O desaparecimento da jovem Renata Pereira da Costa, de 29 anos, continua sendo um mistério que ronda o pacato município de Nazaré do Piauí, há exatamente 59 dias. A angústia da família aumenta a cada dia e o caso já se tornou um "clamor popular" na região Sul do Piauí.
Em entrevista ao GP1, na tarde desta quinta-feira (25), o delegado geral da Polícia Civil do Piauí, Luccy Keiko, contou que mesmo sem a comprovação de nenhum crime, designou a delegada Luana Alves, coordenadora do Núcleo de Feminicídio, para ajudar o delegado regional de Floriano, Bruno Ursulino, a desvendar o que realmente aconteceu com a jovem.
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“Estamos utilizando todas as ferramentas possíveis de inteligência para tentar elucidar esse desaparecimento. Deslocamos uma equipe de Teresina para auxiliar, inclusive, foi a delegada Luana, do Núcleo de Feminicídio. Apesar de não podermos falar hoje que trata-se de um feminicídio, por prudência e para melhorar a qualidade da investigação, já que dois delegados juntos podem chegar a uma conclusão mais rápido, mandamos a equipe de feminicídio para a cidade. Estamos com bastante dedicação para saber o que aconteceu com a Renata”, asseverou o delegado geral.
Auxílio do Núcleo de Feminicídio
O GP1 conversou com a delegada Luana Alves, que informou ter passado quatro dias na cidade realizando algumas diligências, no intuito de colher mais detalhes que possam chegar ao paradeiro de Renata Costa.
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“Fomos designados para fazer algumas diligências, encaminhamos todas as informações que coletamos para o delegado Bruno que é o titular da investigação. Chegamos lá na segunda-feira (22), e encerramos as diligências hoje [nesta quinta-feira, 25]”, disse a delegada.
Coordenação Estadual de Políticas para Mulheres do Piauí
Zenaide Lustosa, coordenadora estadual de Políticas para Mulheres do Estado, contou à nossa reportagem que está acompanhando o caso de perto junto com a vice-governadora do Piauí, Regina Sousa (PT).
“Tivemos recente em uma reunião com a vice-governadora Regina Sousa, delegado geral, secretário de Segurança entre outros órgãos para saber como está o acompanhamento desse caso. No dia 14 estivemos lá em Nazaré do Piauí participando de uma manifestação promovida pela população que cobrava uma resposta para o desaparecimento de Renata. É inadmissível que nossas mulheres desapareçam e nós não consigamos diminuir essa violência. Em um caso como esse a gente se sente atingida, porque sabemos das dificuldades, do preconceito, e principalmente da violência doméstica que as mulheres enfrentam. E o que depender da gente, estamos indo atrás”, contou Zenaide Lustosa.
O dia do desaparecimento
Segundo a família de Renata Costa, no dia do desaparecimento (28 de dezembro de 2020), a jovem deixou seus dois filhos, uma menina de 11 anos e um menino de 4 anos, com a tia, que mora ao lado da casa de Renata, afirmando que faria compras com o ex-marido, o ex-vereador Francisco das Chagas, em Floriano, algo que ela já tinha costume de fazer. Francisco das Chagas é pai do filho mais novo de Renata.
Por volta de 7h da manhã Renata seguiu em sua moto para o centro da cidade, onde Francisco mora. Ela teria deixado o veículo na casa do ex-marido e entrado no carro do ex-vereador. O último contato foi feito por Renata às 9h, para sua filha mais velha, quando ela informou que estava no carro de Francisco a caminho de Floriano. Desde então, a jovem nunca mais foi vista.
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Renata e Francisco tiveram um relacionamento conturbado, marcado por agressões físicas. Eles estavam separados há cerca de dois anos, mas mantinham contato devido ao filho dos dois.
Em entrevista à imprensa nacional, a filha mais velha da vítima contou que chegou a presenciar várias agressões contra a mãe. “Ele batia muito nela. Se ela não fizesse o que ele queria, ele batia. Uma vez ele empurrou ela, tentou bater com um pau, mas eu entrei na frente e não deixei ele bater nela”, contou a menina.
Sem respostas
Uma tia de Renata, Maria da Paz, contou ao GP1 que até o exato momento a Polícia Civil do Piauí não apresentou nenhuma novidade a respeito do sumiço da jovem.
“Até agora não sabemos de nada, nenhuma novidade. Só a angústia e o sofrimento que é muito grande. Nenhuma pista, nenhum telefonema, nada sobre o paradeiro dela chegou pra gente”, narrou a familiar.
A moto da vítima foi encontrada em um matagal
A última informação sobre o caso foi revelada à nossa equipe pela família da moça, cuja motocicleta foi localizada pela polícia no dia 03 de fevereiro de 2021 em um matagal da cidade.
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A família segue no escuro, sem qualquer pista sobre o que pode ter acontecido com Renata.
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