O Brasil é um dos países mais ansiosos do mundo, com cerca de 18,6 milhões de pessoas diagnosticadas com ansiedade e 11,7 milhões com depressão. Nos últimos anos, tem sido evidente um aumento expressivo na procura por terapia em Teresina e as razões por trás disso são diversas e complexas. Em entrevista ao GP1, a psicóloga e mestre em gestão em saúde coletiva, Cláudia Aline, explicou os motivos para esse contexto.
Cláudia destacou que muitas pessoas buscam terapia devido a vivências de medo e ansiedade. Além disso, ela explicou que há indivíduos enfrentando grande sofrimento, especialmente relacionado ao luto, onde sentimentos não expressos podem se acumular. "Muitas pessoas têm vivências de medo, ansiedade, crises existenciais, querendo resolver problemas internos, querendo se autoconhecer e pessoas com um grau de sofrimento muito grande, principalmente em relação ao luto, lutos que as pessoas não estão reconhecendo, lutos adiados onde as pessoas não conseguem se expressar", frisou a profissional.
Ainda de acordo com a psicóloga, a saúde mental é fundamental para nos sentirmos fortalecidos emocionalmente, o que é essencial para lidar com os desafios do dia a dia e para alcançar o bem-estar geral. “O psiquiatra Vitor Pordeus diz que a saúde mental é a fonte de toda a saúde. Se você está bem da mente, você está bem no corpo”, ressaltou.
A importância da saúde mental para o bem-estar geral
Para muitos, a dificuldade em buscar apoio e identificar o momento certo para iniciar a terapia é um desafio. Cláudia Aline destacou que há uma quantidade significativa de pessoas com tristeza persistente, que vai além das frustrações do dia a dia. "Quando você tem dificuldade de seguir em frente, fazer suas coisas sozinhos, fazer suas coisas com mais criatividade, com mais facilidade de ter suas realizações profissionais e pessoais, é um sinal de que você precisa de ajuda", afirmou a psicóloga.
Para entender melhor a importância da saúde mental, o GP1 conversou com diversas pessoas, incluindo as que fazem terapia regularmente, como o jornalista André Linhares, que abriu o coração sobre sua batalha contra a ansiedade generalizada.
Ele compartilhou também que encontrar o terapeuta certo tem sido uma jornada repleta de altos e baixos. “Procuro ajuda de um psicólogo devido à ansiedade generalizada, faz mais de 5 anos que faço acompanhamento, mas troco de profissional constantemente, tem certos profissionais que não se encaixam com o paciente, no momento faço terapia duas vezes por semana e tem me ajudado e refletir sobre as ansiedades do dia a dia e como as resolver”, disse.
Everson Oliveira, especialista em Marketing, compartilhou sua experiência pessoal com a terapia. Ele enfatizou que buscar ajuda profissional para lidar com desafios emocionais foi uma decisão crucial para sua qualidade de vida e bem-estar mental.
“Decidi procurar terapia porque estava enfrentando desafios emocionais que estavam afetando minha qualidade de vida e meu bem-estar mental. Foi uma decisão importante para aprender a lidar melhor com minhas emoções e cuidar da minha saúde mental. A terapia é fundamental para a saúde mental, pois proporciona um espaço seguro para explorar e compreender nossos pensamentos, emoções e comportamentos. Ao trabalhar com um terapeuta, podemos desenvolver habilidades para lidar com o estresse, ansiedade, depressão e outros desafios emocionais. Isso tem um impacto significativo na minha qualidade de vida, permitindo-me cultivar relacionamentos mais saudáveis, tomar decisões mais conscientes e viver de forma mais equilibrada e satisfatória”, contou Everson a nossa reportagem.
Por outro lado, Nubia Batista, professora e Mãe de Santo, compartilhou sua jornada pessoal, enfatizando a importância de buscar ajuda profissional, para lidar especialmente com momentos de transição, como gravidez e divórcio.
“Fiz terapia a primeira vez quando era bem nova, foi uma dor de amor, um namoro que acabou e me senti sem chão, quando uma amiga me indicou fazer terapia, eu nem conhecia isso. Depois de adulta resolvi buscar a terapia para conseguir entender melhor meus sentimentos, até que recebi alta. Mas a alta da terapia não é eterna, me deparei com uma gravidez e um divórcio [de um casamento de 30 dias] e precisava falar, precisava colocar para fora, e reconheci que não adianta falar para amigos ou conhecidos, as pessoas 'normais' tem a inclinação em dar opinião, querer achar soluções ou até julgam o que sentimos, então nada melhor do que a sala de um terapeuta. E assim tem sido, já estou com 38 semanas de gestação e sigo na terapia, inclusive como forma de diminuir as chances de uma depressão pós-parto, que segundo a psicóloga, no meu caso, tem grandes chances de acontecer. Mas quem ajuda também precisa ser ajudado, afinal somos seres humanos, e não conheço um que não precise de um suporte”, pontuou Núbia.
