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Viúva de Marielle quer esclarecimento sobre mandante do assassinato

Marcelo Freixo, Chico Alencar e Tarcísio Motta também pedem investigação sobre quem mandou matar a vereadora.

Após a prisão de dois suspeitos do assassinato da vereadora Marielle Franco, um policial militar reformado e um ex-policial militar, parlamentares do PSOL e a viúva de Marielle, a ativista Monica Benício, pediram que as investigações continuem para descobrir o mandante do crime.

A viúva da vereadora Marielle Franco, a ativista disse que "espera não ter que aguardar mais um ano para saber quem foi o mandante do crime". Ela falou que as prisões dos dois policiais nesta terça-feira, 12, acusados de serem os executores do crime, são "um passo importante na investigação, uma etapa fundamental".


  • Foto: Gilson Borba/Futura Press/Estadão ConteúdoMônica Benício, esposa de Marielle Franco, durante desfileMônica Benício, esposa de Marielle Franco, durante desfile

"Espero poder ter em breve acesso aos detalhes para que sinta segurança nesse resultado", disse. "Mais importante que a prisão de ratos mercenários é responder a questão mais urgente e necessária de todas quem mandou matar Marielle. Espero não ter que aguardar mais um ano para saber quem foi o mandante disso tudo. Essa resposta e a condenação final de todos os envolvidos Estado deve a todas e todos que sofrem com a perda de Marielle e a própria democracia."

A assessora de Marielle, Fernanda Chaves, que estava no carro junto com a vereadora no dia em que ela foi morta, afirmou que a prisão do PM reformado Ronie Lessa e do ex-PM Elcio Queiroz, acusados do crime, é um “passo importante para a investigação”, mas lembrou que o mais importante é chegar nos mandantes da execução.

"Não é fácil acordar e me deparar com as figuras acusadas de metralhar o carro em que eu estava, responsáveis por acabar com as vidas de Marielle e Anderson", afirmou, emocionada. "Mas as notícias dão conta da apreensão de material e equipamento, o que pode ser essencial para chegar nos mandantes. Essa é a mais importante das respostas, quem mandou matar Marielle. A gente segue aguardando. O mundo inteiro quer saber quem mandou e quais foram as motivações."

A Anistia Internacional divulgou uma nota sobre as prisões dos policiais envolvidos no assassinato da vereadora Marielle Franco, em 14 de março do ano passado. "Essas pessoas devem ser levadas à justiça para que, em um julgamento que respeite o devido processo, a eventual responsabilidade criminal seja determinada", diz a nota.

"Agora, mais do que nunca, a Anistia Internacional reitera a necessidade de, como já foi feito em outros países, um grupo externo e independente de especialistas para acompanhar as investigações e o processo. A organização reitera que ainda há muitas perguntas não respondidas e que as investigações devem continuar até que os autores e os mandantes do assassinato sejam levados à justiça."

Em entrevista à Rádio Eldorado, o ex-deputado federal Chico Alencar, membro da executiva nacional do PSOL, disse nesta terça-feira que o assassinato da vereadora Marielle Franco foi sem dúvida um crime político e dirigido. " (O assassinato)... tinha uma clara destinação contra alguém dedicada e de contestação ao racismo, às milícias, aos grupos paramilitares, ao controle territorial ilegítimo, a LGTfobia.

"Nós estamos a dois dias de completar um ano dessa execução, da vereadora Marielle e de Anderson Gomes. Essa notícia (da prisão de dois suspeitos), embora num contexto de uma tremenda tragédia, ela é positiva. Vamos ver se chegamos aos mandantes desse abominável crime. Agora, o que tudo indica, foram eles mesmos que cometeram o crime, foram os executores. Não há executor sem mandante, sem uma cadeia de organização criminosa, explicou Alencar.

O deputado federal Marcelo Freixo (PSOL) disse em sua conta no Twitter que as prisões dos executores de Marielle e Anderson são importantes e tardias.

"É inaceitável que se demore um ano para termos alguma resposta. É um passo decisivo para as investigações, mas o caso não está resolvido. É fundamental saber quem mandou matar e qual a motivação", disse Freixo.

O vereador Tarcísio Motta (PSOL), colega de bancada de Marielle Franco, disse há pouco que as prisões realizadas na manhã desta terça são um passo importante na resolução do crime, mas que ainda falta esclarecer quem foi o mandante.

"Me parece óbvio que um crime dessa envergadura não foi cometido por razões pessoais desses PMs", afirmou o vereador. "É fundamental chegarmos aos mandantes desse crime político."

Deputada federal pelo Rio de Janeiro, Talíria Petrone (PSOL) também usou o Twitter para pedir esclarecimentos sobre quem mandou matar a vereadora.

Quem são os suspeitos

Ronie Lessa, policial militar reformado, e Elcio Vieira de Queiroz, expulso da Polícia Militar, foram denunciados por homicídio qualificado e por tentativa de homicídio de Fernanda Chaves, uma das assessoras de Marielle que também estava no carro.

Lessa mora no mesmo condomínio onde o presidente Jair Bolsonaro tem uma casa, na Barra da Tijuca, no Rio. Nas redes sociais, Queiroz é simpatizante do presidente Bolsonaro. Ele curte as páginas oficiais do PSL Carioca, de Flavio Bolsonaro e de Eduardo Bolsonaro.

Alerj homenageou PM

O policial militar reformado já foi homenageado na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj). Ele recebeu uma moção de congratulações, aplausos e de louvor em 1998 "pela maneira como vem pautando sua vida profissional como policial-militar do 9º BPM".

"Sem nenhum constrangimento posso afirmar que o referido militar é digno desta homenagem por honrar, permanentemente, com suas posturas, atitudes e desempenho profissional, a sua condição humana e de militar discreto mas eficaz. Constituindo-se, deste modo, em brilhante exemplo àqueles com quem convive e com àqueles que passam a conhecê-lo", justificou à época o autor da homenagem, deputado estadual Pedro Fernandes, que já morreu.

Ele era avô do atual secretário de educação do governador Wilson Witzel (PSC), Pedro Fernandes Neto, ex-deputado estadual.

Em outubro do ano passado, pouco antes das eleições, Witzel participou de um evento em Petrópolis, na região serrana, em que os então candidatos do PSL a deputado federal Daniel Silveira e a deputado estadual Rodrigo Amorim (ambos eleitos) destruíram uma placa de rua feita em homenagem à vereadora assassinada.

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