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Teresina - Piauí

Paciente espera há 51 dias por internação no HGV: "não quero morrer"

A assessoria do HGV informou ao GP1 que a paciente deu entrada na unidade ainda nesta quarta.

Laís Mendes Morais, 34 anos, sofre de insuficiência renal crônica e faz hemodiálise há oito anos em Teresina. Em entrevista ao GP1, nesta quarta-feira (27), a paciente narrou que precisa urgentemente ser internada no Hospital Getúlio Vargas (HGV), a fim de realizar o procedimento cirúrgico de diálise peritoneal, necessário para a sua sobrevivência. Após a reportagem, a assessoria do HGV informou ainda na tarde desta quarta que a paciente deu entrada na unidade de saúde.

Ela explicou que reside na cidade de Esperantina e está há 51 dias internada no Hospital Santa Maria, situado na capital piauiense, aguardando a transferência para o HGV, único hospital que faz o procedimento de diálise peritoneal. Laís Morais desabafou que tem medo de morrer devido a demora para ser transferida para a unidade de saúde. Além disso, ela lembrou que está longe de casa e arcando com muitas despesas, em uma luta diária pela sua sobrevivência.


"É questão de vida ou morte. É um procedimento que precisa ser feito com urgência. Estou aqui há mais de um mês e estou esperando essa vaga no HGV e, gente, eu não quero morrer. Já vi muita gente morrendo antes de fazer diálise peritoneal, por conta da burocracia. Eu tenho dois filhos pequenos, sou de Esperantina, estamos aqui gastando o que temos e o que não temos, eu preciso ser transferida com urgência e não me dão informação de nada [sobre a transferência e a posição na fila aguardando a transferência]. Eu quero voltar para casa e quero voltar para os meus filhos", clamou a paciente Laís Morais.

Vida ou morte

A mulher explicou que, após oito anos realizando hemodiálise, contraiu uma grave infecção e o quadro impossibilitou a continuidade do procedimento padrão. Portanto, faz-se necessário a submissão da paciente ao procedimento cirúrgico de diálise peritoneal, que consiste na implantação de um cateter no abdômen para inserção do líquido de diálise, que vai filtrar o sangue e as toxinas do corpo da vítima, garantindo a sobrevivência dela, enquanto permanece na fila de transplante de rins no Sistema Único de Saúde (SUS).

“Para não perder a chance de fazer o transplante, a única saída é fazer a diálise peritoneal. Assim que eu fizer o procedimento na barriga, ainda tem que esperar um tempo para cicatrizar e aí começamos a fazer o procedimento [a diálise peritoneal], que eu posso fazer em casa mesmo, recebendo tudo pelo SUS. Só que esse procedimento [a diálise peritoneal], só é feito no HGV [Hospital Getúlio Vargas]”, contou Laís Mendes.

Foto: ReproduçãoProcedimento de diálise peritoneal
Procedimento de diálise peritoneal

Demora

Como o procedimento necessário à sobrevivência da paciente só é feito no Hospital Getúlio Vargas, a equipe médica responsável pelo tratamento de Laís Mendes já requisitou diversas vezes a transferência da mulher à unidade de saúde. Porém, segundo o relato da mulher, o único retorno que tem do HGV é que não há vagas para recebê-la.

“Tanto a clínica que eu faço hemodiálise como o hospital que eu estou internada já fizeram o pedido de transferência para o HGV, relatando a gravidade da minha situação. Só que o médico diarista liga duas vezes para lá [HGV] todo dia e eles somente alegam que estou na fila de espera para internação e que não conseguem ver no sistema a minha posição na fila [para internação]”, lamentou a paciente.

Foto: Reprodução/ WhatsappLaís Mendes Morais
Laís Mendes Morais

Luta pela vida

Laís Mendes é mãe de João Pedro Mendes, 8 anos, e de Isabelly Mendes, 13 anos. Ela narrou que além da aflição perante a indefinição de quando, finalmente, poderá ser internada no Hospital Getúlio Vargas e ser submetida a diálise peritoneal, convive também com a saudade de casa e dos dois filhos.

“Eu já vi pessoas morrerem devido a demora para realização desse procedimento [diálise peritoneal] e eu não quero morrer, eu quero voltar para casa e sinto saudades deles”, desabafou Laís.

Foto: Reprodução/ WhatsappLaís Mendes Morais e os filhos
Laís Mendes Morais e os filhos

A Associação dos Pacientes Renais do Piauí (APREPI) atua prestando auxílio ao caso da paciente Laís Mendes Morais. “A APREPI está comigo, sem medir esforços, indo em busca de respostas também e não tem conseguido. Então, estou fazendo um apelo como sendo minha última alternativa para conseguir ser internada, fazer a diálise peritoneal e sobreviver”, afirmou Laís Mendes.

A presidente da APREPI, Mariza Costa, afirmou ao GP1 que solicitou celeridade a Secretaria de Estado de Saúde do Piauí (SESAPI), ao HGV e ao SUS, para atendimento da demanda da paciente Laís Mendes, mas até o momento, não lograram êxito. "A APREPI buscou todos os caminhos, falou com todas as pessoas possíveis que poderiam nos ajudar, SESAPI, HGV, regulação (do SUS) e não tivemos êxito nem resposta nenhum. Sei que existem muitas pessoas na fila, mas existem prioridades para casos mais graves, como é o caso dela. O caso da Laís é caso de vida ou morte. A nossa luta está muito grande", expressou Mariza Costa.

"Ainda temos que melhorar muita coisa, porque não é só haver doação de órgão e transplantar o paciente, é toda uma rede que precisa funcionar, em um pré bem feito, em um pós e durante também, assim como não podem faltar medicamentos. Além disso, as UBSs (unidades básicas de saúde) precisam ter um trabalho de prevenção da doença renal, porque as doenças que mais levam a falência do rim são a diabetes e pressão alta, e não podem faltar esses medicamentos que precisam estar disponíveis lá na atenção básica. Então, são várias demandas que os pacientes renais crônicos precisam que sejam atendidas e os avanços, infelizmente, são a passos lentos. Esperamos que em 2024 a situação melhore", finalizou a presidente da APREPI.

Outro lado

A assessoria de comunicação do Hospital Getúlio Vargas (HGV) relatou ao GP1 que a regulação pelo Sistema Único de Saúde (SUS) referente a paciente Laís Mendes Morais não é de competência do HGV e sim da Central de Regulação, o HGV apenas disponibiliza as vagas para a Central, mas não define o paciente que será transferido.

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