Em alusão ao Dia Internacional da Mulher, a primeira senadora do Piauí, Regina Sousa (PT), contou ao GP1 nesta quinta-feira (08) sobre as dificuldades em ser mulher na esfera política, que mesmo com o aumento da participação feminina, ainda é um espaço ocupado por uma maioria masculina. A senadora citou ainda que a tentativa de substituí-la na chapa majoritária do governador Wellington Dias é uma maneira de “machismo velado”.
Na última terça-feira (6), o deputado federal Marcelo Castro chegou a dizer que as duas únicas vagas que não poderiam ser substituídas era a de Wellington (PT) e do senador Ciro Nogueira (Progressistas). Sendo assim, os dois nomes que seriam passíveis de mudanças seriam os nomes de Margarete e de Regina.
“É claro que é um machismo velado. Pode até ser inconsciente, mas que é, é. É um espaço dos homens e se sobrar, as mulheres ocupam”, disse Regina. “As mulheres têm que dar um basta nisso”, afirmou a senadora.
- Foto: Lucas Dias/GP1Regina Sousa
Dificuldades
A senadora destacou que a pouca quantidade de mulheres na política “é uma questão cultural”. “Os espaços públicos foram feitos para os homens e o espaço privado para as mulheres. Então a mulher veio votar a 86 anos, é muito recente. É um espaço delimitado, muito masculino”, afirmou.
Na Câmara dos Deputados, de 513 parlamentares, apenas 55 são mulheres. No Senado, das 81 vagas, apenas 15 são ocupadas por mulheres. Segundo a senadora, até pouco tempo atrás o Senado não possuía banheiros femininos, nem mesmo local para que as mulheres que trabalham na Casa pudessem amamentar seus filhos.
“O Senado não previa que mulheres ocupassem cargos no Senado. Não tinha banheiros para mulheres, veio ter agora nessa legislatura. Teve uma reclamação da Procuradoria e fizeram um banheiro para as mulheres. As mulheres tinham que ir lá para a cantina. É preciso que mulheres lutem por essas coisas que parecem pequenas”, afirmou Regina.
Seguindo o raciocínio, a senadora disse que a mulher “foi educada para não se meter” em assuntos que envolvam política e que é preciso fazer uma “educação política das mulheres, para que elas comecem a se interessar, conquistarem, participarem de coletivos para que apareçam como lideranças e se sobressaiam”, disse a petista.
“As mulheres começaram a ver que se não ocuparem esses espaços, elas vão deixar os homens resolver suas coisas e normalmente os homens não votam a favor das mulheres”, continuou Regina.
Machismo na Presidência
Regina relembrou o caso da ex-presidente Dilma, que sofreu um impeachment e era duramente criticada durante seu mandato. Para a senadora, esse é um exemplo claro de machismo na esfera pública.
“Tudo que a Dilma dizia, ridicularizavam. Teve um controle misógino ali, de mostrar que a mulher não é capaz, que a mulher não sabe”, concluiu a senadora.
Ver todos os comentários | 0 |