Chovia quando nossa equipe chegou na Escola Municipal Elias Ximenes do Prado Júnior, na Rua Jango, residencial Nova Teresina, zona norte de Teresina. Da rua, já era possível ouvir o barulho: gritos e sorrisos de crianças, aproximadamente 800 crianças. Acontecia ali, no domingo chuvoso do dia 18 de dezembro de 2016, mais uma edição do projeto “Faça uma criança sorrir”.
No pátio da escola, meninas e meninos, acompanhados da família, participavam de brincadeiras, se divertiam com palhaços, escutavam contadores de histórias, gastavam energia em um pula-pula, cantavam, dançavam e sorriam. Eram 800 sorrisos sinceros em um dia nublado.
O evento acontece uma vez por ano, no final de semana que antecede o natal, e reúne crianças do Residencial Prado Júnior e outros conjuntos habitacionais da zona norte da capital. Neste dia, crianças recebem presentes, brincam e irradiam alegria por meio de sorrisos e brilhos no olhar.
A ação é uma iniciativa do homem simples Gilvan Santos Pereira, ou simplesmente Irmão Gilvan. O projeto acontece em Teresina desde 2010, mas nasceu ainda na década de 90, quando Irmão Gilvan morava na Bahia. "Começamos engatinhando na década de 90 quando eu morava no sul da Bahia, até que vim morar em Teresina, e raízes boas a gente tem que trazer e dar continuidade", afirma ao GP1.
João Danilo, um menino de sete anos de idade, olhava curioso para nossa equipe. Ao puxarmos assunto ele começou a conversar com facilidade. "É o segundo ano que eu venho, eu gosto tanto, porque ganho presente e me divirto com tudo", diz a criança.
O projeto existe graças a perseverança de seu idealizador em buscar apoio e patrocínio. Pessoas, grupos de jovens, igreja, e vizinhos que se mobilizam para fazer acontecer o evento, financiado por doações de brinquedos e alimentos para o lanche. "Precisamos de mais apoio e patrocínios, precisamos que as pessoas acreditem neste trabalho", destaca Irmão Gilvan.
Dona Maria do Carmo, costureira que mora no residencial Prado Júnior, terminou de ajudar a servir o lanche para quase mil pessoas e veio conversar conosco. Ela acompanha o projeto há alguns anos e ajuda da maneira que pode. "Acho muito importante para nossas crianças. Eu não sei como ele consegue organizar uma festa deste tamanho para essas crianças praticamente sozinho. Nosso bairro é muito carente", declara.
Uma observação precisa ser feita e poderia até passar despercebida. Irmão Gilvan, que movimenta quase mil crianças todos os anos e também é presidente da Associação de Moradores do Residencial Prado Júnior, é cego. E a importância dessa revelação se resume em sua própria fala. "Tento sempre o melhor, para ver essa alegria tão gratificante dessas crianças, mas também para mostrar que uma pessoa com deficiência pode sim fazer alguma coisa. Eu sou útil", finaliza. Todos saíram felizes naquele dia.
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