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Teresina - Piauí

Advogado do ex-contador de Itallo Bruno diz que Operação Jogo Sujo foi midiática

O advogado Joan Oliveira chamou ainda a operação de nefasta e que a intenção foi promoção pessoal.

As defesas de Leticia Evellyn dos Santos Carneiro e Marcos Victor Pereira Silva, ex-namorada e ex-contador do influenciador Itallo Bruno, presos durante a "Operação Jogo Sujo", deflagrada na última quinta-feira (11), criticaram a atuação da Polícia Civil no caso. O advogado Joan Oliveira classificou a ação como midiática.

Os presos são investigados pelos crimes de promoção de jogos de azar, organização criminosa e lavagem de dinheiro.


Ambas as defesas já ingressaram com pedido de habeas corpus junto ao Tribunal de Justiça do Piauí.

O que diz a defesa de Marcos Victor

O advogado Joan Oliveira, que defende Marcos Victor, chamou a operação de nefasta e disse que a intenção dos policiais foi promoção pessoal. “A defesa entende que se trata de uma operação nefasta, totalmente arbitrária, com intuito de promoção pessoal dos agentes do Estado. Trata-se de uma operação, como o nome diz, jogo sujo, a defesa entende que realmente foi um jogo sujo por parte da polícia porque a prisão foi resultado de uma investigação baseada em relatórios do Coaf e quem iniciou a investigação foi o próprio delegado da Delegada de Informática”, criticou Joan Oliveira.

Foto: Lucas Dias/GP1Joan Oliveira
Joan Oliveira

O advogado destacou ainda que o Ministério Público foi contrário às prisões preventivas dos investigados. “Isso mostra que o delegado se usurpou de uma operação para se colocar na mídia, foi uma operação totalmente midiática”, declarou Joan Oliveira.

Joan Oliveira garantiu ainda que Marcos Victor exerceu apenas a sua profissão de contador, dentro da legalidade. “A defesa alega que o Marcos Victor é inocente, ele não cometeu nenhum crime, porque ninguém pode ser processado pela sua ocupação, ele apenas prestava serviço como contador, ele apenas realizava demandas que eram pedidas pelo Itallo”, argumentou o advogado.

“Eu quero ressaltar que ele não possui mais vínculo com o Itallo desde setembro do ano passado, ele saiu do grupo e não prestava mais nenhum serviço de contabilidade, inclusive, ele estava trabalhando como assistente de compras de uma rede de farmácias, demostrando que a polícia sequer fez uma investigação para saber se ele tinha alguma participação atual”, pontuou o advogado Joan Oliveira.

Foto: Lucas Dias/GP1Advogados Alairton Barroso e Joan Oliveira
Advogados Alairton Barroso e Joan Oliveira

“No nosso organograma jurídico processual é vedada a prisão preventiva sem ser contemporânea aos fatos, ou seja, uma pessoa que estivesse praticando o crime 4 meses atrás não pode ser presa preventivamente hoje porque não tem contemporaneidade dos fatos, tem que ser a investigação sobre crime que a pessoa supostamente esteja praticando atualmente, mas até poderiam ser aplicadas outras medidas como pedir a suspensão da função do exercício como contador, por exemplo”, completou Joan Oliveira.

O que diz a defesa de Letícia Evellyn

Em entrevista ao GP1, nesta segunda-feira (15), Alairton Barroso, advogado de Letícia Evellyn, afirmou que ela não possui nenhum envolvimento com Itallo, muito menos com rifas online e que, inclusive, possui uma medida protetiva contra o influenciador, por violência doméstica.

“A participação da Letícia, que a própria polícia aponta, é por ela ser ex-namorada de Itallo Bruno, mas ela não tem nada que ligue os dois. Eles estão separados há quase 2 anos e ela, inclusive, tem uma medida protetiva contra o Itallo”, afirmou Alairton.

Foto: Lucas Dias/GP1Advogado Alairton Barroso
Advogado Alairton Barroso

Ainda conforme o advogado, Letícia nunca divulgou rifa online de Itallo ou qualquer outro tipo de rifa. “Realmente ela é uma influenciadora digital, mas ela nunca divulgou rifa que pertença ao Itallo e também não divulgou nenhuma outra rifa, o que ele divulgava era produtos e serviços, como roupas e parcerias com restaurantes que é o que todo influenciador digital faz”, declarou Alairton Barroso.

“O que a gente fica abismado é porque nem no organograma que a própria polícia fez Letícia é citada, isso termina prejudicando a imagem dela, de uma jovem de 19 anos. Hoje ela encontra-se presa e isso macula a imagem dela porque não há nenhum vínculo com Itallo que justifique a prisão dela”, pontuou o advogado.

