O Sindicato dos Peritos Oficiais do Estado do Piauí (Sindiperitos) emitiu uma nota pública tratando da atual situação da categoria. O GP1 conversou, na manhã desta terça-feira (24), com o presidente do sindicato, Jorge Andrade, que falou sobre as dificuldades encontradas pelos profissionais para exercerem seu trabalho.
A principal reclamação é em relação ao efetivo de funcionários. De acordo com Jorge Andrade, a Organização das Nações Unidas (ONU) recomenda que, para cada 5 mil habitantes haja um perito criminal, contudo, no Piauí existem apenas 65 profissionais ativos, o que significa um para cada 50 mil habitantes, dez vezes menos que o recomendado.
O presidente do sindicato ressaltou que a má distribuição de núcleos de perícia no Estado faz com que o atendimento fique comprometido, pelo tempo de espera e pela baixa qualidade no transporte. “No último fim de semana tivemos de atender um caso em Cabeceiras, e no caminho o carro quebrou”, afirmou. Jorge Andrade também destacou que o caso da primeira-dama de Barreiras do Piauí, Crisleyde Sousa demorou mais de 15h para ser atendido pela Polícia Científica.
Leia a nota na íntegra:
O Sindicato dos Peritos Oficiais do Estado do Piauí (SINDIPERITOS-PI) vem manifestar indignação em razão da omissão e descaso do Governo do Estado e da Secretaria de Segurança Pública em face ao sucateamento e a falta de estrutura da Perícia Criminal do Piauí.
A Organização das Nações Unidas recomenda que haja pelo menos um Perito Criminal para cada 5 mil habitantes. No entanto, no Piauí há apenas 65 peritos criminais na ativa. Ou seja, em média 1 perito para cada 50 mil habitantes. Isso significa dez vezes menos do que o recomendado. O Piauí precisaria de pelo menos 540 novos peritos criminais para atender a população da forma devida. A insuficiência é pública e notória em todo Estado. Em um caso bem recente, da morte da primeira-dama de Barreiras do Piauí, essa carência de profissionais e a falta de estrutura da perícia ficaram mais evidentes. Como não há nenhum núcleo da perícia no extremo sul do estado, os peritos precisaram se deslocar de Teresina até o município citado, tendo em vista que o único núcleo ao sul fica na cidade de Picos e não tinha a menor condição de atender a ocorrência, já que possui apenas um perito a cada plantão, ficando responsável por atender todas as cidades circunvizinhas e ainda sem viatura, equipamentos adequados e motorista para se deslocar à noite e em grandes distâncias. O resultado é que o corpo da primeira-dama aguardou mais de 15 horas para ser periciado. Um sofrimento absurdo e desnecessário a familiares e amigos.
Diariamente acompanhamos casos que deixam de ter a investigação necessária por falta de perícia. Os prejuízos à população são infindáveis. Além da carência de peritos, faltam laboratórios de DNA e Toxicológico, equipamentos, e até mesmo veículos para deslocar as equipes.
Eis que, para que a sociedade não deixe de ser atendida, muitas vezes os peritos criminais arriscam as próprias vidas. Cita-se esse mesmo caso da primeira-dama, em que a equipe que se deslocou de Teresina correu grande risco ao ter que percorrer grandes distâncias ( 760km) em estradas, à noite, em viaturas com péssimo estado de conservação. Pra exemplificar, a viatura do IML que fazia o transporte da equipe que iria remover o corpo da primeira-dama quebrou ainda na saída de capital em razão do péssimo estado em que se encontram quase todas as viaturas dos institutos de Criminalística e IML, atrasando ainda mais os trabalhos periciais.
O Piauí é o Estado que menos investe em segurança pública, segundo o 10º Anuário de Segurança Pública, publicado recentemente pelo Fórum de Segurança Pública.
Finalmente, a escassez de contingente e de condições estruturais mínimas está comprometendo o principal papel da Polícia Científica: de produzir provas e fazer justiça por meio da condenação dos culpados.
Infelizmente, por falta de estrutura adequada, a perícia criminal do Piauí está se tornando uma ferramenta de discriminação e injustiça, já que se a vítima na cidade de Barreiras fosse um cidadão comum, sequer teria havido perícia no local para elucidar o que de fato aconteceu.
A diretoria
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