A delegada Nathália Figueiredo, titular da Delegacia Especializada de Feminicídio, revelou que vai intimar testemunhas e familiares da adolescente Maria Camila Ferreira da Silva, para prestar depoimentos. A responsável pelo caso conversou com o GP1 nesta sexta-feira (29), e afirmou que a investigação inicial aguarda o laudo cadavérico do Instituto de Medicina Legal de Teresina (IML) para apontar como se deu a morte da garota, e se ela foi assassinada pelo Tribunal do Crime.
De acordo a delegada, o caso é delicado, e por se tratar de uma vítima menor de idade, o Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) ainda deve realizar oitivas para o melhor detalhamento da elucidação do crime.
“Está circulando que os pais tenham recebidos fotos, áudios, vídeos, algumas informações quando ela estava desaparecida. Pela imprensa eu cheguei a tomar conhecimento, bem antes mesmo de achar o corpo da adolescente, que os próprios familiares teriam dito que receberam essas imagens. Isso aí tudo vai ser analisado a partir do momento em que eles forem intimados para serem ouvidos”, explicou a delegada.
Possível tortura antes da morte
No último dia 27 de abril, equipes da Polícia Civil encontraram a adolescente morta em uma área de mata de difícil acesso. O corpo da garota apresentava severas marcas de violência. Conforme a titular da Delegacia Especializada de Feminicídio, foi solicitado o laudo cadavérico realizado pelo IML e após o recebimento dos exames, será possível confirmar se Maria Camila sofreu atos de tortura antes de ter sido morta.
“O que se tem inicialmente é que as investigações foram iniciadas, estamos aguardando o laudo do exame cadavérico, o laudo do exame pericial do que foi encontrado no local onde o corpo foi localizado. As circunstâncias em que possivelmente teria acontecido a morte da adolescente, se existe sinais evidentes, por exemplo, de tortura, a gente ainda não tem nada comprovado, porque estamos aguardando o laudo. Então essa parte pericial, essa parte técnica, ela é fundamental para o desenvolvimento das investigações”, ressaltou.
Sequestro da jovem
Maria Camila Ferreira ficou desaparecida por cerca de quatro dias e foi levantada a possibilidade de que ela tenha sido sequestrada por criminosos antes de ter sido assassinada. Segundo a delegada Nathália, é cedo para garantir se a vítima foi alvo de sequestro.
“Não posso falar, todas as pessoas vão ser intimadas e ouvidas. Então também não posso lhe assegurar que houve ou não [o sequestro]. Eles [perícia] não podem concluir de imediato isso [se a jovem foi desovada ou foi assassinada no local], eles colhem os vestígios, escolhem algumas questões que sejam relevantes para investigação, mas isso não é algo que se diga no momento”, assegurou a responsável do caso.
Execução pelo Tribunal do Crime
Outra hipótese levantada durante o desaparecimento da vítima foi de que ela poderia ter sido executada pelo Tribunal do Crime, como já ocorreu com outras jovens que desapareceram e depois de alguns dias foram encontradas sem vida. A titular da Delegacia de Feminicídio pontuou que somente as investigações mais detalhadas podem apontar a dinâmica do crime.
“Como está no início das investigações é muito temerário chegar e dizer se houve ou não [execução pelo Tribunal do Crime]. Durante as investigações pode ser que se chegue a essa conclusão. É muito cedo para eu chegar e falar, mas como outros casos já aconteceram, então você acaba relacionando de uma forma, mas nada disso foi concluído ainda”, finalizou.
Entenda o caso
Na última quarta-feira (27), equipes da Polícia Civil do Piauí encontraram o corpo da adolescente Maria Camila Ferreira da Silva, de 15 anos, que estava desaparecida desde que saiu de casa na Vila Irmã Dulce, na zona sul de Teresina.
Segundo a mãe da adolescente, Maria Cleone, Camila tinha envolvido com pessoas ligadas ao crime. Ela saiu de casa no dia 23 de abril e desde então não foi mais vista. A jovem estava no Morro do Cego, retornou para casa e logo depois saiu novamente.
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