23 de abril de 1616, morriam em locais diferentes Miguel de Cervantes, Inca Garcilaso e William Shakespeare. A data foi instituída na XXVIII Conferência Geral da Organização das Nações Unidas para Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) em 1995 para celebrar o Dia Mundial do Livro.
No país de Carolina Maria de Jesus, Machado de Assis, Lima Barreto e Conceição Evaristo, dos piauienses Costa e Silva e Elio Ferreira, Teresina é, de acordo com a 5ª edição da pesquisa Retratos da Leitura no Brasil, do Instituto Pró-Livro, a 6ª capital brasileira com o maior índice de leitura.
Segundo definição do próprio mapa há duas perspectivas em voga: temos primeiramente os leitores, característica das pessoa que “leu, inteiro ou em partes, pelo menos 1 livro nos últimos 3 meses”. Já os não-leitores foram classificados como as pessoas que “não leram nenhum título nos últimos 3 meses, mesmo que tenha lido nos últimos 12 meses”.
Veja o mapa completo aqui.
O GP1 conversou com Bianca Santos, que administra o Instagram ‘Lendo Negres’, estudante de Engenharia Cartográfica na Universidade Federal do Piauí (UFPI). A discente nos conta que o a paixão por livros e leituras estiveram presentes desde criança, já durante sua alfabetização com sua tia.
“Os livros chegaram através de minha tia e minha primeira educadora, professora Josélia, que me ensinou a ler e escrever. Ela sempre me disse que a leitura era uma riqueza que ninguém poderia roubar e que através dela, eu conhecia vários mundos”, nos relata Bianca. O principal incentivo nesse período se dava por conta das aula de reforço ministradas pela tia que, para impulsionar o hábito de leitura da sobrinha, entregava livros para que fossem debatidos logo depois.
“Libertar mentes e plantar sementes”
Nós acompanhamos durante o último mês toda a movimentação que ocorreu após a abertura do Sistema de Seleção Unificado (Sisu), responsável por distribuir as vagas nas Instituições de Ensino Superior. O projeto surge em contexto próximo: após realizar o Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM) e tentar uma vaga na Universidade pública, a não aprovação, Bianca viveu o que chamou de ‘turbulência pós-Sisu’, para ela, retomar a leitura naquela época foi como um bálsamo.
“Eu lembro quando ganhei de um colega o livro ‘Orgulho e Preconceito’ de fulana de tal, e durante a leitura, percebi que aquilo me confortava e estava me acalentando de uma forma que eu nem lembrava de forma cotidiana que eu estava sofrendo de alguma forma por não ter entrado na universidade”, declarou.
Salva pelos livros, a estudante começou a enxergar a necessidade de uma estante para que seus livros pudessem respirar, estar ainda mais em seu cotidiano. Após a criação do perfil nas rede sociais – que serviu como uma primeira estante virtual.
“Meus livros estavam guardados ali de forma tímida no meu guarda-roupa e minha avó perguntava se eu já tinha lido todos aqueles e eu mesmo me espantava. Fui me adentrando e percebi que já tinha lido uma quantidade que nem eu mesma tinha dimensão do tanto que havia lido”, contou Bianca.
Com objetivo de incentivar a leitura de pessoas negras, para além dos enredos que os colocam num local de sofrimento, o perfil segue divulgando autores e autoras, escrevendo resenhas e colocando em debate as linha em que nossos olhos estão postas.
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