Ex-alunos do curso de graduação em enfermagem da Escola de Enfermagem Arte do Cuidar procuraram o GP1 na tarde desta quarta-feira (15) para denunciar a instituição, que está sendo acusada de aplicar golpe em mais de 20 alunos ao ofertar o curso sem credenciamento junto ao Ministério da Educação (MEC), o que impediu a emissão dos diplomas aos concludentes.
Os denunciantes pediram para não serem identificados. Um deles explicou que passou somente um ano no curso, pois desconfiou da credibilidade da instituição. “Eu era dessa instituição quatro anos atrás, mas só passei um ano, por já desconfiar. Avisei alguns colegas, alguns não acreditaram, preferiram ficar, agora a bomba estourou depois que eles concluíram o curso”, contou.
O caso foi descoberto quando a escola técnica foi solicitar o registro dos concludentes junto ao Conselho Regional de Enfermagem do Piauí (Coren-PI), informando que a emissão dos diplomas e certificados de conclusão de curso seriam emitidos por uma instituição mantenedora, a Faculdade São Vicente de Pão de Açúcar, situada em Alagoas.
O Coren-PI, em procedimento de praxe, entrou em contato com o Coren de Alagoas e o órgão contactou a faculdade, que, por sua vez, negou qualquer vínculo com a instituição situada em Angical, administrada por uma mulher identificada como Cláudia Lima. Diante disso, o Coren-PI emitiu parecer negando a emissão de registro aos alunos, visto que o curso não era válido.
Assim, os alunos que investiram tempo e dinheiro viram o sonho de se formar em enfermagem ir abaixo. Uma mulher que chegou a concluir o “curso” conversou com nossa reportagem e revelou que a mensalidade custava R$ 425,00. Ela contabiliza um prejuízo de quase R$ 30 mil, contando com mensalidade e outros custos.
“A nossa mensalidade era no valor de R$ 400,00, depois aumentou para R$ 425,00. Se for contar toda a despesa que tivemos, foi quase R$ 30 mil de prejuízo de cada aluno, porque tinha apostila, a gente tinha despesa com alimentação. No meu caso, eu engravidei, tive que levar minha filha para sala de aula, pois não tinha com quem deixar ela”, relatou.
Sonho destruído
A denunciante falou de todos os sacrifícios que teve de fazer para concluir o curso e assim poder melhorar de vida. “Estudamos cinco anos na escola técnica Arte de Cuidar e não podemos trabalhar na área de enfermagem ou fazer um concurso, pois não podemos tirar nossa documentação. Quando a gente atrasava a mensalidade ela ia na sala de aula e cobrava fazendo vergonha, a gente fazia até empréstimo para pagar, eu deixei de fazer minha casa para estudar, e descobri que esse sonho foi destruído”, lamentou a mulher.
Outro lado
O GP1 tentou contato com Cláudia Lima, responsável pela Escola Técnica Arte do Cuidar, mas as ligações não foram atendidas. As mensagens de WhatsApp também não foram respondidas.
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