O advogado Alairton criticou ainda o fato da polícia não intimar em nenhum momento a Letícia para esclarecimentos antes do pedido de prisão preventiva. “Em nenhum momento ela foi intimada, foi uma prisão preventiva onde não deram nem a oportunidade de se recorrer em liberdade”, disse.

Foto: Lucas Dias/GP1Alairton Barroso
Alairton Barroso

A defesa já ingressou com pedido de habeas corpus, contudo, ela deverá recorrer ao Superior Tribunal de Justiça. “Já entrei com pedido de habeas corpus junto ao Tribunal de Justiça do Piauí e estamos esperando a decisão, mas é uma decisão que provavelmente não será favorável, tendo em vista a repercussão que está tendo no caso, então vamos ter que recorrer ao STJ”, declarou Alairton Barroso.

Operação Jogo Sujo

A Polícia Civil do Piauí, por meio da Delegacia de Repressão aos Crimes de Informática (DRCI), deflagrou a Operação Jogo Sujo nas primeiras horas da manhã de quinta-feira (11), em Teresina. O objetivo da ação foi reprimir os crimes de jogos de azar, lavagem de dinheiro e organização criminosa.

Foram cumpridos mandados de prisão preventiva e de busca e apreensão em residências de suspeitos de obter vantagem ilegal por meio de jogos de azar, além da ocultação de patrimônios que teriam sido adquiridos por meio da prática de jogos. Entre os principais alvos está Itallo Bruno, que foi preso com mais 12 pessoas, incluindo integrantes da própria família do influenciador.

Os investigados são: Itallo Bruno Nunes e Silva; Lucas Soares Campos de Carvalho; Samia Camila Nunes e Silva (irmã de Itallo); Thales Victor Costa; Lucilene Nunes de Sousa (mãe de Samia e Itallo); Kelton Douglas da Silva Moura; Rikelme de Franca Silva Soares Moura; Leticia Evellyn dos Santos Carneiro (ex-namorada de Itallo); Marcos Victor Pereira Silva; José Phablo Rangel Oliveira dos Santos; Valdir Sousa e Silva (pai de Itallo); Israel Veloso da Silva e Vinicius Alves da Silva Barbosa.

Foto: Reprodução/InstagramItallo Bruno, Samia Camila, Lucilene Nunes e Letícia
Itallo Bruno, Samia Camila, Lucilene Nunes e Letícia

Blogueiro dos “graus” e das rifas

Itallo Bruno acumula quase 680 mil seguidores no seu Instagram e é conhecido por ostentar motos de luxo, as quais faz manobras de empinar a roda dianteira, conhecido como “grau”. O blogueiro também divulgava rifas que prometiam prêmios de grandes valores, com sorteios de valor bem abaixo.

Por meio do seu perfil, ele realizava diversas publicações em viagens pelo Brasil e também fazendo o uso de veículos de alto valor financeiro. Constantemente, o influenciador postava e comentava sobre a compra de novos veículos para uso pessoal.

Ligação com fação criminosa

Ainda conforme a polícia, no relatório do Coaf também foram identificadas movimentações financeiras com pessoas investigadas e presas, “com destaque para José Phablo Rangel Oliveira dos Santos, notório membro da facção Bonde dos 40”.

Conselheiro contábil

De acordo com as informações levantadas através de investigação, foi descoberto que Marcos Victor era uma espécie de conselheiro contábil e jurídico de Itallo Bruno, sendo o responsável por auxiliá-lo nas compras de imóveis e veículos, afirmando até quando e onde comprar e auxiliando na questão contábil dos negócios que são feitos realizando os pagamentos e valores recebidos na Rifa do Itallo Bruno.

Revogação de prisão

O juiz Valdemir Ferreira Santos, da Central de Inquéritos de Teresina, revogou a prisão preventiva de Lucas Soares Campelo de Carvalho, preso durante a Operação Jogo Sujo, deflagrada pela Polícia Civil do Piauí, nessa quinta-feira (11).

O alvará de soltura foi assinado ainda na tarde de quinta (11) depois de requerimento da autoridade policial que alegou que após o cumprimento do mandado de prisão, Lucas esclareceu os fatos apurados na investigação ao demonstrar que seu envolvimento no caso se revestiu de natureza tangencial aos fatos principais.

O magistrado então acolheu o pedido da autoridade policial e revogou a prisão de Lucas Soares, determinando a expedição do alvará de soltura. Lucas Soares é servidor comissionado da Assembleia Legislativa do Piauí (Alepi).

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