O advogado Jefferson Moura Costa, preso acusado de estuprar uma mulher em Teresina, ao que tudo indica pode ter feito pelo menos cinco vítimas. Como já havia sido adiantado pelo GP1, nossa equipe foi procurada na tarde desta quinta-feira (15) por uma jovem de 23 anos, identificada pelas iniciais M. C., que afirma ter sido assediada e agarrada a força por ele. Nessa reportagem, M. C. conta detalhes do caso, que segundo ela, aconteceu em novembro do ano passado.
A jovem relata que estava na porta da casa da avó na companhia de uma amiga, quando por volta das 15h foi abordada pelo advogado, que se aproximou em um carro. A residência fica na Avenida Duque de Caxias, no bairro Primavera, em frente ao Parque da Cidade.
“Estava eu e uma amiga na frente da casa da minha avó, ele passou com o carro e parou, foi bastante educado, se apresentou e falou ‘eu sou novo por aqui e tenho um apartamento na zona leste e estou à procura de uma pessoa que limpe o apartamento, porque estou de mudança, e homem não sabe limpar as coisas’ ele até falou desse jeito, aí eu disse ‘não conheço ninguém’, e ele perguntou ‘você não se interessa? para limpar, eu pago seu Uber na volta’, ele foi super educado e eu nem imaginava, a gente vê acontecendo com os outros e não imagina que vai acontecer com você”, narrou.
M. C. informou que aceitou fazer o serviço, contanto que a amiga também fosse, como forma de segurança. “Eu disse ‘eu vou, mas não vou só, vou levar minha colega’, e ele falou ‘tudo bem, pode ser vocês duas’. A gente fechou o valor de R$ 80,00 e entramos carro, ele foi conversando, parecia uma pessoa que não tinha essa índole, foi muito educado”, contou.
“Me agarrou e eu fiquei paralisada”
Quando chegaram no apartamento, Jefferson teria mostrado as dependências e explicado sobre o serviço. Até aí tudo bem. “Como lá tinha dois quartos eu fiquei em um e ela em outro, isso com as portas abertas. Nesse quarto que eu estava ele chegou e quando eu virei de costas ele me agarrou e eu fiquei paralisada e só disse ‘me solta’. Ele me soltou e na mesma hora comecei a me tremer, fiquei nervosa, pensando ‘vou terminar e vou embora, com fé em deus’”, disse a moça.
De acordo com a jovem, o advogado fez a mesma coisa com a amiga. “Ele foi para onde estava a minha amiga e fez a mesma coisa, só que a gente não gritou, sem reação, pois a gente nunca imagina que vai acontecer com a gente. Eu fui para o quarto onde ela estava e falei ‘mulher, ele fez isso comigo, estava me agarrando’, e ela falou ‘pois ele tentou me agarrar e me beijar aqui’. Então eu falei ‘pois a gente tem que sair daqui o mais rápido possível, a gente tem que terminar logo pra ir embora’, assim a gente ficou o tempo todo juntas no mesmo lugar, para não ficarmos sozinhas com ele”, detalhou.
“Não sabia se corria, se chorava, se gritava, ou se ligava para alguém”
A jovem relatou que ela e amiga não sabiam direito o que fazer e continuaram a limpeza, foi quando advogado teria começado a se masturbar na frente delas. “A gente estava na cozinha, era uma cozinha americana, e ele começou a falar do nosso corpo, que a gente tinha um corpo muito bonito e veio pra cima pra tentar agarrar a gente, eu disse ‘não, a gente vai só fazer nosso trabalho e vai já embora, fique aí’, ele deitou no sofá e começou a falar um monte de coisa, deitado e olhando pra gente com o pênis do lado de fora, se masturbando. Quando eu vi aquela cena eu não sabia se corria, se chorava, se gritava ou se ligava para alguém, era aquela situação em que você fica paralisada”, revelou.
Depois disso, as meninas criaram coragem e disseram que iam embora do apartamento. “Eu disse pra minha amiga pra gente ir embora, eu estava com nojo daquele cara, aí ele disse ‘eu vou pagar vocês’, e pagou R$ 40,00 pra cada e disse que ia chamar um Uber, então a gente ficou esperando, distante dele e ele mexendo no telefone e pegando no órgão sexual”, detalhou.
