A juíza Valdênia Moura Marques de Sá, da 8ª Vara Criminal da Comarca de Teresina, recebeu denúncia do Ministério Público do Estado do Piauí, no dia 29 de agosto deste ano, contra o fisioterapeuta Willanimy Petterson Guedes de Miranda e Silva, acusado de usar nomes de deputados estaduais para aplicar golpes. A esposa de Willanimy, Mariane Araújo Cavalcante, também virou ré. Eles responderão pelo crime de estelionato.
De acordo com a denúncia do promotor Savio Eduardo Nunes de Carvalho, baseada em inquérito policial, no dia 13 de fevereiro de 2023, o irmão da vítima, de iniciais I. A. da S., ligou para ela informando que uma pessoa estava ofertando vagas de trabalho de motorista junto a deputados estaduais e que ele havia fornecido o seu contato telefônico para o mencionado indivíduo, já que ele estava desempregado.
No mesmo dia, um homem identificado como Willanimy telefonou para a vítima e informou que possuía uma vaga de trabalho de entregador, desde que o interessado aceitasse laborar diariamente até as 14 horas e tivesse disponibilidade para realizar viagens, com diárias avaliadas em R$ 120,00.
Acusado negociou ‘golpe’ no Palácio da Justiça
Acreditando em Willanimy, os dois se encontraram, no bairro Lourival Parente, e de lá foram até o novo prédio do Tribunal de Justiça do Piauí, localizado na Avenida Padre Humberto Pietrogrande, no bairro São Raimundo, onde o réu conversaria com um tio, apresentado como o empresário responsável pela contratação.
Após entrar no Palácio da Justiça, Willanimy voltou afirmando que a contratação da vítima estava mais que certa. Contudo, após deixarem o local, o veículo da vítima, um Palio, apresentou problemas no sistema de ventilação. “Nesse sentido, a pessoa de Willanimy advertiu Luís de que aquelas condições mecânicas não seriam bem avaliadas pelos contratantes, tendo, desse modo, sugerido que o interessado no emprego vendesse o referido automóvel e comprasse um novo, o qual seria devidamente quitado com o recebimento dos salários do novo trabalho”, diz trecho da denúncia.
Em ato contínuo e acreditando na idoneidade da proposta, a vítima acompanhou Willanimy até o Cartório Themístocles Sampaio para, supostamente, realizar a autenticação dos documentos necessários à formalização do contrato trabalhista e ao financiamento de um veículo novo, tal como ajustado anteriormente.
Participação de Mariane Araújo
Consta então que Willanimy orientou que a vítima se deslocasse, por volta das 15h do dia 14 de fevereiro de 2023, ao bairro Lourival Parente, para encontrar-se com Mariane Araújo Cavalcante (suposta namorada de Willanimy), que a conduziria até um suposto comprador do veículo.
“Desse modo, seguindo fielmente as orientações de Willanimy, a pessoa de Luís, acompanhado da nacional Mariane, tentou encontrar um comprador para o seu veículo, no dia ajustado, porém não obteve o êxito esperado”, pontuou o promotor de Justiça.
A vítima encontrou um comprador para o carro e, no dia 15 de fevereiro de 2023, negociou o veículo com C. R. da S., pela importância de R$ 7.900,00. Na oportunidade, foi indicada a conta bancária de Mariane Araújo Cavalcante para a transferência do dinheiro, o que foi feito.
“Além disso, a sua filha depositou mais R$ 5.350,00, totalizando-se, desse modo, o montante de R$ 14.000,00 (quatorze mil reais) transferidos para a conta bancária de Mariane Araújo Cavalcante, tida como companheira de Willanimy, a ser empregado a título de entrada do financiamento de um novo veículo”, relatou o promotor Savio Eduardo.
Acusado "sumiu"
Já no dia seguinte, 16 de fevereiro de 2023, após tentar telefonar para Willanimy, a vítima não obteve nenhum retorno. Tempos depois, a vítima descobriu que o acusado tratava-se de Willanimy Petterson Guedes de Miranda e Silva, pessoa já bastante conhecida no meio policial pela prática de fraudes.
A vítima foi até a delegacia de polícia e registrou o Boletim de Ocorrência, bem como apresentou o Termo de Representação Criminal em face do casal.
Investigação
Durante a investigação, a polícia constatou que Willanimy Petterson e Mariane Araújo, agindo dolosa e previamente ajustados, atuavam no oferecimento de postos de trabalho fictícios, ludibriando e fazendo com que as vítimas depositassem vultuosos valores monetários em suas contas bancárias para garantir a contratação no novo emprego e financiar supostos automóveis novos, desaparecendo em poder das importâncias recebidas.
Após tomar conhecimento da investigação, Mariane Araújo devolveu à vítima o valor de R$ 6.800,00, restando, ainda, o prejuízo de R$ 7.200,00, oriundo da falsa promessa de trabalho e do financiamento veicular.
Ao final do inquérito, a autoridade policial encerrou as investigações e apresentou relatório conclusivo com o indiciamento de Willanimy Petterson e Mariane Araújo pelo crime de estelionato.
Prisão
Willanimy Petterson foi preso no dia 1º de agosto deste ano pela Polícia Civil do Piauí, através da Diretoria de Polícia Metropolitana, em conjunto com a Diretoria de Operações de Trânsito. A prisão foi feita na Avenida Gil Martins, próximo ao Estádio Albertão.
A esposa dele, Mariane Araújo, foi presa no dia seguinte no bairro Monte Castelo, zona sul de Teresina.
Preso outras cinco vezes
Em dezembro de 2016, Willanimy Petterson foi preso acusado de aplicar golpe de mais de R$ 15 mil em duas pessoas. A prisão foi feita em uma residência situada no bairro Renascença III, na zona sudeste de Teresina.
Menos de um ano depois, em setembro de 2017, o fisioterapeuta foi preso mais uma vez acusado de aplicar golpes através das redes sociais. Ele foi preso em um hotel no centro de Teresina. No mesmo ano, no mês de novembro, ele foi preso novamente, daquela vez em Nazaré do Piauí, em cumprimento a mandado de prisão preventiva por estelionato.
Em 2019, ele foi detido duas vezes, em fevereiro e março, ao utilizar o nome da Assembleia Legislativa do Piauí e da Prefeitura de Teresina para aplicar golpes. Na época, quase 30 pessoas em Demerval Lobão foram vítimas do indivíduo, que prometia a locação de veículos mediante falsos contratos.
Condenações
No dia 29 de maio de 2018, o juiz Raimundo Holland Moura de Queiroz, da 6ª Vara Criminal de Teresina, condenou Willanimy Petterson Guedes de Miranda e Silva a 1 ano e três meses de reclusão por estelionato.
Um ano e meio depois, em novembro de 2019, Willanimy Petterson foi condenado a três anos de prisão, em regime semiaberto, novamente por estelionato. A sentença foi dada pelo juiz auxiliar da 1ª Vara Criminal da Comarca de Teresina, Edvaldo de Sousa Rebouças Neto.
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