Desafios e estigmas associados à saúde Mental
A psicóloga Cláudia Aline destacou a falta de acesso aos serviços de saúde mental no setor público como um problema significativo, bem como o estigma social que cerca os transtornos mentais. "Ainda existe esse estigma social, onde as pessoas se sentem acuadas, envergonhadas e até mesmo desrespeitadas ao buscar ajuda", afirmou a profissional.
Serviços disponíveis e mensagem de ESPERANÇA
Apesar dos desafios, existem diversos serviços disponíveis para aqueles que precisam de ajuda. Desde os Centros de Atenção Psicossocial (CAPS) até serviços de atendimento psicológico gratuito, como o "Minutos pela Vida", há uma variedade de recursos acessíveis para aqueles que buscam apoio emocional.
Portanto, para aqueles que ainda hesitam em buscar ajuda, é importante reconhecer que não estão sozinhos e que há recursos disponíveis para enfrentar seus desafios emocionais. A mensagem de esperança é clara: buscar ajuda profissional é um passo corajoso em direção ao autocuidado e à saúde emocional.
O GP1 separou alguns serviços gratuitos de tratamento em saúde mental oferecidos na capital piauiense:
Minutos pela Vida (Sesapi)
Atendimento psicológico de segunda a sexta-feira, 8h às 18h – telefone: 08002802882.
Centro de Valorização à Vida (CVV)
Em Teresina, o Centro de Valorização à Vida (CVV) realiza apoio emocional e prevenção de suicídio há 60 anos, atendendo as pessoas de forma voluntária e gratuita. Pessoas que necessitam de ajuda podem entrar em contato com o CVV através do número 188. Além disso, o Centro disponibiliza o site, onde é possível ter acesso ao endereço de e-mail e chat.
Unidades Básicas de Saúde / Unidades de Saúde da Família – atuação nos bairros.
CAPS – Centros de Apoio Psicossocial – a população deve procurar a do seu bairro.
Ambulatório PROVIDA
Já o ambulatório PROVIDA (serviço de prevenção ao suicídio) realiza atendimento na Rua Álvaro Mendes, 1557, Centro. Com funcionamento das 8h às 12h e das 14h às 18h, de segunda a sexta-feira.
O atendimento acontece por demanda espontânea como forma de intervir emergencialmente, a curto prazo, a ideação suicida.
Conecte Sus
Para reforçar o cuidado à saúde mental, no aplicativo Conecte SUS é possível buscar o estabelecimento com atendimento de saúde mental mais próximo de você.
Universidades e faculdades oferecem atendimento psicológico gratuito à população
Muitas universidades teresinenses contam com atendimentos psicológicos gratuitos como uma atividade de extensão para os cursos das universidades e faculdades de Psicologia.
Faculdade Santo Agostinho - (86) 3234-5540;
Faculdade Estácio - (86) 4009-4319 / 4009-4307;
Clínica Escola da Facid - 0800 771 5001;
UESPI - O Serviço, situado no Campus Poeta Torquato Neto (Teresina), é gratuito e disponibiliza um atendimento especializado para acolher estudantes, servidores, técnicos e docentes da universidade. Para realizar o atendimento é preciso preencher um formulário de solicitação de atendimento. Atendimento exclusivo de estudantes matriculados na Uespi;
UFPI - O Serviço de Apoio Psicológico (SAPSI) é um serviço de Psicologia Escolar e Educacional direcionada à comunidade universitária com matrícula nos cursos de graduação, prioritariamente, selecionados por critérios socioeconômicos. Contato: [email protected];
Centro Integrado de Saúde - (86) 2106-0732.
Rede de atenção Psicossocial do Piauí
As redes de apoio psicossocial são serviços de saúde de caráter aberto e comunitário voltados aos atendimentos de pessoas com sofrimento psíquico ou transtorno mental, incluindo aquelas com necessidades decorrentes do uso de álcool, crack e outras substâncias, que se encontram em crise.
A Rede de Atenção Psicossocial é constituída pelos componentes de Atenção Básica em Saúde, da Atenção Psicossocial Especializada, da Atenção de Urgência e Emergência, da Atenção Residencial de Caráter Transitório e Atenção Hospitalar. A rede é composta por 67 Centros de Atenção Psicossocial (CAPS).
Perfil analítico da Psicóloga Claudia Aline
A psicóloga Cláudia Aline é mestre em Gestão e Saúde Coletiva, e atualmente doutoranda em Psicologia na Universidade Federal do Espírito Santo.
Especializada em Tanatologia, Docência do Ensino Superior, Psicologia da Educação, e Saúde Coletiva e da Família.
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