As hortas comunitárias de Teresina tornaram-se o principal meio de sobrevivência de quase 10 mil pessoas, de forma direta ou não na cidade. De acordo com os dados da Secretaria do Desenvolvimento Rural (SDR), até o ano de 2018, cerca de 42 áreas estavam sendo utilizadas para a produção de legumes e hortaliças na Capital.
No entanto, a insegurança nas áreas de plantio da região do Grande Dirceu, zona sudeste de Teresina, tornou-se motivo de preocupação para os produtores. Segundo a horticultora Maria da Conceição Araújo, o incentivo do município para com os trabalhadores das hortas foi reduzido, afetando de forma direta na cadeia produtiva.
- Foto: Liane Cardoso/ GP1Produção de hortaliças no Dirceu é afetada pela falta de segurança no local
“Faz um tempo que eles não andam lá. A gente precisa de muita coisa nas hortas. A gente precisa muito de estrume, que era para ter. Os horticultores hoje em dia não têm mais aquelas hortas bonitas porque não há dinheiro e a gente fica à mercê [da prefeitura]. Às vezes eles dão um carrinho de mão. Mas depois que eu entrei lá, não veio benefício nenhum para nós”, disse Maria da Conceição.
Metodologia de produção
De acordo com Raimundo Nonato, um dos coordenadores do projeto, os canteiros apresentam formato retangular medindo cerca de cinco metros de comprimento e um de largura para cada espécie de planta cultivada. A cultura de produção também obedece a um sistema. Segundo ele, o manejo de diferentes hortaliças favorece na manutenção do solo e o melhor aproveitamento das áreas de irrigação.
Renda extra
Casado, natural de Sobral, no Ceará, e aos 47 anos de idade, Adriano Lopes Moraes conta que aos fins de semana o trabalho na horta garante uma renda extra à família. Ao final do dia, o cearense revela que chega a ganhar até R$ 50 dependendo da atividade desenvolvida.
“Estou aqui faz sete meses. Quando eu tenho um dia de folga, trabalho aqui para ajudar no orçamento do mês, já que atuo como servente de pedreiro em uma firma de construção”, informou. Conforme o horticultor, a produção se destina a abastecer os pontos comerciais do bairro e residências vizinhas. “Vendemos mais para a vizinhança porque quem abastece a Ceasa, por exemplo, é a produção de Tianguá. As hortas aqui servem para abastecer a região”, completou.
Adriano ainda reclamou da segurança. “Quando tem coentro e cebola, eles entram aqui e levam um canteiro completo, e ainda escolhem os melhores. Existe um mercado negro, vendem em algum mercantil próximo ou trocam por droga”, finalizou.
O que diz a SDR
Em resposta ao GP1, o chefe da Divisão de Hortas da SDR, Antônio Luiz Melo da Silva, garantiu que semanalmente envia uma equipe de técnicos até o local para avaliar a demanda dos produtores. De acordo com ele, a Secretaria tem por responsabilidade a manutenção do projeto e garantiu a distribuição regular de ferramentas para o trabalho dos horticultores.
Antônio Luiz reconhece a ausência de patrulhamento ostensivo no local como medida protetiva à ação de infratores e direcionou à Polícia Militar a responsabilidade pela fiscalização.
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