
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