O corpo de Abrahão da Silva Gama, 92 anos, vítima de covid-19, foi velado por volta de meio-dia desta sexta-feira (19) no cemitério São José, localizado na zona norte de Teresina.
Em entrevista ao GP1, Carleans Alves disse que o sepultamento de seu Abrahão, que o tinha como um filho, ocorreu de maneira breve, sem a presença de muitas pessoas, tendo em vista que os demais familiares que conviviam com ele em casa estavam doentes e não puderam acompanhar a despedida.
Ele explicou que a morte de Seu Abrahão pegou a todos de surpresa e que ainda ontem, em tom de despedida, ouviu conselhos como de quem estivesse preparando a todos para sua partida.
“Ele pediu para eu ir para casa, que iria ficar bem e eu me recusei, mas ele insistiu e disse: cuide dos seus filhos, por que o bem maior que você tem é seu filho e a sua filha. Ele me disse isso ontem e hoje, 5h da manhã, meu telefone tocou com a notícia”, lembrou.
Carleans Alves contou que embora tivesse sido vacinado contra a covid-19 na quinta-feira da semana passada, seu Abrahão acabou sendo diagnosticado com covid-19 dois dias depois, no sábado (13), mas nos últimos quatro dias ele estava se sentindo bem.
“Ele tomou a segunda dose e começou a sentir moleza no corpo, mas logo depois melhorou e estava se sentindo bem. Na verdade, a gente acredita que ele já estava com covid-19 antes de tomar a segunda dose. Dois dias depois ele começou a sentir febre, que cessou, normalizou e ele voltou a se alimentar. Então de terça-feira para cá ele estava normal”, explicou.
Tradicional suco do Abrahão
A história de seu Abraão se confunde com o cotidiano das pessoas que moram na região central da cidade de Teresina, onde ele resolveu fazer de sua casa um dos pontos mais tradicionais da Capital.
Dono de sucos saborosos, ele se firmou no cruzamento das ruas Manoel Domingues e Rui Barbosa, desde 1957, e de lá para cá soube agregar valores com o sorriso fácil no rosto de quem conquistava paladares com a mesma facilidade.
Em um breve relato de sua trajetória cedido ao GP1 antes da pandemia, seu Abrahão recebeu nossa reportagem na sua lanchonete e contou um pouco o segredo de seu sucesso.
“Eu comecei naquela outra esquina em 1957. Em 62 eu construí a parte térrea desse prédio e em 64 eu construí o prédio e vim morar aqui. Aí os negócios melhoraram muito, a receptividade minha e o sabor do suco foram aglomerando cada vez mais a freguesia. Então, eu deixei de fazer picolé e adotei vender só o suco. Então a população que participava era muito generosa e ficava fazendo propaganda de boca em boca. Às vezes, quem não tinha uma alimentação farta, se alimentava em casa e passava aqui para completar com o suco. Foi aumentando a popularidade, o governo passou a me encarar, me ajudar e me deu a medalha do Conselheiro Saraiva, com o título de cidadão piauiense”, disse seu Abraão.
O falecimento de seu Abrahão foi lamentado por várias autoridades do Estado, como o governador Wellington Dias, o prefeito de Teresina, Dr. Pessoa entre outras figuras políticas, além de seu sobrinho, o deputado Zé Santana, a quem o agradeceu por tudo.
Ver todos os comentários | 0 |