O vice-presidente do Sindicato das Empresas de Transportes Urbanos de Passageiros de Teresina (Setut), Marcelino Lopes, informou na manhã desta sexta-feira (05) que a entidade aceitou a proposta da Prefeitura de Teresina para parcelar o débito de R$ 26 milhões com a entidade em 20 vezes. A dívida é referente até o mês de setembro de 2020, ainda na gestão do prefeito Firmino Filho.
“Estamos aceitando a proposta da Prefeitura de Teresina em duplicar as parcelas dos R$ 26 milhões que tinha sido acordado, em vez de 10 parcelas vamos para 20 parcelas, não vai resolver a questão, mas é um esforço após sinalização positivo do poder público”, afirmou Marcelino.
Segundo Marcelino, a reposta foi dada à prefeitura na quarta-feira (03). “Nós demos retorno a prefeitura na quarta-feira, nos reunimos na terça à tarde e demos retorno através da assessoria jurídica. Estamos aguardando uma sinalização positiva da prefeitura, porque tinham algumas coisas que eram diretamente ligadas ao Sindicato dos Motoristas, como a suspensão da greve”, explicou.
Ainda de acordo com o empresário, o valor negociado com a prefeitura é referente até setembro de 2020, mas já existe uma outra dívida acumulada de outubro a fevereiro deste ano. “Esse repasse que a prefeitura está se propondo a fazer é relativo a um passivo gerado até setembro de 2020, nós já temos um outro passivo acumulado a partir de outubro de 2020. As dívidas que foram acumuladas até setembro de 2020 precisam ser pagas e o que for acumulado ainda vai ficar em aberto, tem repasse de dívida antiga e tem uma nova que foi acumulada pela prefeitura”, ressaltou Marcelino.
Marcelino destacou ainda que não é garantido o pagamento dos salários a partir de abril. “Estamos contando com esse valor, mas vamos complementar para pagar janeiro e fevereiro. As próximas folhas, a partir de 5 de abril, teremos os R$ 970 mil do parcelamento da prefeitura e vamos torcer para que o sistema volte a ter receita que dê para pagar o salário de quem tiver trabalhando, claro que queremos que a prefeitura continue pagando o que é de responsabilidade dela”, enfatizou.
Reivindicação dos trabalhadores
Quanto às reivindicações dos trabalhadores como convenção coletiva, pagamento do plano de saúde e ticket-alimentação, Marcelino disse que o momento não é para esse tipo de discussão. “Desde março de 2020 que não tem o plano de saúde e o ticket, não é nenhuma novidade, desde o início da pandemia que foi cortado por falta de receita. Negociar o quê? Temos que negociar é a manutenção dos postos de trabalhos, nós tínhamos 400 ônibus um ano e meio atrás e hoje rodam 222 ônibus. Essa é nossa visão porque estamos preocupados também em melhorias para o sistema”, argumentou.
“As empresas estão abertas para qualquer tipo de controle de fiscalização da prefeitura para comprovar que não estamos com invenção, não existe receita para pagar sequer salário”, completou Marcelino.
Relatório com sugestões
O Setut apresentou à prefeitura um relatório com sugestões para melhorias do transporte público, como o escalonamento do horário de setores em Teresina. “Apresentamos relatório à prefeitura com uma série de sugestões, como por exemplo, horários diferenciados na abertura dos setores, a educação seria às 7 horas da manhã, saúde e indústria começaria às 8 horas, comércio que já está habituando com os shoppings abrindo às 10 horas, abriria às 9 horas, dessa forma não teria nenhum investimento do poder público, dos concessionários, mas teria um acréscimo de qualidade no serviço, teria como dar uma oferta melhor, o ônibus vai menos cheio, dá um conforto ao usuário, sem dá um centavo a mais. São soluções que não são difíceis”, relatou Marcelino.
Custo do transporte público
“O sistema de transporte tem custo mensal de R$ 5,7 milhões, por exemplo, no mês de janeiro o custo foi de mais ou menos R$ 5,7 milhões, dos quais tiramos 30% do valor só para pagar diesel, 12% para comprar pneus e peças, 40% para pagar pessoal, 16% são relativos a outras despesas como pagamento de empréstimos, financiamentos, uso do sistema de bilhetagem, monitoramento, água, energia, são as despesas administrativas, e 2,2 % de tributos. Se sistema arrecado R$ 3 milhões em catraca então tem um buraco de R$ 2,7 milhões que está em aberto. Se não há a recomposição através da receita chega a um ponto que temos que fazer uma escolha ou compra diesel, ou paga peças, ou paga pessoal, essa é a situação do sistema”, detalhou Myrian Aguiar, assessora técnica da diretoria do Setut.
Uma solução apresentada pelo Setut seria a retirada de impostos por parte do Governo do Estado. “O custo atual do sistema calculado pela planilha do Ministério do Transporte está em R$ 5,03 e nós estamos com R$ 4,00. Apresentamos na Câmara um quadro que se as gratuidades tivessem alguma fonte de custeio que não fosse o usuário que pagasse a mais, e se o governo estadual retirasse do valor do óleo diesel, pneus, peças e acessórios de ônibus as tarifas, se isso existisse no Piauí, a tarifa cairia para R$ 3,20”, revelou Marcelino.
Greve dos motoristas e cobradores
Os motoristas e cobradores de ônibus de teresina está há 26 dias em greve. A categoria reivindica a realização de acordo coletivo ano 2021, a manutenção do salário no valor de R$ 2.028,00, atualmente está sendo pago R$ 1.941,00 e cobram ainda a reposição de benefícios que os trabalhadores alegam terem sido retirados durante a pandemia de covid-19.
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