Ela conta que assim que saiu do condomínio percebeu que havia deixado o carregador de seu celular, e ele teria ido atrás, perguntando se ela não queria subir para pegar o objeto. “A gente conseguiu sair, ele não abriu a porta, eu quem abri a porta, e disse pra minha amiga ‘corre, vamos sair o mais rápido possível daqui’. Então a gente correu e quando chegamos lá embaixo eu vi que tinha esquecido o carregador do meu celular, ele disse ‘você não quer ir buscar?’, eu respondi que não precisava, ele insistiu, entrou na frente do carro, era até um senhor de idade quem estava dirigindo, e eu disse ‘moço, pelo amor de deus, trava esse carro, não deixa esse homem entrar’, ele bateu no vidro do carro, pra eu descer”, informou.
De acordo com a jovem, após o ocorrido ela e a amiga ficaram se perguntando se deveriam denunciar o caso, mas ficaram com medo de ninguém acreditar.
“Eu fiquei pensando, ‘meu Deus, não sei se eu denuncio’, porque você vê muitos casos acontecendo e na maioria das vezes ninguém acredita. Quando eu falei pra minha família, ninguém acreditou na gente, eu disse, ‘pai, eu tinha ido fazer uma faxina’, e ele disse ‘faxina uma hora dessas? ninguém faz faxina nessa hora!’, então é como eu falo, para homem nada pega, mas para mulher tudo pega, então eu pensei que se eu falasse ninguém iria acreditar em mim, pensei que ia arrumar uma confusão grande”, desabafou.
Por fim, ela falou que tomou coragem em falar sobre o ocorrido após ver Jefferson Moura aparecer nas reportagens. “Quando eu vi essas matérias eu disse ‘é o mesmo cara’. Estou nervosa, mas o máximo que puder ajudar eu vou ajudar, achei importante falar porque assim encorajo também outras pessoas a falarem, caso ele tenha feito outras vezes, porque tenho certeza que não foi só com a gente e com essa outra mulher”, concluiu.
“Estuprador em série”
Em entrevista ao GP1 nessa quinta-feira, um dia após o caso ter ganhado repercussão na imprensa, a delegada da mulher, Vilma Alves, relatou que recebeu uma denúncia formal de outra vítima do advogado Jefferson Moura Costa e ressaltou que ainda hoje uma terceira vítima faria o registro de um Boletim de Ocorrência, relatando situação semelhante àquela vivida pela diarista na última quarta-feira, 14 de julho.
Para delegada, a Polícia Civil pode estar lidando com um “estuprador em série”. “Eu fui surpreendida com a segunda vítima dele e amanhã [sexta-feira] nós teremos a terceira vítima, ela disse que vai na delegacia, quer dizer, pelo comportamento e o modus operandi, tudo indica que ele é um estuprador em série”, declarou Vilma Alves.
De acordo com a delegada, a mulher que procurou a delegacia ainda nessa quinta-feira (15) relatou que foi vítima do advogado em dezembro do ano passado, quando foi fazer a entrega de produtos em seu apartamento.
“Ela vende produtos pela internet e frequentava a mesma igreja que ele e ele a procurou, conversou com ela pelas redes sociais e fez uma compra no valor de R$ 190,00. Ela foi entregar os produtos e receber o dinheiro, e quando foi pegando a maquininha do cartão foi surpreendida com um abraço dele, sufocando ela, querendo beijar e ela se desviando, ela se desesperou, gritou, se soltou dele e saiu correndo desesperada”, informou.
Entenda o caso
Jefferson Moura Costa foi preso em flagrante na madrugada desta quinta-feira (15), acusado de estuprar uma mulher que realizava uma faxina em seu apartamento localizado no bairro Fátima, zona leste de Teresina.
O advogado foi conduzido por uma equipe da Polícia Militar à Central de Flagrantes no final da tarde de ontem, após a mulher denunciar que ele a havia estuprado dentro do apartamento dele. A vítima fez o exame de corpo de delito, onde foi constatada a conjunção carnal. Assim, Jefferson Moura, que aguardava o resultado do laudo na Central de Flagrantes, foi preso por volta de 1h da madrugada.
Já na tarde desta quinta (15) por volta das 13h15 o juiz Markus Calado Schultz, da Central de Inquéritos de Teresina, decretou a prisão preventiva do advogado.
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