O Tribunal de Justiça do Piauí, por meio da 1ª Câmara Especializada Criminal, reduziu 13 anos da pena de reclusão de Victor Daniel Moraes Silva, condenado pelo latrocínio contra o estudante de Direito João Pedro Lima Teixeira. A princípio, o criminoso foi condenado a 73 anos, 09 meses e 15 dias de reclusão em regime fechado por roubo tentado, associação criminosa, corrupção de menores e latrocínio, além de pagamento de indenização por danos morais à família da vítima no valor de R$ 20 mil.
Entretanto, durante julgamento realizado na última quinta-feira (18), do recurso apresentado pela defesa de Victor Moraes, o desembargador Sebastião Ribeiro Martins deu conhecimento e parcial provimento ao pedido de redução da pena para 60 anos, três meses e 22 dias de reclusão, além da exclusão do pagamento de indenização por danos morais.
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Recurso em 2º Grau
A defesa de Victor Daniel Moraes Silva solicitou, junto ao Juízo de 2º grau, a absolvição do réu em relação à prática de crime de roubo tentado contra Thiago da Silva Freitas, ocorrido minutos antes do latrocínio de João Pedro Teixeira. Esse aspecto, no entanto, foi mantido pelo desembargador, que atestou a comprovação da prática do crime nos autos do processo, através do reconhecimento utilizado pela vítima, de vídeos da ação criminosa, declarações das vítimas e depoimentos das testemunhas.
Segundo o recurso apresentado pelo apelante, também foi solicitada a absolvição da condenação por associação criminosa e corrupção de menores. Esses dois casos também foram mantidos. No primeiro caso, o magistrado ressaltou que “restou comprovada a associação dos acusados para o cometimento de delitos pelo inquérito policial”, acerca do envolvimento de três adultos: Victor Daniel Moraes Silva, Anderson Monteiro Silva e Daniel de Sousa Barbosa, e um adolescente, na prática do crime.
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Na ocasião, Victor Daniel e Daniel Barbosa realizavam os assaltos, enquanto Anderson recebia os celulares produtos do roubo e os resetava, para, posteriormente, revendê-los. O adolescente é apontado nos autos como a pessoa que emprestou a motocicleta utilizada pelos dois comparsas nos assaltos. Em relação ao menor de idade, a defesa ainda apontou que os envolvidos não tinham conhecimento da idade dele, o que foi descartado visto a relação próxima entre os integrantes da associação criminosa.
Exclusão de culpabilidade e conduta social
Em relação à dosimetria da pena, a magistrada Júnia Maria Feitosa Bezerra Fialho aplicou o concurso material de culpabilidade e conduta social do réu em decisão do 1º Grau. A defesa pediu que fosse desconsiderada essas duas negativas para dar lugar à continuidade delitiva. Conforme jurisprudência apresentada pelo relator, para preencher o requisito de continuidade, os crimes seguir os seguintes preceitos: ser da mesma espécie, terem sido cometidos pelas mesmas condições de tempo, com identidade de lugar, mesmo modo de execução e que um crime seja a continuação do primeiro.
O aspecto não foi reconhecido entre os crimes de roubo e latrocínio, visto que os dois crimes não tutelam os mesmos bens jurídicos. “O roubo tutela o patrimônio e a integridade física (violência) ou o patrimônio e a liberdade individual (grave ameaça), enquanto o latrocínio, o patrimônio e a vida, e a associação criminosa, a paz pública”, afirmou o relator em trecho da decisão.
A única tese acatada foi a aplicação do quantum de 1/8 para cada circunstância negativa das penas máxima e mínima, considerada na dosimetria da pena, por ser mais benéfico ao réu. A priori, foi considerado o aumento de um ano sobre a pena mínima para roubo majorado, dois anos para o crime de latrocínio e um ano para associação criminosa. Mas, após análise de recurso, foi reduzido para nove meses o aumento da pena para roubo majorado, um ano e três meses para latrocínio e três meses para associação criminosa, fixando a pena em definitivo para 60 anos, três meses e 22 dias de prisão.
O crime
O estudante de Direito e empresário, Pedro Teixeira, de 22 anos morreu, no dia 17 de março de 2023, após ser alvejado com tiro durante uma tentativa de assalto na Vila Samaritana, zona leste da capital.
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Ele seguia em uma motocicleta na rua Neblina quando foi abordado por dois criminosos, que anunciaram o assalto e efetuaram um disparo de arma de fogo, que atingiu seu pescoço. Victor Daniel Moraes Silva foi preso no dia seguinte, em flagrante, e teve a prisão convertida em preventiva durante audiência de custódia.
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