O juiz João Antônio Bittencourt Braga Neto, da 3ª Vara Criminal da Comarca de Teresina, condenou Marcos Paulo Fernandes dos Santos e Talia Ferreira Gomes, a mais de 25 anos de prisão pelo crime de latrocínio (roubo seguido de morte) contra o jovem Augusto Matos Alves, de apenas 17 anos, que morreu com um disparo de arma de fogo ao tentar fugir de um assalto, no dia 30 de março de 2020, na Vila Irmã Dulce, zona sul de Teresina. A decisão foi dada no último dia 7 de janeiro.
Em relação aos réus, o magistrado pontuou que o crime foi realizado por motivo fútil e com emprego de meio cruel. E portando, definiu condenações diferentes para os dois. Marcos Paulo foi condenado a 25 anos de prisão e Talia a 30 anos, ambos em regime fechado.
Segundo a denúncia do Ministério Público do Piauí, no dia do crime, a vítima estava com seu aparelho celular na porta de sua residência, quando foi abordada pelo casal, que estava trafegando em uma motocicleta, Talia esta pilotando o veículo, Marcos Paulo era o ocupante e portava uma arma de fogo.
Ao perceber que a situação se tratava de um assalto, o jovem Augusto Matos tentou correr para dentro de sua residência, onde ainda conseguiu fechar a porta, porém Talia pegou a arma de seu comparsa e efetuou um disparo de arma de fogo, que atravessou a porta e atingiu o lado esquerdo do tórax do rapaz. Mesmo com o garoto morto, Talia empurrou a porta da casa, encontrou a namorada de Augusto e sua irmã, que foi obrigada a entregar o celular da vítima.
“Desesperado, Augusto imediatamente entrou em sua residência e tentou trancar a porta para impedir a entrada dos assaltantes, todavia, a denunciada Talia pegou a arma de fogo do comparsa e efetuou um disparo em direção à vítima, que transfixou a porta e atingiu a região torácica anterior esquerda de Augusto, que entrou em choque e caiu. Ato contínuo, Talia empurrou a porta e, com a arma de fogo em punho e acompanhada de Marcos Paulo, entrou na residência onde se encontravam, além da vítima caída no chão, sua companheira e a irmã desta. Os denunciados então obrigaram a irmã a pegar o aparelho celular que estava embaixo de Augusto”, diz trecho da denúncia.
Avó da vítima presenciou o crime
O juiz destacou pontos sensíveis em relação a família da vítima, que perdeu o jovem Augusto Matos aos 17 anos. Ele e sua namorada elaboravam o plano de morarem em outro estado. Além desse detalhe, a avó do rapaz, de 76 anos, presenciou a cena de seu neto entrando para dentro de sua casa e em seguida, sendo atingido por um tiro.
“Trata-se de um entendimento justo, haja vista que se está falando da morte de uma vítima cujo projeto de vida ainda estava em fase inicial, causando graves prejuízos em série a uma cadeia de pessoas que poderiam ser auxiliadas pela jovem vítima. Deve-se ressaltar que, na fase instrutória, obteve-se a informação de que a vítima já tinha um projeto de ir morar em um outro Estado, formar uma família com a sua companheira. Tudo isso foi abortado em razão do crime sob julgamento. [...] o crime sob julgamento foi praticado na presença física de um dos descendentes da vítima (a avó dele, de 76 anos de idade); assim como da companheira, conforme restou apurado na fase de instrução e julgamento. Trata-se de um aspecto fático que supera a normalidade, na medida em que irá provocar um grave abalo psíquico à vida delas”, destacou.
Relembre o caso
O jovem foi assassinado com um disparo de arma de fogo na noite de 30 de março de 2020, durante um assalto na Vila Irmã Dulce, zona sul de Teresina. O rapaz estava próximo a sua residência e tentou fugir de um assalto por volta das 21h.
Segundo as informações do 17º Batalhão de Polícia Militar do Piauí, o crime ocorreu na Rua Nossa Senhora da Salete. O jovem estava sozinho quando foi abordado por dois indivíduos que anunciaram o assalto em uma motocicleta. As suspeitas são de que o crime foi praticado por um homem e por uma mulher, que se evadiram do local.
A vítima ainda foi encaminhada pelo Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) ao Hospital de Urgência de Teresina (HUT), mas não resistiu aos ferimentos e veio a óbito.
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