O jornalista Roberto Cabrini, que comanda o programa Conexão Repórter, do SBT, foi uma das atrações da noite de ontem, 15, do Salão do Livro do Vale do Guaribas (SaliVag), em Picos. Ele proferiu palestra com o tema “Os Caminhos do Jornalismo investigativo” e, por mais de uma hora e meia falou para uma plateia composta por políticos, estudantes e profissionais liberais.
Dentre as autoridades que prestigiaram a palestra de Roberto Cabrini estavam o prefeito de Picos, Padre José Walmir de Lima (PT); deputado estadual, Severo Eulálio Neto (PMDB); presidente da Câmara, Hugo Victor Saunders Martins (PMDB), vereadores e secretários municipais.
Roberto Cabrini iniciou sua palestra afirmando que, na verdade, por essência, todos os tipos de jornalismo deveriam ser investigativo. Entretanto, segundo ele, existem tantos exemplos de jornalismo oficial, tendencioso, manipulador e raso; que se convencionou chamar de jornalismo investigativo aquele que se aprofunda e tenta mostrar os dois lados de uma questão.
“Essa frase mostrar os dois lados de uma questão é tão bonita quanto mentirosa, porque quando se faz uma história ela não tem apenas dois lados, duas esferas. Ela tem muitas esferas, muitos ângulos e muitos lados e todos eles têm que ser contemplados pelo jornalismo”, ressaltou Roberto Cabrini.
Para Roberto Cabrini, é muito fácil e cômodo para o jornalista dá voz aquelas pessoas que pensam como ele. Por isso, o grande desafio para o jornalista, inclusive o investigativo, é abrir espaço para aqueles com os quais ele não concorda.
“Todos nós crescemos mediante valores, princípios e aspectos culturais que nos são introjetados de uma maneira consciente ou inconsciente. Então, quando a gente vai fazer uma pergunta para um entrevistado, quando a gente vai fazer uma pergunta para um entrevistado, redigir um texto sobre uma determinada personalidade ou, quando a gente vai editar uma reportagem, ou seja, escolher trechos, essas raízes com as quais crescemos vão influenciar na escolha” – afirmou.
Imparcialidade total
Cabrini declarou ainda que a frase dando conta que todos os jornalistas investigativos que honram a profissão estão à procura da imparcialidade, ela é bonita, mas também mentirosa. “Porque não existe jornalismo totalmente imparcial, pois crescemos segundo valores, princípios e conceitos que nos são colocados pelos nossos pais, pela comunidade, líderes religiosos e políticos.” – pontua.
Então, para Cabrini, não existe imparcialidade total! “A nobreza do verdadeiro jornalismo é a procura dessa imparcialidade! Qual o melhor caminho para atingir essa personalidade, essa face imparcial do jornalismo? É exatamente exibir depoimentos com os quais você não concorda e isso é muito difícil” – acrescenta.
Durante a participação de Roberto Cabrini no SaliVag foi exibido um vídeo contando um pouco da sua trajetória, iniciada aos 16 anos como repórter de uma pequena rádio na cidade de Piracicaba, interior de São Paulo, onde ele nasceu. Ele também respondeu a questionamentos da plateia e ao final posou para fotos.
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